Audrey Hepburn tinha apenas 24 anos e um Oscar de Melhor Atriz quando foi escalada para estrelar Sabrina, em 1954. Em um artigo escrito nos bastidores das filmagens, a revista Life a apresenta para o público americano, a chamando de “encantadora” e “uma fada glamurosa que começa suas tarefas”. A abertura do artigo permanece apurada sete décadas depois.

“Audrey Hepburn tem apenas um filme americano, A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday) no qual ela co-estrela com Gregory Peck. Mas já nos círculos internos de Hollywood ela causou mais falatórios do que qualquer outra atriz recente, incluindo Marilyn Monroe“, diz o artigo. “A conversa sobre Audrey tem a ver com seus talentos de atuação, charme, equilíbrio, dignidade e beleza. Ninguém a resume bem porque Audrey desafia a definição. Ela é uma criança abandonada e uma mulher do mundo. Ela é amigável e estranhamente indiferente. As fotos mostram como ela começa seu dia de trabalho, não porque haja algo notável sobre isso, mas porque o que quer que Audrey faça, ela parece realmente notável fazendo isso”, segue.
Hollywood sabe reconhecer uma estrela quando ela brilha e a jovem atriz meio holandesa meio britânica (por parte de pai) veio para os Estados Unidos já com a aprovação de Colette e uma passagem de sucesso nos palcos de Londres. Ganhou o Oscar em 1953, gerando grande curiosidade sobre ela e a Paramount foi rápida: depois de ser princesa, nada melhor do que transformá-la em Cinderella. Sim, assim nasceu Sabrina, um clássico romântico que completa 70 anos em 2024.
Dirigidos por Billy Wilder, o elenco reunia três vencedores do Oscar: Humphrey Bogart, Audrey e William Holden e fez – sem surpresa – enorme sucesso quando chegou aos cinemas. A história é uma adaptação de uma peça da Broadway, Sabrina Fair (com o subtítulo “Uma Mulher do Mundo”) e ara uma comédia romântica escrita por Samuel A. Taylor, que também assina o roteiro do filme. Mas nada mais é do que a velha história de “viveram felizes para sempre”.
No original, Sabrina Fairchild (Hepburn) é a filha do motorista dos Larrabee, apaixonada pelo filho mais novo de seus patrões, David (Holden). Um mulherengo irresponsável, ele nem repara nela assim como seu irmão mais velho, Linus (Bogart), um executivo agressivo que só pensa em enriquecer mais.

Para ter uma profissão de cozinheira (chef naquela época era apenas para homens), Sabrina é enviada para Paris para estudar na Cordon Bleu, mas, quando volta, é uma linda mulher sofisticada. A essa altura, David está noivo de uma herdeira cujos negócios interessam a Linus, mas ele se apaixona por Sabrina quando a vê. Pensando no trabalho antes, Linus então decide seduzir a jovem para tirá-la do caminho de David, mas, claro, se apaixona genuinamente por ela. E ela por ele.
Os fãs de Audrey lembram de Sabrina por várias razões que não são a história. A atriz buscou apoio de Cristobal Balenciaga para que ELE – e não Edith Head – criasse os figurinos de Sabrina transformada depois da temporada parisiense. Ele declinou, a apresentando a Hubert de Givenchy, nascendo aí uma parceria lendária. Os figurinos de Sabrina são sim de tirar o fôlego. Só que Edith Head não abriu mão dos créditos e ganhou o Oscar de Melhor Figurino, o que Audrey considerou injusto. Esse impasse ficou um dos dramas mais famosos do mundo da Moda com Hollywood.
Outros detalhes que ficaram para a História foi o romance entre Audrey e William Holden, que provocou uma grande decepção amorosa para a atriz quando ele se recusou a se casar com ela. Para piorar, o clima com Bogart não foi mais fácil. Ele entrou para a produção substituindo Cary Grant, que recusou fazer mais um filme romântico, mas isso foi justamente porque Bogie queria fazr algo bem diferente do que os detetives durões e aventureiros pelo qual era famoso. Só que para Sabrina, ele queria que sua esposa Lauren Bacall fosse a escolhida e por isso foi frio e até grosseiro com Audrey fora de cena.

Irritado com a inexperiência de Audrey, que na época ainda demandava muitos retakes, ele reclamou com Wilder e ficou lembrado por ser um chato. Como Audrey já era uma estrela em ascensão, quando perguntado sobre como era trabalhar com ela respondeu: “Tudo bem, se você não se importar em fazer uma dúzia de takes.” Ui!
Deve ter doído ainda mais que Audrey voltou a ser indicada ao Oscar por Sabrina, mas perdeu para Grace Kelly.
Há vários looks imortais de Audrey Hepburn, mas é impossível esquecer o vestido perfeito da festa nos Larrabees. Edith Head morreu afirmando que era uma criação sua, ‘inspirada’ em Givenchy. Será mesmo?
Em 1995, Sidney Pollack tentou “reinventar” Audrey Hepburn escalando Julia Ormond para a refilmagem de Sabrina (atualizando alguns fatos como o de colocá-la em Paris para estudar fotografia e não culinária), mas, claro, não funcionou.
Será que Lilly Collins conseguiria repetir a mágica?
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