TikTok, Kardashian ou Ryan Murphy? A segunda chance dos Irmãos Menendez

Há 30 anos, ninguém queria ter nada a ver com os irmãos Erick e Kyle Menendez, os assassinos cruéis de seus pais que foram condenados à prisão perpétua (duas cada, pelas vidas que tiraram) sem direito a condicional. Hoje, 4 de outubro de 2024, o caso deles foi oficialmente reaberto pela Justiça americana para revisar a sentença. Uma história quase tão fascinante como a do crime que cometeram.

Na inversão de valores que apenas a passagem do tempo propicia, vemos uma ‘briga’ de novos padrinhos dos irmãos, todos querendo estar à frente para o que está virando símbolo de injustiça. Os irmãos chocaram o mundo no início dos anos 1990s ao revelar que sofriam abusos sexuais por conta de seu pai, José Menendez, que sua mãe Kitty era conivente e o resultado de anos seguidos de tormento foi o assassinato brutal dos dois.

Há três décadas, pelo incômodo e detalhes do abuso sexual masculino, o sentimento geral era de que os dois mentiram para poder escapar da Pena de Morte e que o motivo do crime era puramente material. Eles alegam que acreditavam que o pai iria matá-los e portanto se defenderam. O que ficou contra eles era o fato de que José estava ameaçando excluí-los da herança de 14 milhões de dólares, que ficou para eles e que gastaram quase um milhão em apenas trinta dias após o assassinato.

Enfim, tudo isso é mais do que conhecido, o que mudou foi que nos últimos três ou quatro anos a geração TikTok descobriu o caso, se apaixonou pelos dois e lançou uma campanha que viralizou pedindo a liberdade dos irmãos Menendez, algo que ganhou uma relevância tão significativa que atraiu a atenção do showrunner Ryan Murphy e de Kim Kardashian, ambos indiretamente envolvidos com a questão.

A série da Netflix, Monsters: The Erick e Lyle Menendez Story chegou à plataforma há poucas semanas sob uma esperada e complexa crítica porque não é abertamente simpática aos irmãos. Pelo menos na visão simplista dos jovens movidos por algoritmos. Murphy faz questão de colocar TODAS as versões da história, incluindo a que é simpática às vítimas que nunca puderam se manifestar. Particularmente, achei a série um tanto mais negativa à eles do que pró, mas cada um sentiu de forma diferente. Sugiro assistir o Podcast Estúdio Pow! dessa semana que vai tratar do tema.

Irritado com as críticas, Ryan Murphy se defende em ter colocado toda polêmica novamente em evidência e argumentando que o alcance da Netflix, que é uma plataforma bilionária, deu o espaço de Defesa que os dois não tiveram nos dois julgamentos. E mais, que não apoia a sentença perpétua.

Quem tem essa plataforma em sua atividade filantrópica é Kim Kardashian, que defende a recuperação de condenados e revisão de penas. Ela esteve na semana passada visitando os irmãos, que já cumpriram cerca de 34 anos de prisão, a maior parte desse tempo separados um do outro. Até serem descobertos pelo TikTok, tinham esgotado a maioria dos processos de apelação. Agora têm a perspectiva bem provável de serem libertados até o final do ano, uma vez que se a pena não for perpétua, já terão cumprido boa parte da sentença e ambos têm comportamento exemplar atrás das grades.

Afinal, quem realmente está conseguindo ajudar aos irmãos Menendez? Desculpem TikTok, mas o promotor declarou que foi a Netflix mesmo. Segundo ele, “o docudrama do Sr. Murphy gerou burburinho e resultou em muitas ligações para seu escritório“.

A família Menendez, que sempre testemunhou a favor dos irmãos, vem pedindo a revisão do caso há anos, especialmente com o conhecimento e reconhecimento dos abusos sexuais como fator de interferência na saúde mental das pessoas. Apenas do lado dos parente de Kitty há divisão.

A irmã de Kitty acredita que “o tempo deu perspectiva” e que “o encarceramento contínuo não serve a nenhum propósito de reabilitação”. E que “está na hora”. O único vocal e contra os dois tem sido sempre Milton Andersen, um dos irmãos dela que se recusa a perdoá-los. “Eles não merecem andar na face desta terra depois de matar minha irmã e meu cunhado”, disse ele em um documentário.

A decisão final será no dia 29 de novembro, quando os dois terão a audiência de revisão. Como diz Ryan Murphy, a probabilidade de que passem o Natal em liberdade é mais do que real, é quase garantida.


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