Sam Mendes é um diretor premiado e com uma longa filmografia, que inclui o melhor longa da franquia de James Bond, Skyfall, entre outros sucessos. Famoso como prodígio no teatro, nunca me pareceu que Mendes seria um dos nomes que veria na onda de super heróis da última década algo de valor artístico. Estar assinando como produtor de A Franquia, a série que estreou na MAX em outubro de 2024, só confirma a suspeita.
A série, criada por Jon Brown não é sutil em nenhuma de suas críticas, é algo que Hollywood ama: um conteúdo sobre Hollywood. Como diz o título, acompanhamos os histéricos bastidores de um filme de super herói, com todas as pressões, discussões, ciúmes, inseguranças e ameaças que rolam na realização de uma grande produção.

É difícil acompanhar porque o ritmo é frenético e as piadas são internas, mas, ainda assim, é eletrizante de acompanhar as gravações de Tecto: Eye of the Storm. Os cortes de orçamento, as batalhas de ego e o clima tóxico que está sempre em quase todas as gravações de audiovisual são desfiladas sem pausa e é hilário, nervoso e eletrizante de acompanhar.
Com um elenco sensacional e entrosado, A Franquia não é sobre os problemas em si, mas como é complexo lidar com tudo isso para criar algo de qualidade e como o cinismo é necessário para manter tanto a vulnerável saúde mental como conseguir completar o trabalho. São apenas oito episódios, a nova realidade de séries (que um dia teve 26, depois 13, 10 e agora fica entre 8 ou 6 episódios como média).
Quem lidera o circo não é o diretor ou o produtor, mas o Daniel (Himesh Patel), o primeiro assistente de direção e que é quem efetivamente faz tudo funcionar. Todo set está sob seu comando, enquanto o diretor do filme, Eric (Daniel Brühl), briga pela “Arte” e sua “Visão”, geralmente envolvendo demandas complexas e caras.

Assistir A Franquia é ver o talento de Daniel para apagar incêndios, amansar egos, gravar e manter não apenas seu emprego, mas o de todos da equipe. Tudo muito exageradamente clichê, mas nem por isso distante da realidade. Uma sátira divertida e inteligente, mas que talvez acabe um tanto incômoda com o que critica.
Dito tudo isso, para quem trabalha no mercado de audiovisual é viciante e cartártico rir do quanto os bastidores podem ser literalmente ridículos, mas, ainda assim, movimentar bilhões de dólares. A crise de negócios é o que provoca o drama e é algo muito real, nada engraçado para dizer a verdade. Mas visto aqui, é. Eu diria que é obrigatório acompanhar A Franquia. E divertido também!
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