Romance e Solidão na fórmula dos tempos atuais

Quando se trata de comédias românticas, as opções de originalidade são limitadas. Para que um romance inesperado aconteça, precisamos de duas pessoas passando por problemas e finalmente se apaixonando. Amores Solitários (Lonely Planet) não tem pretensão de provocar epifanias ou ser inesquecível, e embarca no que conhecemos para recontar a mesma história de sempre. E não erra.

O grande sucesso romântico do segundo semestre também está na Netflix e é a série Ninguém Quer Isso, que inclusive ganhou uma segunda temporada. Talvez por ser uma história real, a série emplacou com apaixonados de várias gerações. No caso de Amores Solitários (Lonely Planet), a história é uma espécie de Comer, Rezar, Amar combinado com a onda de mulheres mais velhas em romances com homens mais novos (como vimos em A Idéia de Você e Tudo em Família). Mas sabe o que? Funciona.

Claramente Laura Dern é uma atriz tão excepcional que faz mágica com um fiapo de história. Aqui temos a escritora Katherine Loewe em processo de separação e travada em um livro que precisa acabar que, indo para um retiro de escritores no Marrocos, embarca em uma jornada de autocompreensão. Quem completa o quebra-cabeça? Owen , o divino namorado de outra escritora, interpretado por Liam Hemsworth, ele mesmo passando por momentos de decisão, tanto no campo profissional como emocional. São duas pessoas, solitárias e sozinhas, mas sem forças para recomeçar.

Owen não tem nada a ver com aquele universo, sendo um homem de finanças, mas é o companheiro que todas as mulheres (menos a namorada dele, parece), queriam. Obviamente, ele e Katherine esbarram no hotel da forma mais inesperada e, aos poucos, se conectam.

O filme tem sido detonado pela crítica em geral, mas ouso – como mulher madura – argumentar contra os que reclamam. Amores Solitários (Lonely Planet) é diferente e interessante. Primeiro a heroína não é nem uma mulher amarga ou neurótica, mas uma pessoa que está passando por um momento tumultuado. Segundo, a atração dos dois é imediata mas ela além de compreensível, é suave e no ritmo plausível. Em um mundo solitário que é o título original, duas almas que querem a mesma coisa se encontram e se unem.

Claro que o exotismo de Marrocos é usado para parte da decisão mútua de se conhecerem melhor e explorarem a aventura de se apaixonar. Claro que um detalhe, bem, um fato chato (a bolsa de Katherine é roubada quando estava distraída com Owen e todo o material que tinha escrito foi-se com ele), separa os dois. Aliás, quem leva seu documento mais importante e sem back up para um passeio à beira-mar? Essas decisões forçadas do roteiro para causar drama e a expectativa se eles ficarão juntos pesa sobre as pessoas que reclamam do resultado. Mas é totalmente aceitável, há coisas menos justificadas até em Ninguém Quer Isso e ninguém critica.

O filme é escrito e dirigido por Susannah Grant, que foi showrunner de Party of Five e assinou roteiros de filmes como 28 Days e Erin Brockovich. Amores Solitários (Lonely Planet) não está no mesmo patamar, ninguém nega, mas é um romance maduro e calmo, mesmo que a faísca seja provocado, como argumentam, pelo inesperado. Dentro de tanta obviedade em todos as plataformas, essa é de longe, a mais agradável.


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