Vários momentos foram brilhantes e emocionantes em WandaVision, sendo talvez o mais complexo o momento em que Wanda (Elizabeth Olsen) se despede de seus filhos, Tommy e Billy. E, no final, quem estava controlando todo ambiente desde sempre era Agatha Harkness (Kathryn Hahn), a vizinha amiga. Nem tão legal, no final das contas.

Dar à antagonista coadjuvante uma série de seis episódio chegou a ser questionado por fãs da Marvel, mas, ao lado de Loki e WandaVision, se revelou um dos melhores conteúdos da franquia e certamente de 2024. Nos dois episódios finais temos (?) a rendenção de Agatha, uma vampira que suga a energia de outras bruxas há séculos e descobrimos não apenas seu passado, como a origem da Balada da Estrada das Bruxas. Sim, nos emocionamos com tudo.

Agatha Harkness é uma personagem das histórias em quadrinhos da Marvel, uma poderosa bruxa e mentora, ligada a vários personagens do universo Marvel, especialmente à Feiticeira Escarlate (Wanda Maximoff). Seu passado como parte das histórias de bruxaria e feitiçaria na Marvel é fundamental para entender suas motivações e habilidades

Ao longo dos anos, Harkness foi retratada de várias maneiras, desde uma aliada e mentora até uma antagonista. Na série WandaVision, ela é apresentada como uma figura enigmática, disfarçada de vizinha comum, revelando posteriormente seu verdadeiro poder e intenções. Essa dualidade contribui para a complexidade da personagem. Tanto que ao tentar roubar os poderes de Wanda, Agatha acaba presa por ela naquela falsa realidade de Westville, uma tortura ainda maior para ela, uma vez que é uma poderosa bruxa com habilidades mágicas significativas, incluindo telepatia, transmutação e manipulação de energia mágica.

A representação de Agatha Harkness em WandaVision trouxe uma nova dimensão à sua história, explorando temas de trauma, poder e o impacto da dor emocional. A recepção positiva da série ajudou a solidificar sua popularidade entre os fãs, apresentando-a não apenas como uma vilã, mas como uma figura com profundidade emocional. Algo que a conclusão da série brilhantemente reforçou.

Após o emocionante e fatal julgamento de Lilia (Patti Lupone) na Estrada das Bruxas, chegamos literalmente ao fim da viagem. Ninguém está feliz. Rio (Audrey Plaza), como a Morte, percebe que todo teatro faz parte do plano de Agatha de poupar a vida de Billy. Ele pode não ser Nick, o filho morto da bruxa, mas desperta o instinto maternal nela.

Rio não pode deixar Billy encontrar Tommy, mas tampouco pode coletar seu corpo porque ele o “roubou” e ganhou uma segunda vida, enganando a Morte. Por isso ela negocia com a ex-amante: se Agatha conseguir que Billy se entregue voluntariamente para morrer, a bruxa viverá por mais um longo período. Se não, quem morre é Agatha.

De volta à estrada, Jennifer Kale e Billy ainda lamentam o sacrifício de Lilia e reencontram Agatha, antes de pararem no último julgamento que é no necrotério. Quando está pronta para se colocar para salvar Billy, Jennifer percebe que foi Agatha, e não algum médico de Boston, que amarrou sua magia na década de 1920. Revoltada, realiza um rápido ritual de desvinculação e recupera seu poder. Com isso conclui sua aventura e desaparece.

Sozinha com Billy, Agatha tenta manter sua palavra com Rio, manipulando o jovem a confirmar o que mais quer e se propõe a ajudá-lo. Ela o encoraja a tentar encontrar um recipiente para Tommy, e Billy visualiza um menino à beira da morte e Billy desaparece imediatamente. Sozinha, Agatha chora por seu filho, Nicky e consegue descobrir como passar no seu próprio julgamento. Ou assim pensava.

Rio está mais uma vez irritada com Agatha protegendo Billy e as duas começam a brigar. Billy reaparece como Wicca (fãs foram ao delírio) e salva a bruxa, pelo menos por um tempo. Agatha avisa a Billy que nem juntos têm força contra a Morte e o jovem se voluntaria encerrar o confronto se entregando à Morte. Mas, quando ele descobre que Agatha tinha prometido enganá-lo, mesmo decepcionado, ele apela para a cartada mais eficaz: telepaticamente pergunta se esse foi o destino de Nick. Num rompante, Agatha muda tudo e se entrega para a Morte, confirmando o que sempre desconfiamos, o fato que ela se sacrificaria por Billy.

Exausto e confuso, Billy volta para Eastville e quando volta para o seu quarto percebe que todo universo da estrada vinha de elementos dali. Ou seja, a estrada foi a construção da sua mente.Ele ouve a risada de Agatha e – no episódio final – tenta entender tudo que levou Agatha até o século 21.

E finalmente descobrimos. Ainda em 1750, a jovem Agatha estava grávida e sozinha numa floresta, com Rio cercando os dois. Agatha implora para que a criança viva, mas Rio diz que só pode “oferecer apenas tempo”. Um dia, ela volta.

Do parto, da negociação e a vida de Agatha com o filho por seis anos são triste e emocionantes justamente porque sabemos do final trágico mais à frente.

A dupla faz seu caminho pela floresta, com Agatha atacando outras bruxas sempre com a ajuda do filho. E sim, é aí que surge a Balada da Estrada das Bruxas, criada por Nicky e com ajuda de sua mãe. Os dois vivem de golpes e do sucesso da canção, mas, no meio da noite a Morte o chama e Agatha fica desolada.

Sempre malandra e ardilosa, mesmo no luto Agatha encontra uma alternativa para sugar a energia das outras bruxas: prometer ajudá-las a cruzar a Estrada das Bruxas. que obviamente é uma invenção sua. Vários séculos se passam, sem que ela mude o golpe. Vemos que o plano original de Agatha era mesmo matar Alice, Jennifer, Lilia e Sharon assim que terminassem de cantar, mas como Billy conjurou uma verdadeira Estrada das Bruxas, seguiu com ele sem saber o que vinha pela frente.

Com tudo contextualizado, Agatha, agora um fantasma, segue ajudando Billy. Ele fica emocionado com a história de seu passado da bruxa que finalmente admite que vê seu filho NIcky, em Billy. “Vamos encontrar Tommy”, ela oferece na última cena.

Numa temporada ritmada, com atuações e música impecáveis, Agatha Desde Sempre sinaliza que a Marvel ainda tem fôlego. É uma questão de mágica.

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