Não vou mentir: depois de uma estreia excelente, Duna: Profecia derrapou numa cafonice inesperada rapidamente. Talvez seja a pressa de contar tudo em seis episódios, ou nenhum apego à tradição ou história de Duna, mas, nem eu que não li os livros, fiquei incomodada com as más interpretações, as surpresas baratas e a confusão que fizeram tão imediatamente. Mas estou investida, irei em frente até dezembro. Minimamente, vou gargalhar bastante como fiz em vários momentos.

A Fraqueza no trono
O assassinato do pequeno Pruwet Richese (Charlie Hodson-Prior) obviamente chocou todos e irritou seu pai, Duque Ferdinand Richese (Brendan Cowell), que não tem a menor noção de etiqueta ou reverência ao estupidamente fraco Imperador Javicco Corrino (Mark Strong), gritando e demandando “Justiça”. Quer dizer, ele parecia mais irritado do plano de tomar a coroa ter dado errado, mas a ausência do Imperador só o faz ficar mais desconfiado. A Imperatriz Natalya (Jodhi May) tenta amenizar o clima, mas não está fácil.
Em uma sala não muito longe, Javicco questiona Desmond Hart (Travis Fimmel) que sem rodeios admite que imolou a criança com um dom que ganhou depois do ataque em Arrakis, “como o Imperador pediu”. Desesperado, Javicco tenta explicar que quando queria que alguém desfizesse o casamento não era algo tão radical como queimar uma criança que tinha em mente, mas já era. Pelo sim, pelo não, manda prender Desmond. Por hora.
Em seguida, conversando com a esposa, se desespera com a ausência de Kasha (Jihae) que ele não sabe ter tido o mesmo destino do jovem Pruwet. Natalya está feliz que a vidente esteja longe, mas nem assim consegue que o marido se acalme e seja um líder. Ele quer que alguém resolva as coisas por ele. Quando sabe que Desmond fez o que fez “de graça”, fica interessada e recomenda a Javicco a reconsiderar essa colaboração.


Complôs dentro de complôs: uma bagunça no universo
O que não falta é intriga em Duna: Profecia e há agentes duplos que nos deixam tontos. Vamos decifrar algumas das tramas paralelas antes.
Javicco tem sido tudo menos discreto. De alguma forma, sem estar sequer presente, Constantine (Josh Heuston), viu o trelelê com Desmond Hart e em menos de dois segundos, sem nenhum questionamento ou justificativa, conta TUDO para a irmã de Pruwet, Lady Shannon (Tessa Bonham Jones), numa cena de sexo tão constrangedora e fora de lugar que só é justificável sé é porque querem explorar a beleza do ator. Enfim, a essa altura o envolvimento de Javicco e Desmond era para ser segredo, algo que em seguida vemos o resultado.
Quem estava na hora da prisão de Desmond era o Mestre Espadachim do Imperador, Keiran Atreides (Chris Mason) que está envolvido com uma rebelião espacial, a mesma que Desmond tentou alertar o estúpido Javicco em vão e que criou a emboscada que matou o regimento em Arrakis. Isso me faz desconfiar de mais churrasco espacial em breve.
Por hora ninguém considera o perigo de Atreides e ele dá o layout do palácio para Horace (Sam Spruell), que lidera a célula. Ótimo vê-lo aqui, pouco antes de aparecer em O Cavaleiro dos Sete Reinos como um Targaryen. O ataque rebelde é iminente, mas eles tem uma espiã Fremen entre eles, Mikaela (Shalom Brune-Franklin), que já sacou o clima entre o espadachim e a princesa. Mikaela é uma Bene Gesserit e se encontra secretamente com Valya (Emily Watson). Voltaremos a esse papo mais à frente. O fato é que há os Richese querendo o trono, as Bene Gesserit querendo o Poder e rebeldes querendo democracia. Só não sabemos o que Desmond Hart quer.

Valya ainda sem voz
Se há um spoiler que parece sem sentido é o fato de que todo drama será marcado com a virada de jogo das Bene Gesserit e o domínio dos Harkonnens de alguma forma. Por hora eles só se dão mal.
Após a morte de Kasha, Valya parte imediatamente para a capital of Salusa Secundus porque todo mundo sabe que Javicco é um banana e sem uma Truthsayer do lado só pode ser coisa ruim. Mas é uma viagem apressada e pesada.
Antes de seguir, vamos questionar porque todas as Truthsayers estão de burka escondendo o rosto e Valya, a Madre Superiora tem um véu transparente? Sempre descabelada e tensa, o que Valya não inspira é medo ou liderança. Enfim…
A madre superiora primeiro chega no auge da tensão entre os Richesse e os Corrino. As Bene Gesserit queriam o casamento entre as duas casas e agora quer resolver o impasse. Ela consegue manter sua influência sobre a princesa (e que péssima atuação de Sarah Soufie Boussinina!), mas todo o resto parece estar se desfazendo diante de seus olhos.

Valya interroga Desmond Hart que não tem problemas em contar a verdade (uma vez que sabe que ela saberia). Ele explica que Shai-Hulud lhe deu um olho que pode ver o que as pessoas comuns não podem, incluindo um rastro de sangue atrás de cada passo de Valya. Como o imperador e a imperatriz estão ouvindo tudo, ela deixa passar sem entrar em detalhes e insiste que seu interesse em ajudar é apenas para assegurar Justiça.
Para surpresa de Valya, mesmo com o ato de traição novamente admitido, Javicco não toma uma decisão imediata. Mais tarde, Natalya conversa com Hart e depois o marido, o convencendo que por hora é conviniente aproveitar a vontade do soldado de ajudá-los sem querer nada em troca. O fato de que ele queimou duas pessoas vivas, uma à distância, me faria pensar mil vezes, mas Natalya prefere ele à uma bruxa no ouvido do marido.
A chave para o acerto de contas é alguém nascido duas vezes
Uma vez em sangue, uma vez em spice.
Um fantasma cheio de cicatrizes,
uma arma nascida da guerra em um caminho muito curto.
Subestimando o antagonista, Valya sai do palácio e vai resolver outra questão que é a rebelião. Pois é, no papo com a Irmã Mikaela, ela decide que é melhor entregar os rebeldes e ganhar a confiança do Imperador, com incentivo ainda maior quando descobre que tem um Atreides entre eles. A alegria dura pouco.
Valya fica surpresa ao encontrar Desmond Hart livre, leve e solto, circulando com intimidade nos aposentos imperiais. Ele a informa que seus serviços não são mais necessários e que seus privilégios foram revogados, o que é duplamente humilhante, mas ela decide enfrentá-lo. A bene gesserit não acredita que Desmond queira apenas “o que é melhor para o Império”, ainda mais que para ele isso significa acabar com a Irmandade e tenta usar a Voz para dizer que ele corte sua própria garganta, mas ele consegue resistir. Sim, o todo poderoso da temporada é Desmond Hart.

O sacrifício
Enquanto tenta retomar o controle político, Valya deixa uma lição de casa para Tula (Olivia Williams). Como a morte de Kasha foi prevista pela Mãe Raquella, é preciso ter certeza e com isso entrar em contato com ela. Para isso, a jovem acólita sensível Lila (Chloe Lea) tem que passar no processo da Agonia, um ritual física e psicologicamente excruciante no qual uma irmã é envenenada para desbloquear memórias ancestrais. Lila é tataraneta de Raquella, por isso é a única que poderia chegar até ela e descobrir sobre a profecia.
Quando o processo é feito, Lila se comunica cate com os ancestrais, mas quem está falando é Dorotea, sua avó que foi assassinada por Valya há 30 anos e ainda quer vingança. Mas é Lila quem aparentemente paga com sua vida pois não volta à consciência depois da Agonia.
Ou seja: Valya falhou em todas as missões e todas as dicas sugerem que seu maior obstáculo é justamente Desmond Hart, o homem que por hora é invensível.
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