Eu tenho problemas sérios com a falta de ética da proposta de Shrinking, tanto como paciente como futura terapeuta, mas sigo acompanhando a série e percebendo que, de alguma forma, ela também está tentando acertar. Como vem de parte da equipe envolvida com Ted Lasso a minha expectativa era maior, mas ela distrai e diverte, o que é a meta de qualquer contador de história.

A premissa de acompanhar um psicanalista, Jimmy, que está um trapo após a morte traumática da esposa (bebendo, usando drogas, ignorando a filha adolescente) até que um dia decide que “não aguenta mais que os pacientes estejam presos em um momento sem mudar suas vidas”- o que quer dizer que ele não usa ou acredita mais no processo analítico – ele passa a interferir na vida das pessoas de forma “anti convencional” que é na verdade, criminosa. Entre os altos e baixos da temporada de estreia, acabamos com uma paciente assassinando o marido abusivo por conselho do próprio Jimmy. Que tal?

Bom, como é comédia e supostamente leve, quando voltamos não houve assassinato (só ferimentos) e Jimmy se compromete a voltar a trabalhar dentro das regras, ainda bem, saindo da sala de terapia e entrando nas vidas pessoais dele e de seus melhores amigos. O grupo é neurótico e patológico, mas na vida leve, colorida e perfeita da California tudo soa como o sol que brilha constantemente: em paz e positivo. Só que não. Há dramas de amor, de saúde mental, de conflitos pessoais, profissionais, etc. Como toda série. E aqui falo: ainda bem que temos Gaby!

Gaby é a parceira de trabalho de Jimmy, melhor amiga de sua falecida esposa e depois de inesperadamente se envolver com ele, também seu interesse romântico. Dedicada ao trabalho, com uma vida pessoal complexa, mas coerente, Gaby é sempre a melhor em cena.

Interpretada pot Jessica Williams, é Gaby que circula entre os grupos internos e externos da vida de Jimmy, sempre com boas tiradas e humor. Quando ela está em cena, a série sempre fica melhor.

Jessica estreou na TV ainda adolescente como regular na série Just for Kicks, da Nickelodeon em 2006 e com apenas 22 anos, foi a correspondente sênior mais jovem do The Daily Show. Depois ela fez sucesso como co-apresentadora do podcast 2 Dope Queens e brilhou no cinema como a professora Lally Hicks na trilogia Animais Fantásticos e Onde Habitam, entre outros destaques. Com ótimo timing cômico, tudo que fala em Shrinking soa autêntico e engraçado. Tanto que já foi indicada ao Emmy como Melhor Atriz Coadjuvante.

Na virada da série para uma situação de famílias, Shrinking ainda não nos provocou com uma grande virada conclusiva da temporada, que está à caminho. Será que Gaby salva? Eu adoraria tê-la como terapeuta!

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