Por que House of the Dragon Não Foi Indicada ao Golden Globe 2025?

A esnobada de reconhecer House of the Dragon como uma das seis melhores de 2024 tem muitas camadas a explorar, da injustiça ao simples reconhecimento de que, mesmo um sucesso, está muito aquém do que foi Game of Thrones.

“E pensar que House of the Dragon ganhou o Golden Globes com sua primeira temporada, e a segunda temporada que deveria continuar esse legado não recebeu nem indicação! Parece que nós, fãs dos livros, não estávamos tão errados em querer um roteiro digno né dona HBO?!”, disse uma fã no X.

“A segunda temporada de “HOUSE OF THE DRAGON” não foi indicada ao Globo de Ouro na categoria melhor série dramática! 🤯 Para lembrar, a temporada 1 foi premiada como a Melhor em 2023”, lembrou outro.

E ambas reclamações são verdadeiras. O que houve entre 2021 e 2023? As mudanças na trama atrapalharam o resultado?

Estranho, muito estranho

Antes de avaliar o impacto da esnobada na primeira das maiores premiações do anos, o Golden Globes nunca foi de dar muita bola para a franquia e foi mais surpreendente ter premiado a estreia de House of the Dragon em 2023 do que não. Tanto que nem mesmo havia muitos do cast na festa além das duas atrizes que interpretaram Rhaenyra Targaryen, Emma D’Arcy e Milly Alcock, e o diretor, Miguel Sapochnik. Não, não era esperado.

Passando dois anos (a primeira temporada era de 2022), a expectativa era de sim, agora é o grande momento da série, mas muitas reclamações à torto e à direita parecem ter custado seu prestígio e em um ano em que seria “fácil”, ficou fora da lista dos SEIS finalistas, sendo que os que estão selecionados, como Sr. e Sra. Smith e A Diplomata são infinitamente menos impactantes (para não dizer, ruins) em comparação à House of the Dragon. E mais chocante é que a segunda temporada de Squid Game nem estreou na Netflix, mas já está indicada pelo Golden Globes. Isso dói.

A esnobada confirma a queda?

Em 2024, House of the Dragon movimentou os fãs e a audiência, com uma qualidade de produção ainda mais clara, com os dragões impressionando e um ritmo bem mais acelerado na história, que veio com dois episódios a menos embora a trama esteja ainda mais complexa.

A unanimidade ficou em torno da interpretação de Emma D’Arcy, a única indicada novamente em 2024 como Melhor Atriz, mas novamente com poucas chances de ganhar. Houve muitos problemas que não podem ser ignorados com o roteiro, liberdades e adaptações desnecessárias e até rejeitadas pelo autor George R. R. Martin, ao ponto de listá-las em seu blog reclamando que os showrunners criaram problemas desnecessários que tiram o drama da história. Já citaremos o que muda especificamente, mas é algo de reconhecer o feito de ter menos episódios e arrastar uma história que ficou lenta sem necessidade.

No final das contas, não teria nem House of the Dragon ou Rings of Power como melhores do ano, mas apenas se houvesse algo muito superior à A Diplomata ou Sr. e Sra. Smith. A possível vitória de Shogun faz a discussão ser quase irrelevante, mas, sim, a esnobada mostra que a série não cumpriu sua expectativa.

Onde estão os problemas?

Game of Thrones só virou fenômeno quando encerrou a quarta temporada e das oito temporadas, seis tinham 10 episódios sem jamais parecerem excessivos. Eles permitiram os fãs a acompanhar a jornada de todos com a mesma qualidade, tanto que um dos vários problemas finais foi justamente a aceleração para fechar em sete (Temporada 7) e seis (Temporada 8).

Como falei, embora House of the Dragon tenha começado com 10 episódios e esteja apenas com 8 na segunda temporada, as escolhas de simplificar ou ajustar o original do livro parece um tanto desnecessário. Diferentemente de seus livros anteriores, em Fire And Blood, Martin usou de menos personagens e intensificou as relações entre os Targaryens, por isso tem sido surpreendente algumas das mudanças da série.

A primeira que impacta de forma desnecessária foi mudar o coração do conflito entre irmãos para o de duas mulheres fortes, madrasta e enteada. As princesas da Disney já renderam segundas esposas assustadoras e Alicent Hightower (Olivia Cooke) não chega nem perto. Claramente o que queriam era ter uma série com mais de uma mulher forte liderando a história, mas aqui ter dois meio-irmãos disputando a Coroa faz mais sentido e choque do que duas ex-amigas de infância lidando com a misoginia e o veneno do Poder.

Ter Rhaenyra e Alicent jogadas em lados opostos e se odiando difere muito pouco do livro e seria sensacional se fosse mantido. Porém, na segunda temporada, as duas ficam tentando achar um caminho para a Paz apesar de tudo, sendo ignoradas pelos homens e – finalmente – precisando fazer escolhas difíceis. Não funcionou, mesmo com duas grandes atrizes.

A Alicent de House of the Dragon é mais controversa, uma santa do pau oco, uma mulher invejosa de Rhaenyra e uma tola que pensa liderar, mas é apenas usada pela facção dos Verdes. Rhaenyra é mais forte e participativa do que a do livro, mas o que a fazia interessante era justamente a neurose e trauma que levaram a Rainha dos pretos errar tão tragicamente. Hoje as duas irritam mais do que nos encantam, pois a guerra sempre foi inevitável.

Se não bastasse isso tudo, a segunda temporada pegou o ator mais relevante e carismático da série, Matt Smith, o colocando à beira de trair Rhaenyra e preso em um castelo mal assombrado A TEMPORADA INTEIRA. Seus delírios foram interessantes em um episódio, mas tivemos mais de um até o fim, quando finalmente volta a lutar por sua esposa e sobrinha. Uma jornada arrastada e sem sentido. Para piorar, não há Nettles, que era crucial para criar o afastamento definitivo entre Rhaenyra e Daemon, com sua trama provavelmente transferida para filha dele, Rhaena. Não terá o mesmo efeito.

Sem dúvida a mudança mais significativa que irritou o autor e puristas está em uma das passagens mais aterradoras da história, envolvendo Helaena e seus filhos. No livro, ela tinha três e perde um de forma violenta e traumática, mas era essencial que houvesse três crianças para o desfecho final do drama. Agora ela só tem uma menina e que não pode ter o mesmo destino que teria essa outra criança. Reclamar de terem salvado menores de idade não faz de nós sociopatas, mas é que o mistério da futura morte de Helaena girava em torno da morte desse filho agora inexistente. Mesmo com qualquer outra justificativa, não terá mais o mesmo peso.

Por que mais DUAS temporadas?

House of the Dragon sempre foi escrita para ser curta. O ritmo incerto da segunda temporada sugere que o fato de que a história tenha quatro seja algo alarmante. O período da guerra civil dos Targaryens que trará o fim aos dragões poderia ter sido contada em três temporadas, não mais. Esses derrapes é que atrapalham qualquer chance de que a série saia da sombra de sua predecessora. E já era um desafio difícil, só ficou pior.

Suspeito que será muito difícil para que House of the Dragon alcance o prestígio de Game of Thrones, mas quando é esquecida pela premiação mais eclética como a dos Golden Globes, ela se coloca perigosamente na caixa dos erros, e não queremos erros em Westeros.

Infelizmente as duas cenas mais fortes já aconteceram na trajetória de Rhaenyra em busca de seu lugar no Trono de Ferro: a morte de Rhaenys e o episódio de Sangue e Queijo. Há claro, muitas mortes tristes vindo aí, mas efetivamente o que será mais chocante será o que deve marcar o fim da história. Lamento porque eu amo House of the Dragon, mas, doloroso como é, o desprezo do Golden Globes não foi injusto, mas um sinal de que a série já deu errado, se esperavam fazer história. Agora só podemos torcer para um melhor destino para Um Cavaleiro dos Sete Reinos. Será que acertam?


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