As histórias dos reis ingleses são fascinantes. O período mais popular na memória geral pode até ser o dos Plantagenetas, Yorks, Lancasters e Tudors, mas séries de sucesso como Vikings, The Last Kingdom e Vikings: Valhalla jogaram luz também nas dinastias anglo-saxãs, o período histórico entre os anos 410 e 1066 d.C., quando o povo germânico dominou a Grã-Bretanha após o fim do Império Romano.

George R. R. Martin se inspirou diretamente nesse período para escrever trechos de Fogo & Sangue o que hoje é a base de House of the Dragon, mas, mais notoriamente, foi Vikings: Valhalla que chegou mais perto mesmo que tenha terminado sua história justamente quando ela ia entrar no que foram os últimos reis vikings em solo inglês. Não há de ser nada, em 2025 voltaremos ao período com a série King and Conqueror que vai ao ar com 8 episódios para contar a história do último rei anglo saxão da Inglaterra: Harold Goodwin.
Há de avisar uma coisa importante: os nomes serão muito próximos dos que ouvimos em Vikings: Valhalla, mas a visão será invertida: os que vimos como antagonistas serão os mocinhos, e vice-versa. King and Conqueror é quase uma “continuação”, mesmo que as séries não sejam ligadas.
Nessa produção da BBC (que internacionalmente é da Paramount), o ator James Norton será Harald e Nikolaj Coster-Waldau (de Game of Thrones) será William, o Conquistador. A história vai explorar o confronto que definiu o futuro do continente por mil anos através de um par de dinastias familiares interconectadas, concluindo com a impactante Batalha de Hastings, em 1066, onde a luta pela Coroa ganhou proporções épicas.

Anuncianda ainda em 2023, a série conta com um grande elenco e uma curiosidade. Norton, que é o produtor, queria interpretar William, mas como seu contrato com a MAX por conta de The Nevers o impedia de se comprometer com outra série enquanto estivesse em produção, precisou abrir mão do papel e passar a interpretar Harold de Wessex, cuja derrota na batalha o libera da trama na 1ª temporada. Nem reclamem de SPOILER porque a morte de Harold é História, não há como esconder. Do lado feminino, Juliet Stevenson, Clémence Poésy e Emily Beecham dão vida à algumas das mulheres mais fortes da monarquia inglesa. Vamos lembrar cada um dos principais?
Harold Godwinson, o último rei anglo-saxão
Já avisei antes e repito aqui: precisamos inverter a narrativa de Vikings: Valhalla que colocou os Godwinsons como vilões.
Harold Godwinson (Norton), ou Harold II, foir rei por apenas alguns meses e era ligado a Cnut, o Grande, pois sua mãe, Gytha Thorkelsdóttir (Clare Holman), era irmã do viking. O pai de Harold era Godwin (Geoff Bell), o Conde de Wessex, que mudava de lado sempre que havia uma vantagem. Ele, que era inimigo da Rainha Emma (Stevenson), começou sua carreira política apoiando o Rei Edmund Ironside, mas passou a ser um dos mais próximos ao Rei Cnut quando foi nomeado Conde de Wessex.
Tendo sobrevivdo ao período de instabilidade do reinado de Cnut, Godwin foi contra o sucessor inicial de Cnut, Harold Harefoot, e apoiou Harthacnut. Sua animosidade com a Rainha Emma só aumentou quando se envolveu no assassinato Alfred Aetheling, meio-irmão de Harthacnut e irmão caçula do Rei Eduardo (Eddie Marsan), o Confessor.



Quando Harold Harefoot morreu em 1040, Harthacnut ascendeu ao trono inglês e o poder de Godwin foi ameaçado, sendo que ele habilmente fez um juramento e presenteou o novo rei, ficando numa boa com ele. O problema foi que dois anos depois, Harthacnut também morreu e a Coroa foi para Eduardo, o Confessor, mas o casamento do novo rei com a filha de Godwin, Edith, mais uma vez resolveu o problema. Por um tempo, pelo menos. Quando o Rei Edward morreu sem um herdeiro, Harold, filho de Godwin, foi escolhido para sucedê-lo, sendo o primeiro monarca inglês a ser coroado na Abadia de Westminster. Duas semanas antes de enfrentar William em Hastings, ele conseguiu evitar a invasão em York do rival viking Harald Hardrada, da Noruega.
Harold era casado com Edith (Beecham), a Bela, uma união política de interesse mútuo pois após a morte de seu pai, em 1053, ele era o homem mais poderoso da Inglaterra depois do rei. Os Godwins era contrários à crescente influência normanda no país, a facção que era simpática à Rainha Emma e seus descendentes. Edward, por exemplo, passou mais de 25 anos no exílio na Normandia e teria elegido seu parente pelo lado materno, William da Normandia, como seu herdeiro. A controvérsia dessa escolha é o coração de todo drama.
William acreditava ser o sucessor de Edward e outros a sucessão, mas alguns historiadores têm dúvida se era mesmo uma opção do Rei. Isso só piorou a inimizade entre os dois. Em 1051, por uma razão incerta, Harold foi parar na Normandia e foi capturado, sendo feito refém e entregue à William.
Os dois ficaram amigos quando Harold salvou dois homens da areia movediça em Mont Saint-Michel e foi feito cavaleiro, sendo que a famosa Tapeçaria de Bayeux e outras fontes normandas afirmam que Harold jurou apoiar William em sua reivindicação ao trono inglês. Depenendo da vertente, a crise veio quando Harold quebrou esse juramento após a morte de Edward.

A versão favorável à Harold diz que antes de entrar em coma, Edward teria recomendado à sua viúva (irmã de Harold) que o reino fosse passado para o cunhado. A coroação foi rápida, o que é um dos argumentos da prova de ter usurpado o trono. Seja como for, quando William soube da “traição”, imediatamente decidiu invadir a Inglaterra, construindo aproximadamente 700 navios de guerra e transportes para isso, contando com o apoio da Igreja.
A próxima vez que Harold e William se viram foi a final, quando se enfrentaram na Batalha de Hastings. Harold e dois de seus irmão foram mortos no confronto. Reza a lenda que Harold morreu por uma flecha no olho, o que mesmo que questionem é ainda certo que tenha morrido por um ferimento de flecha na cabeça. Sua viúva, Edith a Bela, foi chamada para identificar o corpo esquartejado no campo de batalha. Ela o fez para garantir um enterro católico para Harold, cujo corpo foi enterrado no altar da Igreja em Waltham Holy Cross, que ele mesmo tinha mandado construir quando era rei. Hoje, o local é marcado por uma laje de pedra no cemitério (originalmente o local do altar-mor antes da Reforma).
E William?
Bom, William, o Conquistador foi o primeiro rei normando da Inglaterra (como William I). Descendente de Rollo (lembram dele em Vikings?), ele já era duque da Normandia (como William II) quando invadiu a Inglaterra, derrotando Harold Godwinson na Batalha de Hastings. O resto de sua vida foi marcada por lutas para consolidar seu domínio sobre a Inglaterra e suas terras continentais.

William foi coroado rei no dia de Natal de 1066, em Londres. Ele morreu em setembro de 1087 enquanto liderava uma campanha no norte da França, e foi enterrado em Caen. Seu reinado na Inglaterra foi marcado pela construção de castelos, estabelecendo uma nova nobreza normanda na terra e mudança na composição do clero inglês. Após sua morte, seu reino foi dividido entre seus filhos: a Normandia foi para Robert, e a Inglaterra foi para William Rufus.
A série? Promete ser excepcional!
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