A vida imita a Arte de tal forma que alimenta toda paixão das pessoas por tudo que seja “real”(realities) e “verdadeiro” (true). Não é irônico que Blake Lively tenha virado estrela quando a febre dos blogs – pré redes-sociais – sua personagem foi alvo de calúnia e fofoca da Gossip Girl? Pior ainda, autora secreta era o tempo todo seu namorado, Dan? Duas décadas depois, ao estrelar É Assim Que Acaba (It Ends With Us) sua personagem, vítima de violência doméstica, decide sozinha a enfrentar e quebrar o ciclo de abuso e assédio. Vamos falar de papéis perfeitos para Blake?

Pois na novela que mal começou, a Internet voltou a polarizar sobre o drama, mas a questão crucial que pesa para o lado da atriz é: como ela conseguiu as cópias das mensagens pessoais da equipe de Justin Baldoni, confirmando sua afirmação de que houve uma campanha elaborada de difamação? Os prints das mensagens são provas irrefutáveis, mas são admissíveis em um processo?

Jogo Sujo?

A imundice de ambos os lados no drama absurdo que os bastidores de um filminho esquecível se transformou é de embrulhar o estômago. Houve uma movimentação para destacar todos os defeitos de Blake Lively, recentes ou antigos e, como aparentemente havia muita fonte espalhada, funcionou inesperadamente, como a própria equipe de Baldoni celebrou. E só piora.

O fato de que Blake afirmou ter certeza do que estava acontecendo a princípio pareceu vitimismo. Até o momento ela não admitiu nenhuma falha (há algumas) mas é fato que ela foi assediada moralmente e sexualmente por Baldoni, ela tem provas e não queria ter contato com ele na divulgação do filme, um detalhe que a Internet pescou, mas que ela jamais falou nada. Portanto, nesse caso, Blake Lively tem razão em tudo.

O grande X da questão agora é que o conhecimento do que estava acontecendo comprova que a equipe de Blake saberia fazer o mesmo, ou, como uns dizem, está respondendo na mesma moeda agora. Eu, pessoalmente, não acredito na integridade da vingança e do troco, mas por isso passei por várias dores na vida. Mas era um risco inevitável para Baldoni que eventualmente a verdade viesse à tona. E veio realmente de forma inesperada.

Segundo o processo judicial, os advogados de Blake Lively conseguiram as mensagens das assessoras contratadas por Baldoni através de uma intimação judicial, mas o que está circulando online é mais belicoso do que isso.

Gossip Girl perde!

Se tem algo que me irrita é quando defendo e defendo as mulheres e nós mesmas embarcamos nos clichês que os misóginos usam contra nós. Dos vários nomes que circulam no processo, há de mulheres importantes em Hollywood. E lá, o ar é rarefeito, todos se conhecem e estão ligados.

Por exempo: Baldoni e Blake eram representados pela mesma agência de talentos, a WME, sendo que ele foi demitido essa semana. A assessora de imprensa dele, Stephanie Jones, é casada com Jason Hodes, um dos sócios da agência. Portanto, enquanto a campanha difamatória estava rolando, os campos adversários estavam sob o mesmo teto: Jones liderando a campanha de imagem de Baldoni e Blake com a equipe dela.

Foi a assessora que contratou a publicitária Jen Abel assim como a publicitária de crise, Melissa Nathan, as duas que “enterraram” Blake Lively. Em agosto de 2024, Jones repentinamente demitiu Abel e, com um advogado presente, apreendeu o celular da funcionária (pois era da empresa). Com isso, teve acesso às mensagens hoje públicas que Abel trocou com Nathan.

A motivação de Jones, segundo tem sido reportado, foi sua indignação ao saber que Abel estava prestes a sair e abrir sua própria empresa e levar vários clientes, tendo já “roubado” documentos comerciais. Sem surpresa, Baldoni estava entre os clientes que iam embora com ela. Entre a demissão de Abel e matéria do NYT? Se passaram apenas quatro meses. Não é suspeito? Sim, dentro da vingança de Blake há outra rolando nos bastidores.

Um cenário muito desanimador

Claramente nem Abel ou Nathan esperavam que suas conversas fossem publicadas no New York Times e rodassem o mundo. Ambas, até por falta de alternativa, se mantém firmes que estavam fazendo o trabalho para o qual foram contratadas e não usaram nenhuma informação falsa contra Blake. E agora estranham que as mensagens eleitas para o artigo do jornal sejam apenas as que comprovam os argumentos da atriz, “selecionadas a dedo” e sem contexto.

Os advogados de Abel e Nathan planejam processar Jones. “Se todas as mensagens de texto foram produzidas naquela ‘intimação’, então a equipe de Lively sabe os fatos verdadeiros do que realmente aconteceu e não aconteceu”, disse o advogado. “A verdade é completamente diferente do que foi retratado na reclamação e eles sabem disso. O conjunto completo de mensagens de texto mostra inequivocamente que não houve nenhuma campanha de difamação iniciada, razão pela qual certos textos estão incompletos e outros textos, que dizem a verdade, são propositalmente excluídos.”

Outro fator que está sendo levantado como suspeito? Mesmo sendo a assessora de Baldoni, Stephanie Jones não é citada no processo de Blake Lively e era a única pessoa de posse do telefone de Abel após demiti-la. Ou seja, rapidamente estamos discutindo algo muito mais significativo e complicado do que Blake Lively e muito mais sobre como as assessorias de comunicação funcionam hoje em dia. São quatro das maiores agências de Hollywood envolvidas no drama. Mais do que hora de questionar ética e limites, concordam?

A equipe de Blake Lively apresentou uma denúncia ao Departamento de Direitos Civis da Califórnia. Esse órgão estadual tem a opção de conduzir sua própria investigação ou fornecer uma carta de “direito de processar”, permitindo que os denunciantes levem o caso ao tribunal civil. Em geral, essas denúncias não são divulgadas publicamente, a menos que o autor da queixa escolha revelar as informações. E assim seguimos!

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