A Substância: O Retorno Triunfal de Demi Moore

A campanha pelas premiações esquenta muito mais com a entrada em 2025. E quem está firme e forte atrás de um reconhecimento é Demi Moore, a musa dos anos 1990s, uma lenda de Hollywood e a estrela de um dos filmes mais comentados de 2024, A Substância. E se há uma oportunidade que não será injusta será essa: seu trabalho é impecável.

Protelei ao máximo ver o filme. Não curto terror e menos ainda o subgênero de “gore”, aquele filme de terror ou drama que explora detalhes incômodos de sangue, violência ou nojo, com imagens e sons. A Substância é 200% dessa escola, foi uma tortura chegar ao final dele, mas valeu cada segundo do sacrifício.

Dirigido por Coralie Fargeat, o filme é um thriller psicológico com toques de ficção científica e horror. Sua história se desenrola em torno de temas como obsessão pela juventude, ética científica e as consequências de uma sociedade obcecada por padrões estéticos. É brilhante em sua economia de diálogos, exageros de cores, e objetividade.

Demi Moore, linda como sempre, interpreta Elisabeth Sparkle, uma celebridade em declínio que, após ser demitida de seu programa de fitness na televisão devido à idade, decide experimentar uma droga clandestina que promete replicar suas células, criando temporariamente uma versão mais jovem e aprimorada de si mesma. Essa versão mais jovem, chamada Sue (Margaret Qualley), surge de um processo de clonagem caseira, trazendo consequências inesperadas e explorando temas como a obsessão pela juventude e os padrões estéticos impostos pela sociedade.

A atuação das duas atrizes tem sido amplamente elogiada por críticos e fãs, mas a coragem é ainda maior de Demi Moore em uma de suas performances mais marcantes de toda sua carreira. Não apenas ela expressa tudo em longos takes de silêncio, com pouco ou nenhuma maquiagem ou mesmo roupas. Em cenas-chave, como quando Elizabeth enfrenta os efeitos colaterais da substância ou reflete sobre sua própria mortalidade, Moore exibe um controle emocional notável, alternando entre desespero, angústia e humanidade.

Não há exageros em dizer que é um retorno triunfal e um papel icônico. Ela demonstra maturidade artística e domínio. O filme é ela.

De todo incômodo é ainda maior porque ter uma estrela como Demi Moore e tudo que ela ainda representa em Hollywood permite que o filme explore o próprio simbolismo que ela carrega como atriz veterana em uma indústria notoriamente obcecada pela juventude. É uma metáfora crítica à ela e muitas outras e absolutamente estonteante e importante estar sendo contado com uma estrela de grande porte.

A Substância tem sido recebido com elogios em festivais de cinema, incluindo o Festival de Cannes de 2024, onde ganhou o prêmio de Melhor Roteiro e muitos antecipavam que Demi venceria como atriz. E, no momento, parece ter estabelecido um subgênero que é terror com uma perspectiva feminista justamente porque aborda de forma visceral as pressões sociais sobre o corpo feminino e o envelhecimento.

Não deixa de ser irônico que justamente por ser tão nichado e crítico que A Substância não tenha emplacado o favoritismo de Demi como uma das indicadas ao Oscar de Melhor Atriz em 2025, mas a campanha é forte por ela. Abrindo 2025, Demi e Margareth já estão entre as indicadas ao Golden Globes, Critics Choice Awards 2025 e outros prêmios.

Uma vitória no domingo, dia 5 de janeiro, reforça e muito a chance das duas no Oscar. Muitos especialistas e críticos consideram Demi como uma forte candidata a uma indicação – seria sua primeira – e toda e qualquer vitória pode gerar um impulso adicional em sua campanha, já que a Academia muitas vezes reconhece atores veteranos que ainda não foram premiados. Seu problema? Uma concorrência muito forte, de Nicole Kidman a Fernanda Torres e Cynthia Erivo, entre outras.

A Substância não é um filme fácil, e a atuação de Demi Moore nele também não é. É um trabalho que exige do espectador o mesmo sacrifício que parece ter exigido de sua protagonista, mas o retorno é igualmente recompensador. Demi transcende a tela, transformando sua trajetória pessoal e profissional em uma narrativa universal sobre resiliência, relevância e aceitação. Que venha o reconhecimento. Que venham os prêmios. E que venham mais histórias tão ousadas e desafiadoras quanto esta.


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