A temporada de premiações em Hollywood, sempre nos meses que abrem o ano, não são necessariamente justas quanto a homenagear os melhores, mas são uma ocasião de escapismo inegável para quem acompanha a Indústria de Entretenimento. Com a multiplicação de prêmios (os mais antigos são o Oscar e o Golden Globes, com 98 anos e 82 anos, respectivamente), de janeiro a março, praticamente todo fim de semana teria “Tapete Vermelho” e festa. Só que nos últimos 5 anos, o cenário tem sido involuntariamente diferente.

Depois de Pandemia de COVID-19 e greves, Hollywood estava literalmente brilhando em 2025 (muitas atrizes elegeram o dourado como cor favorita) e as expectativas estavam dentro de uma “normalidade” que fazia falta, quando falar de vestidos e projetos não estariam cobertos de culpa por conta de questões sociais, de saúde, guerra ou greves. Até que a Natureza fosse implacável.

Desde terça-feira, 7 de janeiro de 2025, até hoje, domingo, 12 de janeiro de 2025, os incêndios florestais na região de Los Angeles têm causado destruição significativa e perdas humanas. São pelo menos 16 mortos, 13 desaparecidos e um cenário de total destruição da cidade, com os bombeiros ainda incapazes de conter a fúria do fogo.

Iniciado na terça-feira, os incêndios já são um dos desastres naturais mais devastadores na história da California, consumindo quase 9.000 hectares e ameaçando áreas residenciais como Brentwood e Encino em Los Angeles e as cidades de Malibu, Pasadena e Altaden. Estima-se apenas 15% de contenção até o momento. Para piorar, há notícias de saques e roubos em toda cidade. Mais de 12.000 estruturas foram destruídas, incluindo residências e veículos, afetando profundamente a infraestrutura local e mais de 150.000 residentes foram evacuados, com ordens de evacuação ainda em vigor para diversas áreas afetadas.

Embora alguns incêndios menores tenham sido parcialmente contidos, os principais focos, como o Palisades e o Eaton, continuam ativos e perigosos. As condições climáticas, incluindo ventos fortes e clima seco, dificultam os esforços de contenção. As autoridades alertam que a situação permanece crítica, com potencial para mais destruição nos próximos dias.

Em outras palavras, que clima de falar de festas e prêmios? Nenhuma festa foi oficialmente cancelada ainda, apenas as datas foram alteradas, mas, quem vê como está a cidade se questiona se é realista (ou sensato) ter cerimônias de luxo e celebração em meio ao caos.

Assim, o que parecia ser efetivamente o ano da “volta” da normalidade foi apenas um sonho. Nos últimos 5 anos, a cobertura do Tapete Vermelho – que ganhou proporções de destaque ainda maior do que os vencedores – tem lidado com as forças imponderáveis do mundo real.

Entre 2020 e 2021, no auge do isolamento, por conta da pandemia global de COVID-19, houve adiamento, cancelamento ou reformulação de várias cerimônias de premiação. Por exemplo, como aconteceram antes da declaração oficial da pandemia, em 2020 as festas ainda foram no formato tradicional, com presença física dos indicados e público.

Já em 2021, as festas foram virtuais, com o Oscar sendo realizafo em abril e em 2022, retornou ao formato presencial, mas com público reduzido e medidas sanitárias, como uso de máscaras e distanciamento social.

Embora em 2023 tenha as festas tenham retomando o formato tradicional com capacidade total de público e sem restrições significativas relacionadas à pandemia, a sombra do trauma ainda pairava no ar. E a celebração de 2024 foram as greves dos roteiristas (e diretores) que colocaram as estrelas na saia justa de mostrar apoio, mas ainda fazer parte da festa. Em 2025, com todos em Paz, a expectativa era de muitos lançamentos e glamour. Algo que o vento levou…

Apenas o Globo de Ouro foi realizado como esperado. O Critics Choice Awards, inicialmente agendado para 12 de janeiro de 2025 foi adiado para 26 de janeiro. O anúncio das indicações ao Oscar foi postergado de 17 para 19 de janeiro, ampliando também o período de votação para 14 de janeiro. O SAG Awards cancelou o evento presencial do anúncio de indicados. É bem possível que todas as festas sejam canceladas, menos o Oscar que ocorre em março.

Outro impacto que sentiremos é que todas gravações de séries em filmes em Los Angeles estão suspensas. Isso mesmo, depois do atraso das greves, a normalidade está longe de voltar.

E está certo. Não é? Nada está “normal”. Em 2025, o brilho das festas foi ofuscado por uma realidade devastadora, lembrando que a verdadeira celebração é a capacidade de unir esforços diante da tragédia.

A suspensão de eventos e a adaptação de cronogramas não diminuem o valor da arte ou do entretenimento, mas reforçam a necessidade de empatia e humanidade em tempos de crise. Em um momento em que as chamas consomem não apenas a paisagem, mas também o espírito de normalidade, a indústria precisa abraçar não apenas o espetáculo, mas também a compaixão.

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