Estou muito feliz com as indicações de Walter Salles Jr. e Fernanda Torres ao Oscar, com grandes chances para o cinema brasileiro conquistar essa honra que ainda faltava: o de uma atriz premiada e, quem sabe, um filme também. Por outro lado, sou contra a torcida que exige criticar ou agredir outros artistas, como Karla Sofía Gascón ou Gwyneth Paltrow. A vitória virá de forma limpa e sem revanche, e muito menos como um jogo. Sempre evitei o texto recheado de ranzinzices sobre “quem foi esnobado”, e por isso esperei alguns dias antes de analisar os ausentes no Oscar 2025, um dos mais disputados dos últimos anos.

Para contextualizar, a votação aconteceu no meio dos incêndios em Los Angeles e pouco antes da posse de Trump, ou seja, um período em que Hollywood olhou com mais carinho para conteúdos liberais. O filme do ano, Emilia Perez, fez história com 13 indicações, quebrando recordes com um filme em língua não inglesa. Logo atrás vêm O Brutalista e Wicked, cada um com 10 indicações. Os outros super indicados são O Conclave e A Complete Unknown, com 8 cada, seguidos por Anora, com 6, e A Substância, com 5. Temos dois musicais, três dramalhões e um terror sangrento. O que isso diz sobre nós?
Os filmes “esquecidos”, por assim dizer, são A Dor Verdadeira, Sing Sing, Babygirl, Maria, Gladiador II, O Quarto Ao Lado, Hard Truths e Rivais (Challengers). O ponto positivo é saber que há tanta coisa boa que não entrou na lista de 10 títulos, mas também chama atenção que Ainda Estou Aqui e Emilia Perez estejam indicados tanto em Melhor Filme quanto em Melhor Filme Estrangeiro.

Falando dos atores, a categoria já parece praticamente definida para Adrien Brody, por sua performance em O Brutalista. Muitos ficaram surpresos com a indicação de Sebastian Stan, que interpreta Donald Trump em O Aprendiz. Eu, pessoalmente, não vejo surpresa nenhuma – ele está excelente. O problema é que Um Homem Diferente, em outros tempos, teria mais a “cara do Oscar”. Ainda assim, Stan merece estar entre os cinco melhores do ano. Uma grande omissão foi Daniel Craig por Queer.
Entre os coadjuvantes, a maior aposta era a de Denzel Washington entre os indicados, mas ele ficou de fora. Quem entrou? Guy Pearce, de quem sou fã pessoalmente e estou feliz pelo reconhecimento, embora as chances de que outro além de Kieran Culkin realmente vença sejam pequenas.


Na categoria de atrizes coadjuvantes, não se trata de esnobismo, mas de coerência a escolha de Monica Barbaro, que está brilhante como Joan Baez em The Complete Unknown, em vez de Selena Gomez por Emilia Perez. Difícil a escolha, admito, pois Selena também está ótima, mas com apenas cinco vagas, Monica merecia o lugar dela. Quem deve vencer? Zoe Saldaña. Uma escolha exagerada, na minha opinião. Ela tem sempre a mesma atuação em todos os papéis e seu discurso no Globo de Ouro foi péssimo. Mas é o que é. Este ano, ela deve sair com o prêmio.
A maior discussão ficou em torno das grandes favoritas de primeira hora – Angelina Jolie, Tilda Swinton e Nicole Kidman – que ficaram de fora. Também causou surpresa a omissão de Pamela Anderson, que foi indicada ao SAG Awards por The Last Showgirl, mas ficou fora do Oscar.


Amy Adams e Kate Winslet, em outros tempos, jamais teriam ficado de fora, mas em um ano tão competitivo, estão quase desapercebidas na temporada. O caso delas é mais discreto, pois ambas divulgaram seus filmes de maneira mais sutil. Kidman e Jolie, por outro lado, estavam abertamente na ponta para o prêmio, e talvez por isso tenham perdido alguns votos importantes.
No caso de Angelina, Maria não é um filme forte, é confuso e não é fiel à biografada, Maria Callas. Mais do que isso, muitos acreditam que sua rejeição tenha sido uma campanha orquestrada por seu ex-marido, Brad Pitt. Isso soa conspiratório? Sem dúvida. Mas não podemos dizer que é impossível.
Já no caso de Nicole Kidman, a situação é mais complexa. Nos últimos seis anos, as atrizes que venceram em Veneza também levaram o Oscar, e quem ganhou o último festival? Sim, Nicole Kidman. O problema é que ela está em tantos projetos – séries, filmes e plataformas – que perdeu o impacto de sua interpretação em Babygirl. Herdar a “maldição” de Meryl Streep – ser sempre indicada, mas nunca ganhar – não é algo interessante para ela. Fica o sinal vermelho.

No final das contas, quando olhamos para o Oscar 2025, é difícil criticar os indicados, o que só reforça o mérito de quem ficou de fora. Um ano como este é o que sempre esperamos: grandes filmes, grandes atuações. A disputa é acirrada, mas é justamente isso que torna o Oscar tão fascinante. Que venham mais momentos de celebração do cinema no seu melhor!
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