A vida de Wallis Simpson sempre foi envolta em polêmicas, mas seus últimos anos trouxeram um drama que poucas pessoas conhecem. Em The Bitter End, a lendária Joan Collins assumirá o papel da duquesa de Windsor em um filme que promete explorar o lado menos conhecido dessa história – sua reclusão, a demência e a influência da advogada Suzanne Blum, que controlou sua vida e seus bens.
Com um roteiro assinado por Louise Fennell e direção de Mike Newell, a produção promete revelar como Wallis passou de uma mulher poderosa a uma figura completamente isolada. A escalação de Collins já chama atenção, e a expectativa agora gira em torno do restante do elenco e do tom que o filme adotará.

Wallis Simpson: Vilã ou Vítima de Uma História Sombria?
O que ainda podemos tentar discutir sobre Wallis? A Duquesa de Windsor, que viveu no exílio com o marido, nunca foi aceita abertamente pela família real britânica, e, durante a Segunda Guerra Mundial, surgiram rumores de que ela e o marido simpatizavam com a Alemanha nazista (fotos com Hitler comprovam as suspeitas), o que levou a um maior afastamento deliberado do Reino Unido.
Wallis ficou ao lado de Edward como sua esposa de 1937 até a morte dele, em 1972. A partir daí, ela viveu reclusa até falecer, em 1986, sem jamais deixar de ser uma figura polarizadora. Curiosamente, o diretor Mike Newell a elegeu para seu próximo filme e escalou ninguém menos do que a diva Joan Collins para interpretá-la, uma escolha curiosa, mas alinhada em idade. Joan, que está aposentada tem 91 anos e Wallis faleceu com 89: está perfeito.
Com apenas 3 anos de idade quando o escândalo aconteceu, Joan não testemunhou o drama, mas certamente cresceu ouvindo sobre ele. O nome do filme, que era inicialmente In Bed With The Duchess mudou de nome para The Bitter End e marca a estreia como roteirista de Louise Fennell, autora de dois romances sobre a queda de celebridades extremamente famosas e mãe da escritora e diretora vencedora do Oscar Emerald Fennell.

A referência do amargor dos últimos anos de vida de Wallis é porque depois da morte de seu marido, Wallis desenvolveu demência, perdendo gradualmente a capacidade de falar e se mover e passando a depender de cuidadores para todas as atividades diárias. Durante esse período, sua vida foi rigidamente controlada por sua advogada e confidente, Suzanne Blum, que tomou posse de suas finanças e restringiu seu contato com o mundo exterior, gerando especulações sobre possível exploração e negligência. Completamente acamada e reclusa, Wallis faleceu em 1986, na total solidão.
A base da história para The Bitter End é fascinante justamente porque deve mostrar como Wallis acabou nas mãos da gananciosa Suzanne Blum, uma figura que rende um grande papel para qualquer atriz, quem quer que Mike Newell eleja. Particularmente vejo Kristin Scott Thomas ou Cate Blanchett como ideais.
A notícia de que um diretor de tantos sucessos como Newell se interessa por essa história, conseguindo uma estrela como Collins, naturalmente ganhou destaque, mas os trabalhos ainda estão começando e ninguém mais além da atriz foi anunciado no elenco ainda. “Estou emocionada com o desafio de interpretar esta mulher icônica em uma história nunca contada,” Joan disse para jornalistas.
Quem foi Suzanne Blum?
A advogada de reputação de ser uma das advogadas mais duras da França ficou famosa por ter trabalhado em vários casos polêmicos, como representando a Warner Brothers contra Igor Stravinsky em um caso de direitos autorais, convertendo seus danos de 1 milhão de dólares para um franco. Também foi a advogada de Rita Hayworth durante seu divórcio do príncipe Aly Khan, além de Charles Chaplin e outros estúdios americanos. Mas foi sua “amizade” com Wallis Simpson que colocou sob os holofotes da História.
Suzanne só entrou no cenário após a morte do Duque de Windsor, em 1972, mesmo que discretamente. Originalmente, ela era a esposa do representante legal de Edward VIII em Paris, e foi assim que conheceu Wallis Simpson. Quando a duquesa foi ficando doente e desenvolveu demência, seu único contato com o exterior era através de Suzanne e aí começou o pesadelo.
Alegando que além de advogada era amiga , Suzanne foi demitindo o staff mais fiel e próximo de Wallis, descrita por médicos como quase vegetal e precisando ser alimentada com ajuda. Com o controle total de todos os bens dos Windsors, Suzanne se colocou como a defensora da memória deles, ameaçando todos biógrafos ou cineastas que tentassem recontar o romance.
No entanto, quando revelou estar de posse das cartas de amor entre o duque e a duquesa, essa “proteção” se mostrou flexível porque publicou as comunicações íntimas do casal, lucrando com os royalties.

O pior de tudo é que mesmo tendo sido desafiada a dar provas de que tinha uma procuração para agir por Wallis, Suzanne jamais mostrou ter tal documento. Publicou praticamente tudo que a duquesa tinha de mais pessoal, vendeu suas joias, e quadros. Contradizendo os médicos, alegou que Wallis estava lúcida até os últimos dias de sua vida, algo que jamais foi comprovado pois Suzanne barrava o acesso de estranhos. Sim, soa exatamente como O Que Aconteceu Com Baby Jane, só que é verdade.
Suzanne Blum não compareceu ao funeral da duquesa de Windsor no Reino Unido e fez uma cerimônia menor em Paris em homenagem à Wallis. Já com quase oitenta anos e quase cega, Suzanne também se retirou da vida pública logo depois. Sem surpresa, ao longo de todo o tempo a advogada manteve uma carreira secundária escrevendo ficção policial, assinando como LS Karen. Aparentemente entendia muito de crime…
Uma história de poder, manipulação e mistério
O que torna essa narrativa ainda mais instigante é a figura de Suzanne Blum, cuja relação com Wallis levanta questões sobre abuso e exploração. O próprio filme pode seguir diferentes caminhos: mostrará Wallis como vítima ou reafirmará sua fama de manipuladora?

Com o anúncio do filme sido feito em fevereiro de 2025 e ainda em pré-produção, a obra tem uma Joan Collins muito animada. “Você Wallis vê primeiro quando está cheia de energia e tem seus jovens acólitos ao seu redor, então, pouco a pouco, ela é destruída pelas circunstâncias”, a atriz disse aos jornalistas. “É um roteiro muito bom e é um ótimo papel para mim. Sempre fui fascinada por Wallis, porque acho que ela foi tratada injustamente,” opinou.
A atriz entra para uma longa lista de talentos que já deram vida à Wallis Simpson nas telas: de Faye Dunaway, Jane Seymour à Eve Best (de House of the Dragon), sendo que as mais elogiadas foram Joely Richardson e Andrea Riseborough. Mas nenhuma delas é uma lenda como Joan Collins.
Independentemente da abordagem, The Bitter End marca uma nova fase para Joan Collins, que, aos 91 anos, continua a surpreender com papéis desafiadores. Sua visão sobre Wallis – uma mulher injustiçada – adiciona uma camada interessante ao projeto, que certamente despertará novas discussões sobre uma das figuras mais controversas da realeza britânica.
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