Brincar com o machismo do universo esportivo é uma piada um tanto conhecida e infelizmente sem muito avanço, mas A Dona da Bola (Running Point) tem um trunfo: o carisma de Kate Hudson. A atriz, filha de Goldie Hawn e uma indicação ao Oscar pelo maravilhoso Quase Famosos, andava meio “sumida” ou má utilizada em Hollywood, mas aqui está em casa e no comando.
Criada pela igualmente talentosa Mindy Kaling, essa comédia usa com inteligência os clichês e evita os mais obvios, sempre numa vibe meio “Ted Lasso“, nem tanto sobre positividade, mas ter um universo esportivo liderado por uma mulher.

O papel de Isla Gordon é perfeito para Kate e todo seu talento é utilizado aqui. Depois que o irmão mais velho, Cameron (Justin Theroux) precisa passar uns meses em tratamento de reabilitação, Isla assume o amado time profissional de basquete de sua família, os Wavers, com todos os problemas que vêm com a função e o fato de ser uma executiva navegando pelo universo masculino.
A misoginia é apenas o primeiro obstáculo a superar: os Gordons são uma família disfuncional e até seus meio-irmãos, Sandy (Drew Tarver) e Ness (Scott MacArthur), querem expulsá-la. Aos poucos tudo passa a funcionar no trabalho, mas equilibrar com as demandas pessoais se prova mais complicado.
Evitei entrar em detalhes sobre a trama em si porque ficaria previsível, mas confie, funciona. Para os tedmaníacos, é como se fosse sobre Rebecca liderando o clube AFC Richmond, mas há mais esperança para o tedbecca do que Ted Lasso permitiu. Fica a dica.


Já que comecei a comparar, obviamente A Dona da Bola não tem as mesmas camadas psicológicas de Ted Lasso, as personagens não são tão profundas, são apenas confusas e divertidas, o que rendeu uma recepção mais para fria da crítica em geral. Bobagem, a química do elenco está aprovada, há muitas coisas quase politicamente incorretas e Kate Hudson não pode ser menos elogiada: a série é ela.
O fato é que A Dona da Bola – claramente inspirada em uma história real, a da família que é dona do L.A. Lakers – não reinventa a fórmula ou tenta ser grandiosa. Nada disso. É uma comédia do estilo tradicional, com situações usuais, mas ainda assim, com todo potencial para chegar aos playoffs das comédias. Honestamente? É de igual para Shrinking, se isso for bom. A meu ver, tem melhor texto e personagens, mas é tão superficial o quanto.

Não há ainda uma segunda temporada confirmada, mas a história termina completamente encaminhada para uma continuação, com uma virada na última cena. Sabe o que mais? Eu veria!
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
