Deliver Me from Nowhere: Jeremy White Allen é Bruce Springsteen

Não é segredo que Hollywood a-do-ra uma biografia, e isso muito antes de praticamente todas as histórias serem inspiradas em fatos reais. E na esteira de ter emplacado Timothée Chalamet em uma atuação elogiada como Bob Dylan em Um Completo Estranho, para o próximo Oscar, o grupo da Disney quer emplacar Jeremy White Allen como ninguém menos do que Bruce Springsteen. Será que consegue?

Não deixa de ser irônico e acertado, dado o momento histórico. Para o jovem Bruce Springsteen, o impacto da música de Bob Dylan foi tão significativo que ele abraçou a música como carreira. As letras poéticas e sociais de Dylan foram fundamentais para ele, que sempre admitiu ser sua principal referência como artista.

Por outro lado, diferentemente do projeto de Dylan, que acompanhei desde o primeiro segundo em que foi anunciado, a biopic de Springsteen, o The Boss, como carinhosamente o apelidaram, surgiu meio que de surpresa, quando a foto oficial de White como o cantor foi divulgada. As primeiras imagens compartilhadas no evento da CinemaCon mostram o ator de jeans, fazendo a passagem de som em um quarto de hotel. E, como era de se esperar, já foi elogiada. Claro, e mais óbvio ainda: ela fecha com Born to Run, o maior sucesso de Springsteen.

O título do filme, Deliver Me from Nowhere, faz referência a uma linha famosa da música The River, uma das faixas mais emblemáticas da carreira de Springsteen, escrita sobre sua irmã e o marido dela. A canção fala sobre a luta, os sonhos frustrados e as dificuldades da vida em uma cidade pequena, abordando temas como a classe trabalhadora, o desemprego e a busca por um futuro melhor.

A frase “deliver me from nowhere” (“me livre do nada”) pode ser vista como um pedido por salvação ou fuga de uma vida sem perspectivas, sem rumo, ou de um lugar estagnado, que muitas vezes aparece nas músicas de Springsteen. Nesse sentido, ela encapsula o espírito de muitas das letras dele, que tratam de pessoas lutando para escapar das dificuldades e encontrar uma chance de recomeçar ou de encontrar sentido na vida.

Ao usar essa frase como título, o filme provavelmente pretende refletir o tema central da música e, por extensão, do trabalho de Springsteen: a busca por um sentido ou uma saída em meio a uma vida difícil e sem muitas opções, representando a luta e a resistência do ser humano diante de um destino aparentemente predeterminado.

A ideia de Deliver Me from Nowhere também sugere uma busca por um lugar melhor, mais significativo, algo que ressoe com as constantes referências de Springsteen à fuga e ao desejo de mudança, muito presente em suas letras.

Escrito e dirigido por Scott Cooper, o filme narra a criação do sexto álbum de Springsteen, Nebraska, para muitos, sua obra-prima. Também é estrelado por Jeremy Strong (de Succession) como o mentor e empresário de Springsteen, Jon Landau, e traz Stephen Graham (de Adolescência) no controverso papel do pai de Bruce, Douglas, com quem o músico tinha uma relação conturbada, marcada por traumas e agressões.

A base do roteiro, que foi aprovado pelo próprio Bruce, é o livro de 2023 escrito pelo amigo do músico, Warren Zanes. Nele, Zanes detalha todos os bastidores do álbum Nebraska e, mais importante, como estava o espírito de Springsteen naquele período de 1982. Naquele ano, Bruce já era famoso e vinha de uma turnê de sucesso com o álbum The River (1980), e essa gravação é considerada um marco em seu legado.

O filme ainda não tem data de lançamento confirmada, mas será até o final do ano, claro, de olho no Oscar e outros prêmios. Jeremy White Allen é hoje um dos atores mais respeitados e premiados, graças ao mega sucesso da série O Urso. Mesmo sem ter visto o trailer (que certamente passará a circular em breve), já sei que ele está bem (mesmo se ele pareça mais com Dylan do que com Springsteen). E você? Aposta em sucesso ou fracasso?

O lançamento desta biografia de Springsteen certamente vai gerar expectativas, tanto entre os fãs do cantor quanto entre os admiradores do cinema. Se o filme consegue captar a essência da alma do “The Boss” e traduzir a energia de sua música, pode ser mais um sucesso no histórico de biografias musicais de Hollywood. A grande questão é: Jeremy White Allen conseguirá equilibrar a reverência ao ícone que Springsteen representa com sua própria interpretação do personagem? O tempo dirá, mas a aposta está feita. E, independentemente do resultado, a jornada até o Oscar já está garantida.



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