O aguardado julgamento federal de Sean “Diddy” Combs começou oficialmente no início de maio de 2025, em Nova York, marcando um dos casos criminais mais intensamente observados da década. A seleção do júri teve início no dia 5 e as declarações de abertura estão programadas para 12 de maio, dando início a um processo que deve se estender por até oito semanas. Combs, de 55 anos, responde a cinco acusações criminais federais, incluindo conspiração para extorsão, tráfico sexual e transporte de pessoas para fins de prostituição. Desde setembro de 2024, ele está detido sem direito a fiança, após ser indiciado por um grande júri.
A investigação contra Combs vem se desenrolando há anos, mas ganhou nova força com a denúncia formal feita por sua ex-namorada, a cantora Cassie Ventura, em novembro de 2023. Ela o acusou de estupro, agressões físicas recorrentes e de mantê-la em um relacionamento coercitivo e violento por anos. Embora esse processo civil tenha sido resolvido de maneira rápida e confidencial, Ventura agora é a principal testemunha da promotoria no julgamento criminal. Segundo fontes ligadas ao caso, ela deve relatar episódios de abuso sexual forçado, espancamentos, uso de substâncias ilícitas e festas promovidas por Combs que, segundo o Ministério Público, funcionavam como fachada para exploração sexual sistemática.

Durante as investigações, agentes federais realizaram buscas nas propriedades de Diddy e apreenderam armas ilegais, drogas e mais de mil frascos de lubrificante, o que reforçou as acusações de que ele conduzia uma rede organizada de abuso. O caso é conduzido pela unidade de direitos civis da Procuradoria Federal de Manhattan, que declarou tratar-se do maior e mais complexo caso que a equipe já enfrentou desde sua criação.
A defesa, liderada pelo renomado advogado Marc Agnifilo, deve adotar uma linha agressiva para desacreditar Cassie Ventura. Já foi anunciado que a estratégia será retratar o relacionamento como “mutuamente violento” e defender que as práticas sexuais envolviam consenso entre adultos. A defesa também tenta normalizar o estilo de vida de Combs, conhecido por festas extravagantes, dizendo que ele apenas participava de uma cena “swinger” e que está sendo alvo de um julgamento moral travestido de processo criminal.
Além do caso criminal em andamento, Combs enfrenta mais de uma centena de processos civis por má conduta sexual, abuso físico e psicológico, sendo acusado por homens e mulheres. Entre os processos arquivados até agora e os que seguem em segredo de justiça, delineia-se o retrato de uma figura poderosa e temida nos bastidores da indústria musical, com um histórico de comportamento predatório sustentado por silêncio, acordos extrajudiciais e influência econômica.

O julgamento, realizado no Tribunal Federal Daniel Patrick Moynihan, em Manhattan, não será televisionado, mas é aberto ao público e à imprensa. A expectativa é de que o caso atraia grande cobertura midiática, principalmente à medida que testemunhas-chave forem sendo convocadas. Combs, até agora, não se declarou culpado, mas se condenado pode enfrentar prisão perpétua.
O impacto do julgamento vai muito além da queda de um ícone do entretenimento: trata-se de uma confrontação direta entre a cultura de poder da indústria musical e o movimento por responsabilização e justiça para vítimas de violência sexual e psicológica. É um processo que promete reverberar não apenas nos tribunais, mas também nas estruturas que, por décadas, silenciaram ou acobertaram os abusos cometidos por figuras influentes como Sean Combs.
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