Denise Gough: De Andor a A Garota Roubada

Em uma única plataforma esbarramos com a premiada atriz de teatro Denise Gough sendo a fria e cruel Dedra Meero de Andor assim como a mãe apaixonada e desesperada de A Garota Roubada, na série dramática que está na Disney Plus desde abril de 2025.

Denise, que é irlandesa e reconhecida no Reino Unido por sua versatilidade e intensidade, é irmã da atriz Kelly Gough, começou a carreira pensando em ser cantora de ópera (foi treinada como soprano) e vive em Londres desde 15 anos, quando decidiu seguir uma carreira artística. Desde que estreou profissionalmente, em 2015, interpretando uma atriz em reabilitação por dependência química, ela já ganhou o Prêmio Olivier de Melhor Atriz e o Critics’ Circle Theatre Award. Ela esteve no elenco britânico de Angels in America (conquistando outro Olivier de Melhor Atriz Coadjuvante e uma indicação ao Tony Award quando a peça foi transferida para a Broadway) antes de investir em trabalhos na TV e no Cinema.

Claro, foi como a implacável vilã de Andor que ela consquistou o público mundial, por isso é ainda mais interessante conferir seu trabalho em A Garota Roubada. Nele, ela é Elisa, mãe de duas crianças pequenas, de cabeça para baixo quando sua filha de 9 anos, Lucia, insiste em passar a noite na casa de sua nova melhor amiga, Josie, e simplesmente desaparece. O que é confuso é que Elisa é cuidadosa, ou achava que fosse porque ela conheceu a mãe de Josie, Rebecca, e visitou a casa, por isso quando se vê vítima de um golpe e Lucia desaparece, nada faz sentido.

Claro que não é um sequestro qualquer, há segredos do passado de Elisa e de seu marido que eles acreditavam ter escondido e que voltam à tona, assim como o que motiva Rebecca. Nada é o que parece e o drama é regado à reviravoltas, o que o aproxima do folhetim, mas ainda segura o interesse.

A série, cujo nome original era Playdate, é a adaptação do livro escrito pela escritora norueguesa Alex Dahl em 2018 e foi primeiro anunciada para 2023, mas só chegou à Disney Plus agora. São cinco episódios super intensos e devo reconhecer: a revelação da verdade não é fácil de pescar, é mesmo surpreendente. Embora A Garota Roubada (The Stolen Girl) seja uma obra de ficção, seu enredo foi parcialmente inspirado no caso real de Maureen Dabbagh, uma mãe americana cuja filha foi sequestrada pelo ex-marido e levada para o Oriente Médio na década de 1990 e que rendeu o filme com Sally Field. A série explora temas de maternidade, trauma e as complexidades das relações humanas.

A série recebeu críticas mistas. Enquanto alguns elogiaram a atuação de Denise Gough e a tensão emocional da narrativa, outros apontaram inconsistências no enredo. A crítica do The Guardian descreveu a série como “divertidamente absurda”, destacando seu ritmo acelerado e estilo visual . Já o The Times elogiou a performance de Gough, embora também tenha mencionado falhas no roteiro, que, como disse, rapidamente fica muito dramático e arrumando motivos para nos surpreender. A adaptação televisiva fez algumas alterações em relação ao livro original, como, por exemplo, mudar a história que se passa na Noruega, para ser ambientada principalmente em Manchester, no Reino Unido.

Ainda com suas falhas, A Garota Roubada é uma exploração intensa dos medos parentais e das consequências de segredos ocultos. Apesar de algumas críticas quanto à plausibilidade do enredo, a série conseguiu capturar a atenção do público com sua narrativa emocional e performances impactantes.

Mesmo com seus excessos dramáticos, A Garota Roubada se sustenta na força de Denise Gough, que traz à personagem Elisa uma mistura desconcertante de fragilidade e obstinação. Seu olhar transtornado, a postura vacilante e a dor que nunca cede formam o centro emocional da série — e é isso que a diferencia de tantos outros thrillers sobre crianças desaparecidas.

Ao vê-la nesse papel tão oposto ao de Dedra Meero — a calculista agente imperial de Andor, movida pela lógica e pela sede de poder — fica evidente por que Denise Gough é considerada uma das intérpretes mais instigantes da atualidade. Seja no teatro ou na televisão, ela demonstra que a verdadeira intensidade vem da nuance, e que mesmo em tramas rocambolescas, como essa, é possível encontrar verdade, medo e amor.


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