Fiquei surpresa com o sucesso de As Nonnas, um filminho da Netflix sem grandes pretensões. Ele segue uma receita conhecida, não exatamente do tipo “filme de família”, mas aquela fórmula básica que todo mundo já viu. O ingrediente curioso — e talvez o mais interessante — é que a história é inspirada em fatos reais. Mas nem isso salva a obra da previsibilidade assustadora.

Vince Vaughn interpreta Joe, um homem enlutado que perde sua mãe e avó em sequência e se vê sem rumo. A solução para dar sentido à vida? Abrir um restaurante italiano cuja cozinha será comandada apenas por avós — sim, as nonnas do título. Obstáculos surgem, claro, mas ninguém duvida do final feliz. Afinal, se virou filme, já sabemos como termina, né?

Como toda comédia com tempero ítalo-americano, há canções antigas, danças espontâneas, brigas barulhentas seguidas de reconciliações emocionadas, e muita, muita comida. Pasta, vinho e afeto se misturam como se calorias fossem irrelevantes. O que alguns críticos chamaram de “original” — e eu achei bem raso — é o fato de o filme mostrar um homem lidando com seu luto de forma vulnerável, quase abraçando um complexo de Édipo ao tentar substituir as figuras femininas que perdeu.

Abrir um restaurante em Staten Island parece, para Joe, a maneira ideal de honrar sua mãe e sua avó. Ele credita a elas seu talento na cozinha, mas sabe que nada substitui o toque — e o amor — das mulheres que o criaram. Primeiro, busca apoio das amigas de sua mãe (vividas por Lorraine Bracco e Susan Sarandon). Depois, encontra mais duas cozinheiras através de um anúncio no Craigslist (Brenda Vaccaro e Talia Shire), que abraçam o projeto não só por amizade, mas pela vontade de se sentirem úteis novamente.

Para quem está precisando de algumas horas com histórias piegas e previsíveis, o prato está servido. Falta personalidade, mas as pitadas de clichê garantem que As Nonnas não seja profundamente irritante — só falta sal. É comfort food cinematográfica: acolhedora, mas esquecível.