Quando Alafair Burke lançou o livro The Better Sister em 2019, foi um grande sucesso. O thriller psicológico sobre o estranho assassinato do advogado Adam Macintosh e como isso vira de cabeça pra baixo a vida da jornalista Chloe Taylor, era irresistível. O principal suspeito é o enteado-sobrinho de Chloe, Ethan, mas claro que a investigação do crime traz à tona segredos familiares enterrados há décadas, incluindo a briga de Chloe com sua irmã afastada, Nicky, a mãe biológica de Ethan e ex-esposa de Adam. A trama de folhetim rendeu uma série que nos mantém entretidos e que chegou à Prime Video na virada do mês de maio para junho.
Sim, é um novelão intenso, com seus nove episódios, mas daqueles que prendem até o fim. A série mergulha fundo nos segredos de família e nas dinâmicas entre irmãs, enquanto acompanhamos a polícia desconfiar de Ethan. A cada episódio, novas camadas vêm à tona…

Há quem diga que The Better Sister é um Big Little Lies da costa leste americana, com casas lindamente decoradas, um desfile de figurinos sóbrios e um estilo de vida que é fascinante. A experiência de Burke como promotora e professora de direito antes de escrever o livro contribui para a autenticidade das cenas jurídicas, adicionando profundidade à trama. A série não fica muito tempo ali, partindo direto para o drama familiar.
A minissérie traz Jessica Biel como Chloe e Elizabeth Banks como Nicky, em uma química de elenco perfeita, sem mencionar uma grande atuação de Banks. A história, mesmo que inverossímil como várias outras de suspense, tem uma vantagem de não ser inspirada em uma história real, e digo isso porque a onda de true crime esgotou a criatividade de simplesmente inventar boas histórias. E com justiça, a crítica está adorando a série.
Como o gênero faz bem, primeiro vemos uma vida e um casamento idealizado, para aos poucos ir vendo os cacos entre quatro paredes. Surpreendentemente, de surpresa de alguém ter matado Adam a facadas na casa de praia, passamos aos poucos para uma longa lista de possíveis suspeitos que estão escapando da Justiça deixando Ethan enrascado.
Aos poucos também, vemos como Nicky não é bem a vilã que Adam e Chloe pensavam, e as irmãs deixam de ser adversárias para salvarem “seu filho”. Elas vêm de uma casa de abusos, alcoolismo e outros problemas, mas com consequências diferentes para as irmãs. Obviamente o fato de terem se casado com o mesmo homem não ajudou em nada, mas o fato é que permanece: quem matou Adam?
A história caminha um tanto confusa com muitos personagens que demoramos a entender como são ligados, mas é também o que mantém as reviravoltas acesas.
A showrunner Olivia Milch amarra bem o drama, a tensão e até o humor ocasional de forma que a verdade é dita logo no início, mas apenas os atentos ou leitores pegarão a informação. Sem ela, certamente a revelação causa surpresa. E aqui está o maior mérito de The Better Sister porque a verdade só faz sentido quando é assumida – mesmo que deixe algumas questões – e ela não é a principal reviravolta da história.
Agora, vamos aos SPOILERS.

A história acompanha o drama de Chloe Taylor (Jessica Biel), executiva de uma revista que tenta descobrir quem matou seu marido, Adam (Corey Stoll). O principal suspeito, para desespero dela, é Ethan (Maxwell Acee Donovan), seu enteado e sobrinho. Isso mesmo, Chloe se casou com Adam depois que ele se separou da irmã dependente química e alcoólatra, Nicky (Elizabeth Banks), que estava afastada de Chloe e retorna à sua vida por ser a mãe biológica e guardiã de Ethan. Chloe, a “irmã melhor” que teve uma vida estável e perfeita, tem suas mágoas com Nicky, por isso a convivência das duas é delicada.
Para inocentar Ethan, as duas se empenham para decifrar quem matou Adam, um caminho que as leva enfrentar dores do passado e descobrir novas verdades no presente. E a partir daí é que a história dá tantas voltas que em um momento mal lembramos quem era Adam ou por que alguém o queria morto.
Quando Chloe e Nicky finalmente conseguem que o júri inocente Ethan, ainda fica o mistério e o perigo de que há um ou uma assassino (a) à solta. E finalmente percebemos que um mundo sem Adam é um mundo melhor.
Vamos a quem matou Adam Macintosh: Nicky. Mesmo que tenha sido autodefesa, e ela tenha voltado para defender Chloe de violência doméstica. O problema? Ela deixa o próprio filho ser acusado e julgado por um crime que ela mesma cometeu — tudo em nome de um plano que parece saído de outro folhetim ainda mais delirante
Superando essa incongruência, até porque Nicky é uma das heroínas da história, a gente perdoa porque o resto dos personagens são todos loucos ou mau caráter ou as duas coisas juntas. Depois de ter conseguido inocentar Ethan e ninguém ainda ter chegado à Nicky, Chloe passa a se empenhar em salvar a irmã, nos levado a torcer por uma assassina.

Quando Chloe consegue incriminar um bandido que merecia ir para prisão pelos seus golpes, damos de ombros para o absurdo da conclusão. Além de Chloe, apenas a engraçada e irritante detetive Nancy Guidry (Kim Dickens) desconfia e isso porque descobriu que Nicky contou à ex- sogra sobre a morte de Adam antes mesmo de ser notificada oficialmente pela polícia. Mas Guidry é afastada do caso após uma reportagem expor erros anteriores em suas investigações, e seu chefe considera a sogra uma fonte pouco confiável. Essa é uma grande virada.
Assim, as irmãs estão reconciliadas e tranquilas, combinando escrever um livro sobre a história e nos deixando satisfeitos — ou talvez apenas anestesiados — com uma história bem contada. Afinal, em The Better Sister, ser a irmã melhor é saber mentir melhor!
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