Carrie Bradshaw no divã: por que ela não é necessariamente uma referência saudável

Quando estabeleceu os fundamentos da Psicanálise, Sigmund Freud alertou para o perigo da chamada “análise selvagem” — termo que usou para descrever o uso impróprio das ferramentas psicanalíticas fora do setting clínico. Em outras palavras: se não é uma sessão entre a pessoa e o psicanalista, não é Psicanálise — é julgamento, interferência, é errado. Mas quando se trata de uma personagem fictícia como Carrie Bradshaw, protagonista de uma das franquias mais influentes da cultura pop recente, resistir a uma interpretação psicanalítica se torna quase impossível — especialmente porque ela mesma parece estar sempre se autoanalisando.

Uma das razões que me fazem pausar para propor essa leitura é o impacto duradouro que Carrie teve sobre gerações que cresceram com ou se apaixonaram pelas séries Sex and The City, The Carrie Diaries, os filmes e agora a continuação em And Just Like That. Nas projeções idealizadas das fãs, que viam nas quatro amigas — Miranda, Charlotte, Samantha e Carrie — versões arquetípicas da mulher moderna, era a neurótica escritora quem costumava gerar maior identificação. Carrie era, para muitas, a mais “relacionável”. Mas se você era sempre Carrie, como explicar que sua amiga, aquela que jurava ser Miranda ou Charlotte, também se via como Carrie?

Raramente alguém se dizia Samantha — embora ela seja justamente a que mais resistiu ao tempo e às transformações culturais, como símbolo de empoderamento e sororidade. Qualidades que nem sempre podem ser atribuídas com tanta segurança às outras três.

O desconforto que sentimos ao perceber que não curtimos Carrie Bradshaw aos 60 da mesma forma que aos 30 torna essa “análise selvagem” não apenas tentadora — mas também relevante. Afinal, ela pode nos ajudar a entender as armadilhas patriarcais (e psicológicas) que nos fizeram torcer por um homem tóxico como Mr. Big, acreditando que ali havia uma história de amor com final feliz. Ou, agora, a projetar em Aidan — igualmente imperfeito — a promessa de uma solução romântica para a felicidade de Carrie.

Freud nos deu as ferramentas para entender, com distanciamento e sem julgamentos, por que Carrie Bradshaw talvez não seja uma referência saudável para as mulheres — e, ainda assim, paradoxalmente, as represente tão bem. Vamos nessa?

1. Infância e Formação: a ferida do abandono materno

Embora na versão adulta Carrie jamais cite sua família ou sua origem, a prequela The Carrie Diaries revelou que a mãe de Carrie morreu quando ela ainda era adolescente. A ausência materna precoce é uma chave para entender a dificuldade de Carrie em estabelecer vínculos afetivos seguros. Freud apontava que a perda precoce de um objeto de amor pode gerar o que mais tarde se tornará um “luto não elaborado”, predispondo à personalidade melancólica. Em Carrie, isso se manifesta em uma busca constante por validação amorosa – uma espécie de compulsão à repetição no campo romântico.

A figura do pai, embora presente nos Diaries, desaparece do universo de Sex and the City, sendo mencionado apenas uma vez como alguém que a abandonou. Isso alimenta um complexo de abandono primário, que Carrie projeta em seus relacionamentos, especialmente com Mr. Big: ela vive na tensão entre desejar ser escolhida e fugir no momento em que sente que está sendo engolida por um vínculo.

Isso mesmo. Segundo a Psicanálise, especialmente em sua formulação clássica, nossas escolhas amorosas na vida adulta têm raízes no Complexo de Édipo — um processo psíquico que estrutura nosso desejo a partir das primeiras relações com as figuras parentais. No caso das mulheres, é comum que a figura paterna — ou melhor, a função que essa figura ocupa no inconsciente — exerça um papel decisivo na forma como nos ligamos afetivamente. De maneira inconsciente, buscamos, nas relações amorosas, reencenar ou reparar aspectos não resolvidos dessa dinâmica infantil. Quando Carrie Bradshaw elege Mr. Big como seu “grande amor”, podemos intuir que ela está tentando, de forma repetitiva e compulsiva, dar forma a uma expectativa inconsciente de ser escolhida, valorizada ou reconhecida — talvez por um pai que nunca apareceu simbolicamente em sua história.

Esse padrão se repete em praticamente todos os relacionamentos amorosos de Carrie. Berger, Aidan, Petrovsky, Big — todos eles, em algum momento, representaram aquilo que Lacan chamaria de objeto a: uma espécie de isca do desejo, sempre fora de alcance, que promete uma completude afetiva que nunca se realiza. Homens que pareciam oferecer a Carrie o amor pleno, mas que, na prática, ou eram emocionalmente inacessíveis, ou exigiam que ela se moldasse a algo que não era. A escolha reiterada por figuras assim sugere um desejo estruturado em torno da falta: Carrie ama o que está sempre um passo adiante — inalcançável o bastante para manter viva a ilusão de plenitude. Isso não é um erro individual, mas um sintoma — um modo inconsciente de sustentar a busca por um amor ideal que, no fundo, preserva a lógica da frustração. Em vez de romper com esse ciclo, Carrie o estetiza: transforma a ferida em texto, a dor em glamour, a carência em estilo de vida. E é por isso que tantas mulheres se identificam com ela: Carrie encarna a contradição entre o desejo de ser amada por quem somos e o impulso de conquistar justamente quem insiste em nos enxergar pela metade.

Se você torceu por esses romances, não se sinta culpada — ou neurótica. A cultura do cinema e das séries é construída justamente em torno de narrativas instáveis, cheias de altos e baixos, suspenses e reviravoltas emocionais. É natural que a gente se envolva, se projete, sofra junto. A única coisa que talvez valha lembrar é que, não — Carrie Bradshaw está longe de ser uma mulher livre de traumas, neuroses ou repetições inconscientes. E é exatamente isso que a torna tão próxima de nós.

2. O narcisismo performativo e a escrita como defesa

Carrie escreve sobre sexo e relacionamentos, mas seus textos quase sempre giram em torno dela mesma. Claro que isso ocorre porque ela é colunista e seus textos precisam ser autorais — afinal, ela é a personagem principal da história que conta.

Por outro lado, esse foco constante no próprio eu sugere aquilo que a Psicanálise chama de narcisismo secundário defensivo: um mecanismo pelo qual o sujeito se coloca no centro para preservar sua integridade psíquica diante da fragilidade emocional. Para Carrie, a escrita funciona como uma forma de simbolizar o real traumático — uma tentativa de controlar a narrativa da própria vida e, simultaneamente, proteger-se do caos do inconsciente.

Essa compulsão narrativa também atua como defesa contra a castração simbólica. Escrever é domesticar o incontrolável, é tentar bordar a ferida com palavras, episódio após episódio, buscando dar sentido e forma ao que parece irreparável.

Agora, há sim um aspecto extremamente narcísico em Carrie que raramente escuta as dores das amigas. Por exemplo, quando Miranda pediu ajuda quando caiu no apartamento e precisava de alguém para levantá-la e Carrie enviou Aidan para ajudar a amiga porque ela tinha outro compromisso, o que pode ser visto como uma forma de distanciamento emocional. Em outra ocasião, quando as amigas a criticaram justamente, Carrie reagiu apontando que elas não estavam sendo empáticas com ela, invertendo a responsabilidade e evitando enfrentar suas próprias falhas.

O exemplo talvez mais emblemático desse narciso aparece no episódio em que Carrie enfrenta dificuldades financeiras e, em vez de assumir a responsabilidade por suas escolhas — como o gasto excessivo em sapatos enquanto adiava a compra do próprio apartamento —, ela cobra Charlotte por ajuda financeira, julgando a amiga insensível por não socorrê-la (o que Charlotte acaba fazendo). Esse momento revela não só a dependência emocional e financeira de Carrie, mas também uma expectativa irreal de ser centralizada e cuidada pelas amigas, mesmo que isso comprometa a autonomia delas.

Carrie é uma boa amiga, com uma capacidade genuína de afeto e lealdade, mas também apresenta muitos momentos desafiadores, em que o ego e a necessidade de controle sobre a narrativa pessoal falam mais alto que a empatia e a reciprocidade.

3. Relacionamentos amorosos: projeções, compulsões e medo da intimidade

Já discutimos como Mr. Big é o epicentro da fantasia romântica de Carrie. Ele representa o “grande Outro” inatingível — uma figura fálica carregada de prestígio, indiferença e mistério. Carrie investe emocionalmente em Big não pelo que ele realmente é, mas pelo que ela deseja que ele seja: um espelho que a legitime e preencha uma falta interna. Ao longo da série, sua relação com Big se desenrola como uma dramatização do fantasma histérico, em que o sujeito se posiciona como ausência ou falta para o Outro na esperança de ser desejado e, assim, completado.

Aidan, por outro lado, representa a possibilidade de um amor real, cotidiano, e seguro. Porém, é justamente essa segurança — essa intimidade estável — que se torna intolerável para Carrie em certos momentos. A proximidade que Aidan oferece ameaça desvelar sua própria angústia e a identidade despida do glamour neurótico que ela construiu para si mesma. Freud falaria aqui de uma recusa à realidade em favor da neurose: Carrie sabota Aidan porque ele representa o risco de dissolver a fantasia que sustenta sua estrutura psíquica.

Em And Just Like That, o reencontro com Aidan parecia apontar para uma possível reparação dessa dinâmica — um convite para finalmente apreciar um amor que não é pautado pela ausência ou pela idealização. No entanto, os roteiristas, mantendo a lógica dramática da série, transformam novamente Aidan em uma figura “indisponível”, agora por conta das obrigações com seus filhos. Isso mantém viva a tensão, ao deslocar para ele a posição de homem inalcançável que durante anos foi ocupada pelo falecido Mr. Big. Assim, Carrie o elege como “o grande amor da sua vida”, mas a repetição do padrão deixa claro que, mais do que um sujeito real, Aidan encarna uma função psíquica ligada ao desejo e à falta.

A repetição compulsiva desse padrão — o de investir em homens que estão, de um modo ou de outro, emocionalmente indisponíveis — é um sintoma psíquico profundamente ligado à estrutura neurótica. Para Carrie, essa dinâmica funciona como um modo inconsciente de preservar uma zona de conforto na frustração. Ela ama o que está sempre além do seu alcance porque, paradoxalmente, isso a protege da exposição total à intimidade — àquela vulnerabilidade radical que a faria confrontar não apenas o outro, mas principalmente a si mesma.

Esse medo da intimidade está ligado a uma defesa contra o que Freud chamou de “castração simbólica”, ou seja, a aceitação das limitações e perdas que fazem parte do vínculo real com o outro. Para Carrie, aceitar a completude afetiva implicaria reconhecer as próprias feridas, desejos contraditórios e inseguranças profundas — algo que a narrativa da série, mesmo em seus momentos mais maduros, raramente permite que ela faça sem se defender com ironia, humor ou fuga.

Além disso, a escolha por figuras que a querem mudar ou que não a veem integralmente pode ser lida como uma tentativa de manter um controle indireto sobre o relacionamento, preservando a autonomia aparente. Esse controle é ilusório, pois acaba sendo uma forma de repetir padrões que perpetuam a própria sensação de desamparo e carência. É a “fuga da liberdade” que o psicanalista Rollo May descreve: o sujeito prefere o sofrimento conhecido da repetição à angústia da novidade que a liberdade traz.

Miranda, Charlotte e Samantha, com suas próprias formas de amor e desafios, funcionam na vida de Carrie como espelhos e contrapontos. Miranda, mais racional e pragmática, espelha a parte mais vulnerável e negada de Carrie, que rejeita a maturidade emocional em nome do desejo e do sonho. Charlotte, idealista e tradicional, representa aquilo que Carrie rejeita e inveja — a possibilidade de uma felicidade que parece estável, mas que também tem seus próprios custos psíquicos. Samantha, por sua vez, é a encarnação da liberdade sexual sem amarras, que desafia a neurose e o medo de intimidade que Carrie carrega, embora Carrie raramente consiga integrar essa liberdade plenamente.

No fundo, a identificação que tantas mulheres têm com Carrie reside exatamente nessa complexidade e contradição. Ela não é a mulher realizada e livre que a cultura pop muitas vezes vende, mas um sujeito em permanente tensão, marcado por desejos conflitantes, falhas, recaídas e a eterna busca por algo que nunca chega completamente. Essa humanidade — com suas fraquezas e falhas — é o que a torna tão próxima e tão frustrante para quem a acompanha.

4. Amizade como lugar de sublimação e transferência

As amizades femininas funcionam como suportes transferenciais — tanto no sentido terapêutico quanto narcísico. Elas são espelhos e colchões emocionais.

  • Charlotte representa o superego moral e o ideal romântico tradicional. Carrie se irrita com sua ingenuidade, mas também a inveja. Charlotte é, de certo modo, o que Carrie tenta evitar se tornar, mas cuja doçura e fé no amor a tocam. Seu embate clássico — “Eu acredito em amor à primeira vista!” “Você acredita porque nunca foi magoada!” — revela uma clivagem interna de Carrie entre ceticismo e esperança.
  • Miranda é o ego racional, o princípio de realidade. Ela funciona como o contraponto cínico à impulsividade emocional de Carrie. Mas Carrie raramente acolhe o ponto de vista de Miranda — ela o tolera. Isso mostra como Carrie se relaciona com as amigas de forma ambivalente: como espelhos parciais. Ela aceita suas presenças enquanto não é confrontada em suas contradições.
  • Samantha é a única que escapa à lógica emocional de Carrie. Samantha é potência sexual, autonomia plena, ausência de culpa. A tensão entre Carrie e Samantha está no fato de que esta última não quer ser compreendida ou narrada — ela simplesmente existe. Carrie nunca consegue integrar Samantha como modelo de mulher; ela a admira como se admira o que é inalcançável.

Em And Just Like That, a ausência de Samantha é tratada como luto. As novas amigas (Seema, Lisa, Nya) são introduzidas como substitutas simbólicas, mas nenhuma tem o mesmo peso estrutural. Carrie precisa sair de si para se reinventar, mas a série mostra como esse processo é mais difícil na maturidade. Seema, em particular, funciona quase como uma analista informal: é com ela que Carrie se confronta com a possibilidade de ficar sozinha — e tudo bem.

5. O objeto-sapato como fetiche fálico

O fascínio de Carrie por sapatos, especialmente os Manolo Blahnik, não é apenas fashion. É fetichista no sentido freudiano: o sapato ocupa o lugar do falo simbólico — aquilo que falta, mas que pode ser encenado. Ela afirma: “Eu gosto do sapato, ele me dá algo que os homens não me dão”.

Carrie usa os sapatos como instrumentos de poder, de afirmação identitária e de desejo. Quando ela pisa, ela performa. A perda de um sapato (como no episódio “A Woman’s Right to Shoes”) representa mais do que uma anedota: é uma ameaça ao seu valor simbólico — ao que ela acredita que a protege da castração social. Ao se reafirmar como merecedora de um par novo, ela reafirma seu lugar no mundo.

6. O envelhecimento e o declínio da fantasia romântica: o deslocamento do desejo

Em And Just Like That, o tempo finalmente cobra seu preço. Carrie é confrontada pela primeira vez com perdas que não podem ser esteticamente contornadas: a morte de Mr. Big, a menopausa, a solidão, a diminuição de sua relevância cultural. Seu corpo muda, sua libido muda, seu círculo social se esgarça. Pela primeira vez, ela não sabe exatamente quem é — e, mais importante, não consegue mais escrever da mesma forma. Essa crise é simbólica: quando a linguagem falha, o eu também vacila. A escrita sempre foi a forma com que Carrie bordava sentido nas suas experiências; sem ela, sobra o vazio que antes era recoberto por palavras, sapatos e histórias.

A reaproximação com Aidan parecia prometer uma espécie de “final feliz alternativo”, como se a série oferecesse a chance de reescrever a história a partir da maturidade. Mas o que se segue não é um erro, uma traição ou um drama passional: é uma impossibilidade estrutural. Aidan agora tem filhos, responsabilidades, limites. Carrie já não ocupa o centro da vida de ninguém — e isso, ao contrário do que pareceria anos antes, não é mais o fim do mundo. A narrativa, em vez de seguir uma lógica de reparação, ensina uma espécie de resignação suave. Carrie começa a aceitar que algumas histórias não se concluem, que algumas pessoas não ficam, que alguns desejos apenas mudam de forma.

Claro que, como mencionado antes, esse novo Aidan também ocupa o lugar simbólico de indisponibilidade que por tantos anos foi de Mr. Big. Mas a diferença está em Carrie: agora ela escolhe se afastar. Ela não implode a relação por impulso, não se martiriza. Ela apenas percebe que não dá mais — e isso, por si só, é um gesto de maturidade.

Esse deslocamento do desejo — do amor romântico para algo mais tênue e interno, como serenidade, espaço, autonomia — representa um amadurecimento raro de se ver em protagonistas femininas da cultura pop. E, paradoxalmente, é justamente isso que tem afastado parte do público. Carrie parece ter perdido sua faísca, sua neurose cintilante, sua inconstância dramática. Quando ela pergunta “no que fui me meter?”, muitos leem isso como sinal de tédio, de acomodação. Mas talvez a resposta seja outra: ela se meteu, enfim, na vida real.

A verdade incômoda é que pessoas emocionalmente estáveis não rendem bons dramas. Na clássica trajetória do herói, é preciso conflito, perda, transformação. Um sujeito equilibrado atravessa o enredo com menos solavancos — e, para o espectador, isso pode soar como uma perda de magnetismo. Estranhamos essa nova Carrie porque, talvez, ainda precisemos do caos reconfortante de suas neuroses para nos assegurarmos de que estamos vivos, de que ainda somos os mesmos. Mas nós também estamos mudando — e ela, de certo modo, foi só a primeira a admitir.

7. Por que tantas mulheres se identificam com Carrie Bradshaw?

A força de Carrie não está em ser perfeita — mas em ser contraditória. Ela erra, é egoísta, toma decisões ruins, machuca os outros, mas continua tentando. O apelo de Carrie reside justamente nessa vulnerabilidade narcisista, que espelha a condição feminina contemporânea: querer tudo, não saber como, não saber se pode. Ela é o retrato de um sujeito em busca de si, que usa a estética, o humor e a amizade como contenções simbólicas.

Carrie também legitima o desejo feminino em todas as suas formas: o desejo de amor, de sexo, de liberdade, de reconhecimento. Ela dá voz a dúvidas reais — “Por que ele não ligou?”, “Posso perdoar?”, “Sou suficiente?” — e oferece uma linguagem onde antes havia silêncio ou culpa.

Ela não é exemplo; é espelho. Por isso permanece.

Carrie Bradshaw é uma histérica moderna: não no sentido vulgar do termo, mas na acepção psicanalítica profunda. Ela vive na borda entre o desejo e a linguagem, entre o gozo e a falta, entre a idealização e o colapso. Sua escrita é o cordão que a mantém ligada ao mundo. Seus relacionamentos, suas amigas, seus sapatos, suas dúvidas — tudo faz parte de uma montagem psíquica cujo objetivo não é curar, mas continuar.

Carrie é o ego despenteado de uma geração inteira.


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário