Eu tive a chance de ver Andor completo antes de ser liberada para plataforma e passei um mês com o coração apertado/dividido quando a história de Cassian Andor e Bix Caleen ganhou proporções inesperadamente trágicas, especialmente com o sacrifício dela para levar ao dele que morreu sem saber que era pai, mas ajudou a salvar a galáxia. Não havia sombra de dúvidas de que eles se amavam, mas… e Jyn Erso?
Nem tinha elaborado tudo isso e em seguida, veio a oportunidade de conversar com Diego Luna – por poucos minutos, mas exclusivamente – e fiquei no meu dilema pessoal: como fazer a pergunta que não quer calar? Eu a chamo de “a pergunta do elevador” e não sabia que era algo estabelecido entre os fãs. Como sempre fui vocal em defender a história de amor que nunca aconteceu em Star Wars, agora estava me sentindo culpada de torcer por um romance enquanto Cassian desconhecia ter um filho com Bix. No final, encontrei um meio de manter todos (in)felizes, com a benção pessoal e indireta de Diego, mas foi uma saga pessoal.

No dia da entrevista, estava com receio de chutar a bola para fora e irritá-lo ou com medo de levar um drible elegante de uma resposta genérica e fria. Mas não teria outra chance e fui lá e perguntei a Diego especificamente, diante do que sabíamos de Bix (piscadinha), como ficava para os fãs aquele momento do elevador de Rogue One entre Cassian e Jyn. Ele não respondeu com todas as letras, claro, por causa dos spoilers, mas disse o suficiente. O suficiente para me deixar remoendo tudo por dias!
Basicamente eu deixei claro que eu era Team-Jyn, pedindo que fosse cuidadoso com meu coração ao responder o que Andor já tinha deixado claro, e nós rimos. Diego saiu pela tangente: há espaço para contradições nas personagens e com o que tinha visto, sugeriu que eu fizesse a minha escolha. Te falei que eu era Team-Jyn, mantive minha posição “porque sou romântica”, ao que ele brincou: “eu também e Cassian igualmente, embora nem ele saiba”.
Agora, com a entrevista que Diego deu ao Collider, ficou claro: Cassian e Bix eram tudo um para o outro. A infância, o primeiro beijo, os erros cúmplices, o retorno inevitável. “Ela é o lar dele. A pátria. A última ligação com o passado.” Ele voltaria. Ele voltaria por ela. E ele morreria com essa lembrança.
O barulho do meu coração quebrado pode ser ouvido nas entrelinhas. Eu shipo Cassian com Jyn.

Amo Bix. Admiro a personagem, me comovo com sua dor, seu silêncio, sua resistência, sua força trágica. Mas Jyn… Jyn aparece como uma centelha. A fagulha da possibilidade. Se ele tivesse sobrevivido a Scarif, Cassian teria voltado para Bix, sim — porque esse era Cassian, leal até o fim. Mas teria voltado com o coração em conflito. Porque, naquele elevador, ao lado de Jyn, houve algo. Algo muito mais do que camaradagem de guerra. Houve carinho, houve rendição. Houve beijo (garanto que houve!). Houve uma espécie de amor.
O showrunner Tony Gilroy não estava presente na entrevista, mas como não estou sozinha também falou do “dilema”. “Eu conhecia muito bem o que tinha acontecido com Jyn e Cassian em Rogue One e o que havia acontecido no elevador”, ele comentou também para a Collider. “Ela era bem ambígua sobre o que estava acontecendo ali. Fiquei com pena das pessoas que investiram tanto tempo em fanfics e coisas assim. Pessoas que realmente mergulharam fundo nisso. Você não quer pisar no jardim de flores de alguém, sabe? Mas eu preciso fazer o que tenho que fazer. Tenho certeza de que há alguém que nunca vai superar isso. Peço desculpas. De verdade,” ele continuou.
Tudo bem, Tony. Tudo bem, Diego. A ambiguidade ainda está lá, e isso é maravilhoso!
Jyn, de certo modo, podia lembrar a irmã que Cassian jamais reencontrou. Tinha algo nela — no abandono, na orfandade, na rebeldia, na dor abafada — que ecoava o que ele mesmo viveu. E talvez por isso mesmo o sentimento fosse tão forte. Tão rápido. Tão irreversível.
Mas não houve tempo.
E é esse o ponto. Tanto Rogue One como Andor não são sobre finais felizes. São sobre tudo aquilo que poderia ter sido. São sobre o amor que quase foi, a vida que não deu tempo de acontecer, os gestos que valem por uma história inteira. É sobre o que fica nas entrelinhas.


Cassian era um homem feito de perdas, de lealdade, de silêncios longos. E seu amor por Bix — profundo, enraizado, visceral — nunca deixou de existir. Mesmo quando ele olhou para Jyn e viu ali uma nova chance. Talvez uma fuga. Talvez uma faísca. Talvez o futuro.
“Você não entende sacrifício sem esperança”, disse Diego Luna na entrevista para Collider. E nessa temporada, a esperança existia — porque o amor estava presente. Mais de um. Em camadas. Em conflitos.
Então sim, Diego. Você é um gentleman. Me respondeu com delicadeza, desviou com charme e agora, semanas depois, me entrega a verdade como quem deixa uma flor num túmulo. Cassian amou Bix. E ainda assim, poderia ter amado Jyn. Por isso, Andor é a obra mais humana de toda a saga de Star Wars.
Porque só os humanos vivem (e morrem) com o coração dividido.
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