Jane Austen em Alta: o Legado Cinematográfico no Aniversário de 250 Anos da Autora

Em meio às comemorações pelos 250 anos de nascimento de Jane Austen, uma nova adaptação de Razão e Sensibilidade foi anunciada, reacendendo o interesse pelas obras da autora em uma fase de renovado entusiasmo cinematográfico por sua literatura. A produção, que terá Daisy Edgar-Jones no papel da sensata Elinor Dashwood, promete ser o carro-chefe de uma nova leva de releituras austenianas no cinema contemporâneo.

A direção ficará a cargo da premiada cineasta britânica Georgia Oakley (Blue Jean), com roteiro assinado por Diana Reid, nome em ascensão na dramaturgia anglófona. A produção é da Focus Features em parceria com a Working Title, mesma combinação que já rendeu sucessos como Orgulho e Preconceito (2005) e Emma (2020). A escolha de Daisy Edgar-Jones para protagonizar o projeto ecoa o desejo da equipe criativa de atualizar a sensibilidade da narrativa sem perder a introspecção emocional que marcou a obra original. Outras escalações de elenco estão em fase de negociação, e nomes como Emma Mackey, Josh O’Connor e Paul Mescal já circulam em conversas especulativas de bastidores.

A história de Razão e Sensibilidade gira em torno das irmãs Elinor e Marianne Dashwood, que após a morte do pai veem sua situação financeira desmoronar. Enquanto Elinor representa a razão e o autocontrole (a “razão” do título), Marianne é guiada pela emoção, pelo romantismo e pela impulsividade (a “sensibilidade”). As duas enfrentam os altos e baixos da vida amorosa e das convenções sociais na Inglaterra do final do século XVIII, navegando entre promessas quebradas, expectativas frustradas e a descoberta de um amor verdadeiro mais maduro. Além das protagonistas, a história conta ainda com figuras marcantes como o reservado e leal Coronel Brandon, o sedutor Willoughby e o retraído Edward Ferrars — todos essenciais na construção do enredo e na representação dos desafios que o amor enfrenta diante das pressões sociais.

A escolha por reviver Razão e Sensibilidade em 2025/2026 não é casual. Há exatos 30 anos, em 1995, a versão dirigida por Ang Lee e roteirizada por Emma Thompson — que também interpretou Elinor — reacendeu o fascínio por Jane Austen nos cinemas. Com Kate Winslet como Marianne, Alan Rickman como Brandon e Hugh Grant como Edward, o longa se tornou um sucesso de crítica e público, vencendo o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e abrindo as portas para uma verdadeira “onda Austen” que incluiu Emma (1996), Persuasão (1995 e 2007), Mansfield Park (1999), Orgulho e Preconceito (2005) e o cultuado Becoming Jane (2007), que dramatiza a juventude da autora.

Essa nova produção, portanto, não se limita a ser uma simples releitura. Ela surge como símbolo de um novo momento, em que adaptações de Jane Austen são retomadas com atenção especial à profundidade emocional de suas personagens femininas e ao subtexto crítico de seus romances. Em tempos de revisão de cânones e de busca por protagonismo feminino bem delineado, as histórias de Austen ganham ainda mais ressonância. Elinor e Marianne não são apenas heroínas românticas: são mulheres forjadas pela perda, pela desigualdade de gênero e pela rigidez das normas sociais — temas que, dois séculos depois, ainda ecoam.

As expectativas para o novo filme são altas. O público contemporâneo já se mostrou receptivo a versões ousadas ou estilizadas de Austen, como Emma (2020), com Anya Taylor-Joy, ou a versão da Hallmark Mahogany de Sense and Sensibility (2024), protagonizada por atrizes negras em uma abordagem interseccional e culturalmente consciente. A presença de Edgar-Jones sugere um tom mais contido e introspectivo, em linha com suas performances anteriores, o que pode favorecer uma abordagem mais emocionalmente densa da personagem Elinor.

Com locações previstas no interior da Inglaterra e uma equipe majoritariamente feminina por trás das câmeras, este novo Razão e Sensibilidade pode não apenas resgatar a beleza atemporal do romance de Austen, mas também refletir os anseios de uma nova geração de leitores e espectadores que continuam encontrando nas entrelinhas da autora uma crítica refinada à sociedade — e um retrato sincero da alma humana.

Se Jane Austen continua tão relevante em seu 250º aniversário, é porque sua literatura permanece viva — e, ao que tudo indica, cada nova adaptação é mais uma chance de traduzi-la para novos tempos, novas lentes e novos públicos.


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

2 comentários Adicione o seu

Deixe um comentário