A Volta do Oasis: O Reencontro dos Irmãos Gallagher

Agradar ao público pode parecer fácil, mas nunca foi — e nem mesmo os algoritmos ajudam. Por 16 anos, a briga dos irmãos Gallagher só encontrou espelho nas rusgas entre os príncipes William e Harry: algo pessoal discutido em detalhes em fórum público. Quem errou, quem acertou, como perdoar, como seguir em frente. E nem mesmo o retorno — pedido e apoiado pelos fãs — deu fim às especulações.

No dia 4 de julho de 2025, os dois irmãos roqueiros subiram ao palco em Cardiff, e o público que pagou fortunas pelos ingressos foi ao delírio. Sempre antecipei o óbvio: de agora até novembro, quando eles encerram a turnê em São Paulo, falaremos sobre os detalhes de cada apresentação — especialmente nas redes sociais.

Noel chorou? Liam estava feliz? Os dois estão de boa? Os filhos estão apoiando a reunião? Estão ainda mais milionários? É uma turnê oportunista, onde ganham rios de dinheiro de todos os lados? Depois disso, poderemos pensar em um novo álbum? A rivalidade com o Blur — também em turnê — será revivida? Eles são maiores do que os Beatles? A geração Z vai finalmente entender e apreciar o gosto musical de seus pais? As perguntas são infinitas, mas, da perspectiva de fã e jornalista: realmente importam?

O pouco que foi mostrado nas redes sociais ou em matérias indicava um Oasis afinado, afiado e perfeito. A química intocável dos irmãos é inegável e resistiu ao tempo — mesmo que sejam roqueiros de estilo estático (não fazem grandes movimentações de palco ou interagem com a plateia). A arrogância que sempre dividiu opiniões sobre a banda também está lá, imutável. Parte da mítica de dois artistas arrogantes e agressivos, que usaram as partes mais negativas de suas personalidades para criar alguns dos hinos mais emblemáticos do século 20 — todos ainda maravilhosos.

O setlist foi todo controlado por Noel. A volta dos dois dependeu da vontade dele; Liam sempre quis reatar o Oasis (não necessariamente as relações familiares), tanto por dinheiro quanto por pedido dos fãs. Sua transparência elimina qualquer tentativa de questionar os motivos de tratarem a banda como um negócio. Assim, para evitar as confusões do passado, Noel assumiu o controle — no papel e no palco — e Liam está mais do que de boa com isso. As canções do irmão seguem sendo sensacionais e perfeitas para seu timbre vocal. Por que insistir em brigar? Tá certo!

E Noel soube eleger um setlist dos sonhos — mesmo que, com um repertório de mais de 30 anos de sucessos, algumas canções icônicas tenham ficado de fora. Espertamente (ou inconscientemente), ele focou nos pouco mais de 30 anos do lançamento dos primeiros álbuns como base musical. E deu dois recados ao público ao quebrar a tradição de abrir com Fuckin’ in the Bushes, substituindo-a por Hello. O refrão confirma: Hello, hello (it’s good to be back, good to be back) — e tenho certeza de que muita gente chorou. Emendando com Acquiesce, onde Because we need each other, We believe in one another, And I know we’re going to uncover What’s sleepin’ in our soul, reforça a mensagem de que ambos — por dinheiro, cansaço ou perdão — entenderam que podem estar juntos novamente.

Claro que agora temos a temporada aberta de especulações: por quanto tempo? Como estão nos bastidores (ostensivamente anunciados como uma operação de guerra para mantê-los afastados)?

Nada disso importa. A energia da música venceu. E sorte de quem vai vê-los em São Paulo.

Se este reencontro é duradouro ou só mais uma faísca passageira, ninguém sabe. Mas, por ora, o impossível aconteceu. E só isso já é histórico. Ao som de hinos que atravessaram décadas, o Oasis voltou — e, com ele, a certeza de que algumas histórias não acabam nunca. Só fazem pausa.


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário