House of the Dragon: Expectativas e Realidade

Podemos dizer que, com House of the Dragon avançando nas gravações de sua terceira temporada — possivelmente sua penúltima, caso ainda siga minimamente os contornos de Fogo & Sangue — a série “não aconteceu”. Calma: ela é um sucesso. Mas não é um fenômeno. E sim, essa era a expectativa. Mesmo que injusta.

Ouso dizer que esse seria o destino de qualquer série situada no universo de Westeros que tivesse a difícil missão de estrear logo após o fim da febre mundial provocada por Game of Thrones. Acompanhemos: havia várias opções. Bloodmoon, por exemplo, chegou a consumir milhões em um piloto arquivado e nunca exibido. Snow, protagonizada por Jon Snow (ou melhor, Kit Harington), foi anunciada e engavetada sem previsão de retorno. Nesse cenário incerto, House of the Dragon foi astuta. Escolheu adaptar um dos trechos mais densos e impactantes da mitologia criada por George R. R. Martin.

A primeira temporada, no entanto, já apresentou sinais de irregularidade. Algumas mudanças em relação ao material original foram significativas — e nem todos os fãs as aceitaram de bom grado. Ainda assim, houve revelações poderosas: os talentos de Emma D’Arcy e Milly Alcock foram apresentados ao mundo, a performance de Paddy Considine como Viserys emocionou até os críticos mais céticos, e a conquista do Globo de Ouro de Melhor Série Dramática parecia sinalizar que a série havia acertado em cheio. Mas não foi bem assim.

Nos Emmys, as indicações se concentraram quase exclusivamente nas categorias técnicas. Apenas uma vez House of the Dragon conseguiu entrar no seleto grupo de finalistas como Melhor Drama. Em 2025, foi completamente ignorada. Em sua defesa, trata-se de um ano particularmente competitivo, mas o silêncio da Academia é ensurdecedor. É claro que há um núcleo fiel de fãs debatendo apaixonadamente cada detalhe, cada alteração, cada rumor vindo das gravações. Porém, isso não equivale a um fenômeno cultural. E a série, até agora, não é a herdeira legítima da obsessão que foi GOT.

Não se trata aqui de fomentar teorias conspiratórias, mas os bastidores de HOTD parecem, sim, tensionados. Miguel Sapochnik, o lendário diretor de alguns dos episódios mais aclamados de Game of Thrones e co-showrunner da primeira temporada, afastou-se da segunda. George R. R. Martin expressou publicamente sua insatisfação com as liberdades criativas lideradas por Ryan Condal, que segue no comando. E o temor quanto às novas mudanças que a terceira temporada pode trazer tem dominado os fóruns e redes sociais dedicados à série.

Nesta semana, por exemplo, surgiram imagens distantes e pouco nítidas de um personagem cuja ausência já era alvo de controvérsia: Daeron Targaryen. Ele deveria ter sido ao menos citado desde a primeira temporada, mas só agora, na terceira, irá aparecer. O ator escalado para o papel é Charlie Gordon, homem trans conhecido por papéis secundários em musicais do West End. Ele foi flagrado gravando ao lado de Matt Smith e James Norton — uma combinação curiosa, já que tal encontro jamais ocorreu nas páginas de Fogo & Sangue. Em termos físicos, parece uma boa escolha. Resta ver como se sairá em cena.

No fim, talvez nada disso realmente importe. A verdade é que a expectativa sobre House of the Dragon foi excessiva e extrema desde o início. Mesmo com uma base sólida e momentos poderosos, seu sucesso — embora real — está longe do que se esperava. Os atritos entre autores e produtores não ajudam a construir um legado coeso. E o fato de a série ter influenciado diretamente no adiamento e na regravação de Um Cavaleiro dos Sete Reinos só aumenta a pressão que a cerca.

A grande pergunta agora é: ainda dá tempo de virar o jogo?


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