Devemos prestar atenção em Alfred Merrick?

Já sabemos os principais spoilers da temporada 3 de The Gilded Age, mas ainda há mistérios a serem esclarecidos, como se Marian Brooks vai desistir de casar com Larry Russell por causa da mentira dele. Como a série ainda não foi oficialmente renovada pela HBO Max, muita coisa pode ficar sem resolução. Pela dinâmica da história, acredito que Julian Fellowes está tranquilo com mais duas temporadas pela frente, ou, pelo menos, mais uma.

Ainda há muito para cobrir em toda a trama, mas os fãs mais aficcionados estão preocupados com o casal Bertha e George Russell, não apenas por serem anti-heróis próximos da vilania, mas porque são inspirados nos verdadeiros Alva e William Vanderbilt, que se divorciaram em 1895 — um escândalo da alta sociedade.

A especulação cresce com a entrada do personagem Alfred Merrick, o herdeiro milionário de Chicago, com quem Bertha flertou abertamente na frente do marido (supostamente a pedido dele). Seria ele um paralelo do segundo marido de Alva, Oliver Hazard Perry Belmont? Será que os Russells também vão se divorciar?

Ninguém nega que houve um desafino no casal por causa do casamento forçado de Gladys com o Duque de Buckingham. George compreendia as ambições de Bertha, mas ainda queria garantir aos filhos casamentos baseados no amor, embora tenha tido que romper sua promessa com a filha e vê-la em prantos na cerimônia — momento que chocou a todos.

George não foi exatamente bem-sucedido porque tentou agradar tanto a Bertha quanto a Gladys. Ele dificultou o negócio para que o duque desistisse, mas Bertha, agindo pelas suas costas, reverteu a situação a seu favor. George desconhece os detalhes, mas não é tolo. Por isso aprovou o noivado de Marian com Larry, alertando a esposa para manter distância deles. Se Bertha vai ouvi-lo, isso é outra história — mas, claramente, vai ignorar o aviso.

Numa temporada em que o divórcio é o fio condutor entre as famílias, vale lembrar que o divórcio de Alva e William Vanderbilt, em 1895, foi um dos eventos mais chocantes e marcantes da alta sociedade americana do século XIX. Em uma época em que o divórcio era raríssimo, especialmente entre famílias ricas e influentes, esse fim de casamento gerou um escândalo que abalou a poderosa dinastia Vanderbilt.

O casamento entre Alva e William começou cercado de luxo e status. Alva, conhecida por sua personalidade forte, ambição social e beleza marcante, era a peça-chave para consolidar a fortuna e o prestígio da família. William, herdeiro da vasta fortuna ferroviária construída por seu pai Cornelius Vanderbilt, apesar da riqueza e poder, não era fiel nem emocionalmente disponível, tendo envolvimentos extraconjugais conhecidos. Embora a época fosse permissiva para homens da elite manterem casos, esses traumas contribuíram para o desgaste do relacionamento.

Há rumores e especulações de que Alva também teria tido relacionamentos extraconjugais, mas essas acusações são menos documentadas e parecem mais frutos da imprensa sensacionalista da época. O certo é que a relação tornou-se insustentável e o divórcio foi formalizado, rompendo um casamento já sem afeto ou confiança.

Esse fim representou não só uma derrota pessoal para Alva, mas um golpe na reputação da família, pois divórcios eram vistos como fracasso social e moral. Foi então que Alva usou toda sua força para reconstruir sua posição e a da família Vanderbilt.

Nesse cenário, surge Consuelo Vanderbilt, filha mais velha de Alva e William, que, logo após o divórcio dos pais, em 1895, casou-se com Charles Spencer-Churchill, 9º Duque de Marlborough — um casamento clássico de conveniência entre a riqueza americana recém-chegada e a nobreza europeia tradicional, que buscava dinheiro para manter seus castelos e status, oferecendo em troca prestígio social.

Esse casamento foi fortemente influenciado por Alva, que via na união uma forma de restaurar o prestígio da família Vanderbilt após o baque do divórcio. Alva não poupou esforços para garantir que Consuelo se casasse “bem”, assumindo o papel de uma verdadeira duquesa, mesmo sem amor romântico.

Paralelamente, Alva casou-se novamente em 1896, desta vez com Oliver Hazard Perry Belmont, banqueiro e membro da influente família Belmont. Oliver, filho do famoso banqueiro August Belmont, tinha uma herança ligada à história naval dos EUA (batizado com o nome do herói naval Comodoro Oliver Hazard Perry). Era um homem elegante, rico e politicamente ativo, conhecido pelo amor às corridas de cavalos e pela mansão luxuosa Belcourt Castle, em Newport, Rhode Island, onde viveu com Alva.

O casamento com Belmont durou até a morte dele em 1908, marcando uma nova fase na vida de Alva. Com fortuna e influência, tornou-se uma das líderes do movimento sufragista feminino nos EUA, dedicando-se à luta pelo direito ao voto e deixando legado importante na história social americana.

No terreno da ficção histórica, surge especial interesse na série The Gilded Age. Alguns personagens menos evidentes, como Alfred Merrick, despertam curiosidade sobre seu real papel e importância. Merrick, que não corresponde a uma figura histórica amplamente documentada, pode ser uma criação ficcional inspirada em pessoas do meio jornalístico ou social da época — recurso comum em Fellowes para enriquecer a trama com personagens multifacetados que representam os bastidores do poder.

Ainda não está claro até que ponto ele será relevante, mas se realmente houver uma forte base nos Vanderbilt para os Russells, e se Fellowes estiver traçando paralelos históricos, Merrick pode ter um papel estratégico, talvez como alguém que conhece segredos, influencia decisões ou manipula narrativas.

Isso adiciona uma camada extra de interesse para quem acompanha The Gilded Age, reforçando que por trás do glamour e das aparências das famílias poderosas há uma teia complexa de relações e interesses, com personagens menos visíveis, mas fundamentais para a dinâmica da história.

Em suma, a trajetória de Alva Vanderbilt — de esposa traída e divorciada a estrategista social, sufragista e mulher influente — junto ao casamento estratégico da filha Consuelo e à vida ao lado de Oliver Belmont, formam um quadro rico em drama e poder que inspira tanto a história real quanto a ficção. Se Julian Fellowes continuar a se basear nesses acontecimentos para criar sua narrativa, ainda há muito a ser descoberto, especialmente sobre personagens como Alfred Merrick e seus possíveis papéis. Enquanto isso, a audiência aguarda ansiosa por mais revelações e por ver como os Russells vão navegar por esse delicado jogo de poder, amor e escândalos.


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