Quem Pode Usar uma Tiara?

Nada sinaliza status com tamanha elegância (e intenção) quanto uma tiara. Mais do que um adorno, ela é um código social silencioso, um rito de passagem — e, por vezes, uma ferramenta de exclusão. No mundo aristocrático, uma tiara não é apenas uma joia: é uma declaração de pertencimento. E aqueles que não dominam essa linguagem correm o risco de cometer gafes dignas de uma humilhação pública.

Na terceira temporada de The Gilded Age, temos uma verdadeira aula — e uma lição dura para Gladys Russell, agora duquesa. Em um jantar formal, Lady Sarah, a insuportável irmã do duque, comenta secamente: “Se eu estou usando uma tiara, você também pode usar a sua.” A frase soa, à primeira vista, como um gesto de inclusão, mesmo que dito tão agressivamente como foi na série. Mas o subtexto é claro: trata-se de uma advertência disfarçada de permissão. E o detalhe mais saboroso? Lady Sarah está errada — e exposta.

Se ela, tão zelosa da etiqueta, realmente soubesse do que fala, lembraria que de acordo com a etiqueta britânica, somente mulheres casadas ou noivas no dia do casamento devem usar tiaras. Essa regra, ainda seguida pela Família Real, remonta à Antiguidade Clássica, onde o uso do diadema marcava a transição da virgindade para a vida conjugal. O costume foi consolidado na era vitoriana e persiste até hoje entre as casas aristocráticas da Europa.

Lady Sarah, solteira até onde sabemos, ao colocar uma tiara em sua cabeça, não apenas violou a etiqueta que defende com tanto fervor — mas inadvertidamente autorizou a duquesa Gladys a brilhar mais do que ela. O gesto, que deveria servir para humilhar, virou sinal de insegurança. E como se não bastasse, seu próprio título social foi reduzido no instante em que seu irmão se casou: como irmã do duque, ela perde lugar para a esposa dele. Se Sarah acredita estar no controle da casa, talvez precise rever também as regras de serviço — como o fato de que, mesmo nos Estados Unidos, o prato nunca deve ser servido pela direita. Etiqueta, afinal, exige consistência.

Gladys hesitou, sim — e por isso escorregou no campo simbólico. Ao não usar a tiara logo de início, ela demonstrou insegurança e falta de conhecimento. Mas a falsa generosidade de Lady Sarah só serviu para deixar evidente sua própria fragilidade dentro da hierarquia. E quando Bertha Russell entrar em cena, Lady Sarah pode se preparar para a segunda etapa do processo: se ela já perdeu o prestígio, logo perderá a residência principal — e será despachada, com toda cortesia, para o que os ingleses chamam de Dower House.

Se você não quer cometer o mesmo erro que Lady Sarah, aqui vai um guia rápido de boas maneiras com tiaras:

  • Quem pode usar: mulheres casadas da realeza ou aristocracia; noivas no dia do casamento.
  • Quando usar: jantares formais de gala, banquetes de Estado, bailes de debutantes, casamentos reais.
  • Como posicionar: coloque o polegar no queixo e o indicador entre as sobrancelhas; mantenha a distância e mova o polegar para cima — a base da tiara deve repousar onde o indicador encostar.
  • Sobre o cabelo: não o lave no dia. Cabelos “do segundo dia” têm mais aderência. Evite repartições centrais com fios caídos — parece desleixo com diamantes.
  • Formatos ideais: rostos redondos combinam com tiaras pontiagudas; rostos longos pedem formatos curvos.
  • Base de veludo: deve ser da cor do seu cabelo. Se herdou a tiara da sua mãe morena e você é loira, adapte.
  • Cuidado com o véu: nunca o prenda à tiara — o peso pode fazê-la cair no meio da cerimônia.
  • Fixação: para dançar sem medo, costure elásticos finos invisíveis no coque.

Mesmo entre plebeus, tiaras ainda têm apelo — mas não se engane: o uso irrestrito desvaloriza o símbolo. Entre os aristocratas, cada pedra tem peso, cada ocasião exige critério, e cada erro é notado.

Em The Gilded Age, bertha aparece com diferentes tiaras de diamante, mas em apenas em eventos de gala. Assim como Agnes Van Rihjn e Ada Forte: tiaras? Somente em noites de bailes.

No fim, uma tiara não deve apenas enfeitar — deve pertencer. E quando usada no momento errado ou por quem já perdeu o trono, transforma-se num triste lembrete de glórias passadas. Que Lady Sarah tome nota.


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