Querida Carrie,
I couldn’t help but wonder: será que chegou a hora de te deixar ir?
Você foi tanta coisa para mim. Um estilo de vida, uma referência emocional, um convite para romantizar até os erros mais desastrosos. Sua neurose e sua futilidade nos representaram nos anos 90 e 2000 de maneira ímpar. Insistir em homens tóxicos fazia parte de ser jovem — de estar aprendendo. Você era confusa, intensa, exagerada — e a gente te amava por isso.
Você sempre escolheu autenticidade. Lutou pelo amor que dá frio no estômago — e conseguiu o “não consigo viver sem você”. Dobrou o Mr. Big, teve o casamento dos sonhos e nos fez acreditar que, sim, talvez seja possível ter tudo.
E ainda nos presenteou com uma Nova York incrível. Você era nossa guia, nossa insider mais bem-vestida, sempre atualizando a agenda de drinks, restaurantes e tendências. Transformava desastres em crônicas, e crônicas em catarse. A gente se sentia compreendida.
And just like that, você voltou, mas não era mais você.

E não foi por estar “velha”, como os maldosos disseram. Foi porque a alma tinha ido embora com o Big. Aquela Carrie que nos encantava desapareceu ali. O que vimos depois foi uma sombra: de você, de Miranda, de Charlotte. Todas tentando se adaptar a um tempo que não era mais o delas. Pedindo desculpas por serem quem foram. Se justificando. E perdendo o charme no processo.
Me desculpe.
Não posso.
Não me deseje mal.
Ver Miranda desfigurada por roteiros ansiosos, Charlotte reduzida a estereótipos — e você, Carrie, hesitante, deslocada, sem eixo — foi doloroso. Você ainda voltou ao passado com Aidan, talvez buscando algum tipo de fechamento. Mas quase escorregou em um novo Berger. (Sim, Duncan — vá com Deus. E fique em Londres.)
Não sei como será o seu adeus definitivo. Mas sei que chegou a hora.
Você merece partir com alguma dignidade. Você foi grandiosa demais para ser lembrada apenas pelos tropeços finais.


E agora, oficialmente, esse universo está se encerrando. Michael Patrick King escreveu que “And just like that… the ongoing storytelling of the Sex and the City universe is coming to an end”. Disse que, ao escrever o episódio final da terceira temporada, percebeu que ali poderia ser um belo lugar para parar. E que ele e Sarah Jessica Parker preferiram segurar o anúncio para que a palavra “fim” não atrapalhasse o prazer de acompanhar a temporada. Respeito isso.
Mas nós sentimos esse fim muito antes. Sentimos quando a sua essência se perdeu em tentativas de adaptação. Quando o estilo virou ruído. Quando a sua coragem deu lugar à hesitação.
Então, me despeço. Com gratidão, com crítica, com saudade.
Você já tinha dito tudo.
Você já tinha dito tudo.
Você já tinha dito tudo.


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