Em The Gilded Age temporada 3, o romance entre Marian Brook e Larry Russell atravessa uma turbulência marcada por expectativas sociais, segredos e mágoas. Enquanto Marian enfrenta uma forte pressão pública e privada para manter uma imagem impecável, Larry, seu noivo, acaba envolvido numa situação que coloca tudo à prova. Mas até que ponto é justo cobrar mais dela do que dele? Por que Larry mentiu? Quais as chances dele convencer Marian de que não agiu por mal? E o que podemos esperar para o futuro desse casal tão complexo? E como mesmo em pleno século 21 ainda não temos uma opinião equilibrada sobre o drama?

Marian e a pressão social: uma mulher sob os holofotes
Desde sua entrada na série, Marian representa o olhar do público sobre o mundo dos ricos e poderosos da Nova York do final do século 19. Orfã, acolhida pelas tias e inserida numa alta sociedade cheia de regras rígidas, ela está sempre em processo de autodescoberta — entre desejos pessoais e as expectativas da família e da sociedade.
Como a atriz Louisa Jacobson explica, Marian vive sob uma pressão pública intensa:
“Naquela época, a sociedade era muito pública, e as consequências eram grandes se soubesse que você tinha falhado em dois noivados. Então, havia uma pressão pública muito forte sobre as mulheres… Na primeira temporada, ela dizia ‘Não ligo para o que a sociedade pensa’, mas na verdade acaba descobrindo que isso importa.”
Essa pressão é dupla: ela deve construir um caminho autêntico e alinhado com seus valores, mas ao mesmo tempo vive sob o olhar crítico da alta sociedade, que espera perfeição, principalmente de uma mulher em sua posição.

Larry e a mentira: por que ele não contou a verdade?
No episódio 6 da terceira temporada, Marian descobre que Larry não esteve na elegante comemoração que disse ter ido, mas sim em um clube noturno, o Haymarket — um local associado a escândalos e comportamentos “inapropriados” para a elite. Para Marian, isso é devastador.
Mas, conforme o ator Harry Richardson comenta, a mentira de Larry não foi um ato malicioso:
“Sim, ele mentiu, mas não foi uma escuridão premeditada. Ele só não contou a verdade porque achava que iria magoar Marian. Ele foi a um evento com amigos, em uma situação social, não para trair ou desrespeitar.”
Larry entende que a mentira foi um erro, mas do tipo que nasce da tentativa de evitar um conflito ou preocupação desnecessária.

É justo cobrar mais Marian do que Larry?
Aqui reside um dos pontos mais interessantes da trama: Marian reage com força à descoberta, rompendo o noivado, enquanto Larry vai parecer mais confuso com a reação.
A resposta pode estar nas expectativas sociais do período. As mulheres, como Marian, eram muito mais cobradas por suas ações e reputações, e qualquer “desvio” era fatal para suas chances na sociedade. Larry, como homem e herdeiro de uma família poderosa, tinha mais margem para deslizes sociais sem a mesma repercussão.
Essa desigualdade na cobrança é evidenciada também pela própria Louisa Jacobson:
“Eu me relaciono com a pressão que Marian sente porque, mesmo hoje, mulheres ainda enfrentam julgamentos e cobranças mais duras, especialmente quando suas vidas são públicas.”
Portanto, a disparidade na cobrança reflete tanto o contexto histórico da série quanto questões sociais ainda presentes.

As chances de Larry convencer Marian a perdoá-lo
Larry está numa posição delicada, mas não sem esperança. Ele deseja manter o relacionamento e a confiança de Marian, mas sabe que precisará superar o abalo causado.
Harry Richardson aponta que a ambiguidade da situação cria espaço para interpretações:
“Você pode pensar que ele fez algo errado, ou pode entender que ele não fez nada de mal. A mentira foi um deslize, não uma traição.”
A capacidade de Larry convencer Marian dependerá muito de sua sinceridade e da abertura de Marian para ouvir sua versão — um desafio para alguém que já fechou o coração após tantas decepções.
O que pode acontecer?
Se Carrie Coon, que interpreta Bertha Russell, deu pistas de que sua personagem pode “lutar por Marian” em momentos decisivos, é possível que as tensões familiares e sociais sejam catalisadoras para uma reconciliação. Bertha reconhece em Marian uma força e independência que admira, o que pode ajudá-la a apoiar o casal diante dos obstáculos. Mas isso apenas depois de outra “virada” trágica.
Além disso, Marian está em uma jornada de autoexploração, buscando mais do que um casamento por status — ela quer um relacionamento significativo e alinhado com seus valores, o que pode levá-la a reconsiderar sua posição caso Larry demonstre crescimento e honestidade.


As esperanças em apenas dois episódios…
Outro problema para Marian e Larry é que há apenas dois episódios até o fim da temporada (embora em dois anos venha a 4ª, com outros 8), ou seja, é um pouco improvável que tudo se resolva até o baile de Newport.
A pressão sobre Marian é imensa, fruto de uma sociedade que julgava as mulheres por padrões muito mais rígidos do que os homens. Larry, embora tenha errado ao mentir, não agiu por malícia, e suas chances de reconquistar Marian passam pela sinceridade e pelo entendimento mútuo.
O futuro do casal está em aberto, e a série promete explorar não só os dramas individuais, mas também as tensões sociais e familiares que refletem dilemas ainda atuais. A história de Marian e Larry é, assim, um retrato poderoso da luta entre amor, expectativas e autenticidade em uma época de mudanças. E ainda temos que definir quem quer ajudá-los a superar o impasse (Ada, Oscar e George) e quem está adorando o infortúnio (Agnes e Bertha).
A verdade é que Marian está coberta de razão, mesmo que eu a tenha criticado antes. Larry não é Tom Raikes (um dos que contribuíram para o trauma dela), mas a expectativa sobre o namorado era muito maior. Minimamente de sinceridade. E não podemos esquecer que o próprio Larry pode se sentir humilhado e julgado rapidamente, chegando à conclusão de que Marian não confia nele. Quem tem razão?
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