Há algo cíclico, quase poético, nas fotos divulgadas do episódio final de And Just Like That. A Carrie que vemos hoje é a mesma de sempre — casaco marcante, andar decidido, olhos que ainda buscam respostas — mas algo nela mudou. E algo na história também. Se o final de Sex and the City nos levou a Paris, tudo indica que a despedida desta nova fase pode nos levar a Londres. E, como tudo na vida de Carrie, a cidade é mais do que um cenário: é metáfora, é encruzilhada, é promessa.

Dessa vez, não se trata de seguir um grande amor idealizado, como foi com Aleksandr Petrovsky. É mais sutil — e talvez por isso, mais verdadeiro. Até porque não há um Mr. Big para disputar o coração da heroína. Duncan pode até ser o homem por trás do movimento, mas a decisão é de Carrie. Londres representa um novo ciclo criativo, um lugar onde ela pode reinventar a si mesma, não como musa ou namorada de alguém, mas como autora, mulher madura, disposta a se lançar num novo começo. Um lugar onde a ex-mulher de Duncan — editora — ajuda a publicar seu novo livro. Um gesto que, se for mesmo o que dizem os rumores, amarra narrativas antigas com fios de reconciliação e crescimento.
A ida para Londres também encerra, de maneira simbólica, o que sobrou do arco com Aidan. Aquele apartamento comprado para um futuro a dois — um lar com quintal, para a versão de Carrie que tentava se encaixar nos moldes do amor estável e convencional — finalmente é deixado para trás. E com ele, o peso de uma história que sempre retornava para machucá-la.
Mas o que realmente muda tudo é a presença dela.
Sim, Samantha.
Já faz tempo que estou percebendo que há uma movimentação para uma nova ponta de Kim Cattral. E quando veio a notícia do fim, me pareceu – como para todos – que não há como dizer adeus sem tê-la em cena. Por segundos, como na temporada passada. É apenas um sentimento mas…

Esbarrei com um relato no Reddit que — mesmo sendo um rumor não confirmado — soa menos como invenção e mais como um vazamento cuidadoso, vindo de alguém que claramente entende os bastidores. Segundo esse relato, Samantha volta não apenas para uma pontinha simbólica, mas para múltiplas cenas que reconstroem o elo com Carrie. Uma Samantha transformada, longe da persona sexualizada do passado, mas ainda assim com a alma afiada e generosa que sempre foi sua essência. Kim Cattrall teria aceitado voltar por cerca de 2 milhões de dólares, mas acima do valor está o tom: não é uma reprise, é uma ressignificação.
Segundo esse usuário, desde o primeiro episódio da primeira temporada de And Just Like That, a série vem plantando sementes dessa reconexão. O “Want to talk” que Carrie envia. O “Soon” que Samantha responde. A curta ligação na segunda temporada. E mais recentemente, o gesto de Carrie escrevendo sobre Duncan e mandando o texto justamente para Samantha. Tudo isso como quem diz: estamos caminhando de volta uma para a outra, mesmo que aos poucos, mesmo que em silêncio.
E não para por aí. O rumor do Reddit ainda menciona um cameo sutil de outro personagem ligado à trajetória de Samantha — alguém que não foi revelado, mas que serviria como um aceno delicado ao passado e à memória afetiva que a personagem carrega. Richard? Smith?

O episódio final, dizem, culmina com as quatro — Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha — reunidas. Um espelhamento direto do fim do primeiro filme da franquia. Improvável, mas não importa o quanto a série tenha sido criticada (com razão) por muitas de suas escolhas, se esse encerramento realmente acontecer como descrito, há algo de profundamente catártico nisso. Uma sensação de que, apesar das falhas, a jornada valeu a pena. Que ainda há beleza em ver essas mulheres juntas, não porque precisam ser um “quarteto mágico” de novo, mas porque sobreviveram ao tempo, aos traumas, às mudanças — e continuam, cada uma ao seu modo, reescrevendo suas histórias.
Talvez, no fim, And Just Like That nunca tenha sido sobre reviver o que Sex and the City foi, mas sim sobre aceitar que há vida — e sentido — no que vem depois. Que crescer também é aprender a se despedir.
E que às vezes, só às vezes, a despedida mais bonita é aquela que refaz pontes.
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