Morreu neste domingo, 17 de agosto de 2025, aos 87 anos, o ator britânico Terence Stamp, um dos rostos mais marcantes do cinema das últimas seis décadas. Nascido em Stepney, no East End de Londres, em 1938, Stamp carregava consigo um magnetismo raro: era considerado um dos homens mais belos do mundo, mas também um intérprete capaz de imprimir intensidade e vulnerabilidade em igual medida. Sua estreia no cinema, em 1962, com o papel-título de Billy Budd, rendeu-lhe logo uma indicação ao Oscar e um Globo de Ouro como revelação, abrindo caminho para uma carreira que se confundiria com a própria história do cinema moderno britânico. Três anos depois, venceria o prêmio de melhor ator em Cannes por The Collector, de William Wyler, e consolidaria seu nome entre os grandes talentos de sua geração. Aliás, é um filme excepcional que completa 60 anos e que vale um post mais à frente. Stamp está apavorante nele, como o stalker que sequestra e tortura sua vítima.

Nos anos 1960, Terence Stamp também virou símbolo cultural, frequentando os círculos mais efervescentes de Londres, dividindo a vida com estrelas como Julie Christie e Jean Shrimpton, ao mesmo tempo em que trabalhava com diretores importantes em títulos como Poor Cow e Far from the Madding Crowd. A carreira sofreu um hiato nos anos 1970, quando ele se afastou de Hollywood e mergulhou em experiências espirituais na Índia, mas o retorno não poderia ter sido mais explosivo: em 1978, encarnou o inesquecível General Zod em Superman, papel que repetiria em Superman II e que o transformaria em vilão de culto para diferentes gerações de cinéfilos.
Capaz de se reinventar, Stamp surpreendeu novamente em 1994 ao interpretar Bernadette, uma mulher trans, em The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert. O filme tornou-se um clássico instantâneo, e sua atuação lhe rendeu indicações ao Globo de Ouro e ao BAFTA, além de uma aclamação que o aproximou de uma nova plateia. Nos anos seguintes, continuou alternando papéis em grandes produções e filmes independentes: foi visto em Wall Street, The Limey, Star Wars: The Phantom Menace, The Haunted Mansion e até recentemente em Last Night in Soho, de Edgar Wright. Sua voz grave e elegante também marcou presença em trabalhos de dublagem, como a série Smallville. E estava envolvido na possível continuação de Priscilla, a Rainha do Deserto, que está em desenvolvimento.

Mas Terence Stamp não era apenas ator. Ao longo da vida, escreveu memórias, um romance e até um livro de culinária, em que revelava hábitos e excentricidades pessoais. Era, acima de tudo, um buscador — de autenticidade, de espiritualidade, de beleza —, o que transparecia em cada escolha que fazia, tanto na tela quanto fora dela.
A família não revelou a causa da morte, mas confirmou a despedida em comunicado. Fica a lembrança de um artista que nunca se deixou aprisionar por rótulos: foi galã, foi vilão, foi figura excêntrica, foi símbolo de reinvenção. Terence Stamp deixa um legado extraordinário, capaz de atravessar décadas e continuar a comover, desafiar e inspirar.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
