Budapeste nunca esteve tão movimentada para os fãs de ficção científica. Ao mesmo tempo em que Denis Villeneuve conduz as filmagens de Dune: Part Three, adaptação de Messias de Duna, a HBO Max inicia os trabalhos da segunda temporada de Dune: Prophecy, prequel que mergulha dez mil anos no passado para narrar a origem da Irmandade Bene Gesserit. É raro ver uma franquia filmar série e longa-metragem lado a lado, mas a decisão da Legendary mostra ambição: consolidar Duna não apenas como uma trilogia de cinema, mas como um universo narrativo completo.

O efeito colateral dessa coincidência é explosivo. Travis Fimmel, protagonista de Dune: Prophecy como o misterioso Desmond Hart, já foi visto em Budapeste, circulando com ninguém menos que Jason Momoa, eterno Duncan Idaho dos filmes. Para os fãs, o encontro dos dois atores em plena Hungria virou delírio: não há possibilidade real de cruzamento de seus personagens — separados por milênios na cronologia —, mas a simples imagem dos dois guerreiros lado a lado alimenta teorias, fanarts e muita especulação nas redes. É como se a presença deles criasse um elo simbólico entre a série e os filmes, mesmo que a narrativa não o permita.

E se o encontro recente em Budapeste já fez os fãs enlouquecerem, a descoberta de uma foto antiga reforça ainda mais o fascínio: Jason Momoa e Travis Fimmel não se conheceram agora, mas já cultivam amizade desde a juventude. A imagem dos dois juntos, muito antes da fama de Game of Thrones e Vikings, mostra que essa conexão vem de décadas. O reencontro nos estúdios de Duna funciona quase como um presente inesperado ao público — dois guerreiros de universos distintos que hoje circulam lado a lado em Budapeste, enquanto série e filme se filmam em paralelo. Para os fãs, não importa se Desmond Hart e Duncan Idaho jamais se cruzarão na cronologia: a amizade real entre seus intérpretes já criou o crossover perfeito.

E o que esperar da segunda temporada de Dune: Prophecy? A primeira já mostrou que a trama não terá medo de inventar personagens (como Desmond Hart), mas deve seguir dialogando com o cânone. Nos livros, especialmente em Os Herdeiros de Duna e em apêndices da saga, Herbert descreve como as Bene Gesserit foram forjadas em meio a conspirações políticas, conflitos entre casas nobres e a lenta lapidação de seus poderes de manipulação genética e política. Isso abre espaço para que a série mostre:

• O aprofundamento da Casa Corrino: o jovem Constantine Corrino, já presente na primeira temporada, pode ser o caminho para entendermos como sua linhagem se consolidou no trono imperial que, séculos depois, será palco da ascensão e queda de Paul Atreides.
  
• O início de práticas proibidas: a manipulação genética que daria origem ao Kwisatz Haderach é um dos pontos de virada da mitologia de Duna. A série pode ousar em antecipar os primeiros experimentos, dando tons de thriller científico ao drama político.
  
• Desmond Hart como arquétipo: embora inventado, seu perfil lembra o de guerreiros como Duncan Idaho — outsiders que ganham confiança das irmãs e acabam envolvidos em disputas maiores que eles próprios. É possível que Desmond seja usado como “protótipo narrativo”, ecoando no futuro do universo de Herbert.

Enquanto isso, no cinema, Messias de Duna leva Paul ao auge e à queda, transformando o messias em tirano e mostrando as consequências devastadoras de sua ascensão. Ver série e filme sendo gravados em paralelo reforça a ideia de um ecossistema interconectado: o passado e o futuro de Duna se constroem juntos, com cenários e equipes muitas vezes dividindo a mesma cidade e os mesmos estúdios.

Se Travis e Momoa seguirem circulando por Budapeste, alimentando rumores e cliques de fãs, tanto melhor: mesmo sem crossover, eles já cumprem a função de manter viva a ponte entre série e filme. E para quem acompanha esse universo com a devoção de uma Irmandade, é exatamente esse tipo de sincronia — entre ficção, bastidores e especulação — que transforma Duna em algo maior do que qualquer obra isolada.