O trailer da quarta temporada de The Morning Show deixa claro que a série não está mais interessada em amenidades. Se nas duas primeiras temporadas ela tropeçou na dificuldade de equilibrar temas relevantes com personagens que nem sempre conquistavam a empatia do público — e eu mesma nunca simpatizei de verdade com Alex Levy (Jennifer Aniston) ou Bradley Jackson (Reese Witherspoon) — agora o jogo parece outro. O drama está mais intenso, mais sombrio e mais conectado ao que vemos no mundo atual. Afinal, o que mais resta para a rede de notícias mais caótica dos Estados Unidos explorar, depois de já ter falado de #MeToo, assédio, corrupção corporativa e fusões bilionárias?

O trailer abre com um silêncio enganoso: a redação funcionando em ritmo normal, câmeras ligando, jornalistas em suas rotinas. Mas logo o tom muda para o conspiratório, quase de thriller político. Alex aparece em destaque, ora posando como líder de um projeto feminino, ora acusando que estão armando contra ela. A câmera insiste em mostrá-la cercada de reflexos e vidros, metáforas visuais de uma verdade distorcida e de um poder que pode desmoronar a qualquer momento.
Bradley, por sua vez, surge em ambientes sombrios, em corredores vazios, gravando entrevistas, como se estivesse presa em um filme investigativo dos anos 70. Ela fala em corrigir erros, mas o trailer sugere o contrário: que talvez esteja repetindo os mesmos deslizes que a levaram ao colapso no passado. Essa linha tênue entre redenção e recaída parece ser o coração de sua trajetória nesta temporada.
Cory (Billy Crudup) continua com seu sorriso sedutor, mas sempre enquadrado em sombras, como quem manipula os bastidores e observa a queda iminente dos outros. Já Paul Marks (Jon Hamm) retorna menos como figura de charme e mais como ameaça silenciosa: reuniões, olhares frios, frases curtas. Não há intimidade em suas cenas, apenas estratégia — e isso o torna ainda mais perigoso.

As novidades no elenco reforçam a atmosfera de mistério. Marion Cotillard surge quase como uma sombra elegante, sempre sozinha, como se esperasse o momento certo de explodir a narrativa. Jeremy Irons, no papel do pai de Alex, aparece em um jantar pesado, sugerindo que os dramas pessoais da protagonista vão finalmente invadir a trama principal. Boyd Holbrook aparece em choque direto com Alex, em uma sala de gravação que promete tanto faíscas profissionais quanto tensão íntima.
O ápice do trailer é a invasão do FBI aos estúdios da UBA: jornalistas correndo, câmeras captando cada segundo, a emissora sob cerco. O recado é claro: The Morning Show vai além das disputas internas e mergulha em escândalos federais, crimes e conspirações. A série abraça de vez o thriller político, mantendo sua veia satírica ao jornalismo moderno.

Entre metáforas visuais de vigilância — vidros, câmeras de segurança, olhares distantes —, o trailer fecha com a frase: “You can’t clean a house if you’re about to blow it up”. Uma síntese perfeita para uma temporada que promete mostrar a implosão da rede mais caótica dos EUA.
Se o que restava era radicalizar no tom, a quarta temporada parece pronta para isso: menos glamour, mais caos, mais tensão. E, quem sabe, finalmente uma série que, mesmo com protagonistas difíceis de amar, se torne impossível de ignorar.
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