Quem matou e quem morreu em Only Murders in the Building

Desde que Charles, Oliver e Mabel se juntaram para gravar um podcast sobre crimes reais, o Arconia e seu entorno viraram um verdadeiro palco de mistérios, assassinatos e revelações chocantes. Ao longo de quatro temporadas, o trio de Only Murders in the Building não apenas resolveu casos de homicídio, mas também expôs tramas paralelas de contrabando, sabotagem, identidades falsas e até desaparecimentos forjados.

A primeira temporada estabeleceu a fórmula perfeita: vizinhos excêntricos, um prédio cheio de segredos e um assassinato que parecia insolúvel. A vítima foi Tim Kono, um morador recluso do Arconia. No começo, tudo apontava para suicídio, mas Charles, Oliver e Mabel logo perceberam que a história não fechava. Depois de muito entra e sai de suspeitos — passando até por Sting, que foi interrogado como possível culpado em uma deliciosa participação especial — a verdade veio à tona: a assassina era Jan Bellows, a fagotista e amante secreta de Tim. O motivo foi simples e humano: ciúmes. Jan não suportou a ideia de ser deixada para trás, envenenou Tim e encenou tudo como se fosse um suicídio. Como se não bastasse, nessa mesma temporada os podcasters também expuseram um esquema paralelo de contrabando de joias e dinheiro sujo envolvendo Teddy e Theo Dimas, mostrando que nem sempre o maior mistério é o único crime acontecendo dentro do Arconia.

Na segunda temporada, o caso foi ainda mais surpreendente. A vítima era ninguém menos que Bunny Folger, a síndica durona do prédio. Sua morte violenta parecia inicialmente uma vingança contra sua personalidade difícil, mas o mistério se mostrou mais complexo. O trio descobriu que a verdadeira culpada era Poppy White, a aparentemente tímida assistente de Cinda Canning. Só que “Poppy” não existia: ela era, na verdade, Becky Butler, uma mulher que havia forjado o próprio desaparecimento anos antes para escapar de uma vida miserável. O assassinato de Bunny foi planejado por ela como uma forma de conquistar relevância, criar um grande caso de true crime e, finalmente, se destacar. Foi a temporada que mostrou como a obsessão pela fama e pela narrativa pode ser tão perigosa quanto uma arma.

A terceira temporada saiu do Arconia e foi parar no teatro, sem perder a essência. O crime da vez foi o assassinato de Ben Glenroy, um astro temperamental da peça Death Rattle. Logo no primeiro episódio, ele cai morto no palco, mas as circunstâncias eram mais complexas do que pareciam. Havia um envenenamento inicial, planejado por Donna, a produtora da peça, que queria proteger o espetáculo de um desastre crítico. Mas o verdadeiro assassinato aconteceu depois: Clifford, filho de Donna, entrou em pânico ao ver que Ben podia arruinar o sonho da mãe e, num embate, acabou empurrando o ator para a morte. Ao longo dessa investigação, os podcasters também descobriram segredos de bastidores, casos escondidos e sabotagens teatrais, num enredo que foi uma homenagem ao próprio teatro e à precariedade da arte ao vivo.

E então chegamos à quarta temporada, que levou Charles, Oliver e Mabel até Hollywood, em plena adaptação do podcast para o cinema. Mas os assassinatos não ficaram em Nova York: logo de início, a vítima foi Sazz Pataki, a inseparável dublê de Charles. Sazz não era apenas sua sombra em cena; ela também tinha escrito uma versão original do roteiro que inspirou o filme. O assassino se revelou como Marshall P. Pope — um nome inventado pelo verdadeiro culpado, Rex Bailey, um ex-dublê frustrado que roubou o texto de Sazz, vendeu-o e construiu uma falsa carreira como roteirista. Quando Sazz descobriu a fraude e ameaçou revelar a verdade, Rex a matou.

Só que não parou por aí: ele também assassinou Glen Stubbins, dublê de Ben Glenroy e amigo de Sazz, para evitar que fosse reconhecido e desmascarado. O desfecho foi digno da série: quando Rex finalmente confronta os protagonistas, quem surge para impedir mais uma tragédia é ninguém menos que Jan Bellows — sim, a assassina da primeira temporada — que, da janela do Arconia, atira e mata Rex, fechando um ciclo inesperado. Mas o verdadeiro gancho da temporada veio no casamento de Oliver e Loretta, no próprio saguão do Arconia: Lester, o porteiro querido do prédio, foi encontrado morto na fonte do jardim interno, abrindo caminho para a temporada 5.

O que chama atenção é que, em todas as temporadas, os assassinos não são figuras distantes ou frios serial killers. São sempre pessoas próximas, movidas por paixões humanas: ciúme, medo, ambição, obsessão por arte ou fama. E, paralelamente, o trio descobre crimes adicionais — desaparecimentos forjados, contrabando, sabotagens — que dão ainda mais textura à narrativa. Only Murders in the Building nunca foi só sobre “quem matou quem”, mas sobre como a necessidade de contar histórias e a busca por reconhecimento podem se transformar em gatilhos para crimes.


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