Eu estava na primeira fila no show do Radiohead no Rio, em 2018. Foi arrebatador. Alguns fãs dizem que a apresentação na Apoteose, dias depois, foi ainda “melhor”, mas a verdade é que ver o Radiohead ao vivo é experimentar algo que o estúdio não consegue conter: uma energia visceral, quase espiritual. Poucas bandas conseguem criar essa fusão entre técnica, emoção e intensidade como eles.
Sete anos se passaram desde aquele momento. A banda havia encerrado a turnê de A Moon Shaped Pool e cada integrante seguiu seu caminho. Thom Yorke mergulhou em álbuns solo, trilhas sonoras e até exposições de arte; Jonny Greenwood se firmou como um dos compositores mais celebrados do cinema, assinando Spencer, The Power of the Dog e Licorice Pizza; Yorke e Greenwood ainda se uniram em The Smile, que já soma três álbuns; Ed O’Brien lançou seu disco solo, Earth; Philip Selway apresentou Strange Dance; e Colin Greenwood rodou com a banda de Nick Cave e também explorou trabalhos fotográficos e literários. Não foi um silêncio, mas sim um hiato criativo, no qual cada um expandiu seu próprio universo.


Agora, em 2025, a banda anuncia uma série de vinte shows pela Europa, reacendendo memórias e expectativas. O impacto foi imediato: comoção entre fãs, ingressos disputadíssimos, pré-registro obrigatório e até iniciativas solidárias — cada bilhete inclui doações para instituições no Reino Unido e no continente. É um retorno cercado de cuidado, mas com a promessa implícita de que a química entre eles nunca deixou de existir.
Na onda de revivals que tem marcado a música britânica — Oasis reunido, Blur nos palcos, Gorillaz celebrando 25 anos, Richard Ashcroft relembrando The Verve (ainda que sem a banda) —, o Radiohead volta em um patamar à parte. Embora nascido nos anos 1990, eles nunca foram exatamente “Britpop”. Distantes do hedonismo de Blur ou Oasis, preferiram o experimentalismo, o desconforto e a densidade. Mesmo assim, fazem parte dessa memória cultural britânica que volta agora com força: não apenas nostalgia, mas a reafirmação de que essas bandas moldaram uma geração inteira.
O Radiohead ao vivo é mais do que música. É experiência, entrega e catarse. Quem viu em 2018 sabe que sete anos de espera não diminuem em nada a expectativa. Pelo contrário: ela só cresceu.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
