Por que Selena Gomez virou destaque absoluto em Only Murders in the Building

Como publicado em CLAUDIA

Em 2021, Selena Gomez entrou em Only Murders in the Building como um risco calculado que, hoje, parece óbvio. Uma atriz jovem, com histórico na televisão desde a Disney, dividindo a cena com dois monstros sagrados da comédia americana, Steve Martin e Martin Short — ambos já na casa dos 70 anos. A princípio, o contraste era gritante: Mabel, com sua aura de millennial desencantada, silenciosa e um pouco cínica, parecia deslocada diante das tiradas afiadas de Oliver e Charles. Mas foi justamente essa diferença que deu à série uma das suas maiores forças. Selena não só conseguiu acompanhar o ritmo, como transformou sua juventude em contraponto, em espelho e até em provocação para os colegas veteranos.

Ao longo das cinco temporadas, ficou claro que a presença dela não era apenas estratégica para trazer um público mais jovem à série — embora isso tenha acontecido de forma inequívoca. Selena abriu a série para uma base de fãs que talvez nunca tivesse se interessado por uma comédia policial estrelada por lendas do Saturday Night Live. OMITB joga com isso o tempo inteiro: a diferença de gerações, de referências, de linguagens. Se Martin e Short carregam décadas de improviso, timing cômico e ironia clássica, Selena traz o olhar de quem cresceu num mundo saturado de informações, redes sociais e suspeitas. É como se a série pedisse que o espectador jovem entrasse pela porta de Mabel, e uma vez dentro, descobrisse que aqueles dois “tios” também têm muito a oferecer.

Aos poucos, a personagem foi se soltando — e Selena também. Mabel deixou de ser apenas a jovem misteriosa envolta em segredos para revelar camadas de vulnerabilidade, solidão e, ao mesmo tempo, uma sagacidade que só poderia ser dela. Os roteiros souberam usar o silêncio e a ironia seca de Selena, que ao início pareciam quase limitações, para construir uma persona magnética, capaz de sustentar a cena mesmo quando contracena com gigantes. E isso ficou ainda mais evidente quando a série foi trazendo participações cada vez mais grandiosas: nomes como Meryl Streep, Paul Rudd e até Sting, que poderiam facilmente eclipsar qualquer iniciante. Selena, no entanto, permaneceu sólida, com uma presença discreta e firme, provando que não era coadjuvante, mas parte essencial do trio.

Outro fator importante é a influência estética que ela exerce. O figurino de Mabel tornou-se rapidamente referência de moda: casacos oversized, tricôs vibrantes, cores marcantes que dialogam com a personalidade misteriosa, mas estilosa da personagem. Muitos fãs passaram a replicar esses looks, e Selena, consciente disso, consolidou sua posição também como ícone fashion dentro e fora da série. Não é à toa que Mabel se tornou, além de investigadora amadora, uma espécie de musa de estilo da ficção televisiva contemporânea.

Com a chegada da quinta temporada, a narrativa começa a dar sinais de que se encaminha para a despedida. A sensação é de que Only Murders in the Building cumpriu seu ciclo criativo: do frescor da primeira temporada à maturidade das últimas, onde as relações entre os personagens se tornaram quase tão centrais quanto os mistérios. O que esperar agora? Talvez uma temporada de fechamento, onde Mabel se consolide não apenas como a jovem que um dia entrou tímida no universo de Oliver e Charles, mas como parceira plena, igual, capaz de herdar — em tom simbólico — o legado dos dois.

Seja como for, Selena Gomez já conquistou algo raro: transitar entre o respeito de veteranos e a devoção de uma base jovem de fãs, equilibrando-se entre gerações, linguagens e estilos. Only Murders in the Building pode estar se despedindo, mas a passagem dela pela série deixa claro que estamos diante de uma atriz que encontrou sua maturidade no momento certo, cercada por lendas, sem nunca deixar de ser — e de se afirmar como — Selena.


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