A Dança Sombria de Lady Gaga em Wandinha

Lady Gaga fez uma ponta em Wandinha e, curiosamente, não canta em cena. Sua personagem, Rosaline Rotwood, aparece como uma antiga professora de Nevermore, envolta em mistério e poderes sobrenaturais, mas sua participação é breve — quase um aceno teatral que deixa mais perguntas do que respostas. Ainda assim, sua presença é magnética, uma daquelas aparições relâmpago que viram conversa entre fãs.

O que realmente pesa, no entanto, é a música. The Dead Dance, criada por Gaga especialmente para a segunda temporada, não está na boca de sua personagem, mas entra em uma sequência crucial da narrativa. É naquele momento em que a série mistura o grotesco com o irresistível, o sombrio com o pop, e o resultado é um hino que cola na mente.

A cena acontece em um baile em Nevermore, onde todos se movem em uma coreografia estranha, elegante e quebrada ao mesmo tempo, criada por Parris Goebel. É como se fosse uma dança possuída, em que gestos de salão se transformam em ângulos bruscos e mecânicos, lembrando que estamos diante de uma celebração no limite entre a vida e a morte. E há ainda uma piscadela divertida para quem acompanha com atenção: Agnes (DeMille), personagem secundária, também dança. O detalhe não é gratuito — seu nome ecoa o da lendária coreógrafa e bailarina Agnes de Mille, um aceno irônico que conecta a cena a uma linhagem de dança que vai do Broadway clássico ao gótico burtoniano.

E como Wednesday adora jogar pistas, não faltam teorias: muitos fãs já especulam que Rosaline pode ser irmã de Morticia, algo nunca declarado, mas insinuado pela semelhança estética e pelo magnetismo sombrio que ambas compartilham. Se for esse o caso, a ponta de Gaga deixa de ser apenas um cameo para se tornar a semente de uma revelação familiar capaz de expandir ainda mais o universo Addams. Pessoalmente, endosso essa versão (ainda não descartada) especialmente por conta da última imagem da temporada.

Assim, Gaga não é protagonista nem “dona” da cena — mas a música é. Sua entrada transforma um episódio em evento, ecoando no imaginário como um daqueles momentos que unem o pop ao gótico, a diva ao universo Addams. É Lady Gaga em versão camafeu, mas com a força de um hino que não passa despercebido.


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