Se você, como eu, sentiu saudades das mulheres de Monterey, pode começar a se animar: Big Little Lies finalmente deu um passo decisivo rumo à terceira temporada. A HBO anunciou que Francesca Sloane, cocriadora e showrunner de Mr. & Mrs. Smith, vai escrever o primeiro episódio e assinar a produção executiva ao lado de David E. Kelley, Reese Witherspoon e Nicole Kidman. Depois de anos de especulação e de uma pausa dolorosa marcada pela morte do diretor Jean-Marc Vallée, a série parece pronta para retomar a história desse grupo de mulheres e os segredos que as unem.
Enquanto o novo livro de Liane Moriarty — que inspirou a primeira temporada — só chega em 2026, tudo indica que a HBO não vai esperar tanto para nos levar de volta à costa de Monterey. E, para refrescar a memória (e a ansiedade), aqui está um recap das duas primeiras temporadas e de como a perda de Vallée e a chegada de Sloane moldam o futuro da série.

Temporada 1 — Segredos, Mentiras e a Grande Noite
A primeira temporada foi um fenômeno televisivo. Inspirada no livro de Liane Moriarty, apresentou as cinco mulheres de Monterey — Madeline (Reese Witherspoon), Celeste (Nicole Kidman), Jane (Shailene Woodley), Renata (Laura Dern) e Bonnie (Zoë Kravitz) — presas em uma teia de segredos que culmina em um assassinato na festa da escola.
A revelação final foi uma reviravolta poderosa: Perry (Alexander Skarsgård), marido abusivo de Celeste e estuprador de Jane, é morto por Bonnie, que o empurra da escada para salvar todas. A última imagem, com as cinco amigas na praia e a polícia observando ao longe, se tornou um dos grandes símbolos da TV da década: união feminina, mas também um pacto perigoso de silêncio.
Temporada 2 — Meryl Streep, Tribunais e a Culpa de Bonnie
A continuação não teve livro para seguir e apostou em material original. Meryl Streep entrou em cena como Mary Louise, a sogra de Celeste, e trouxe uma energia quase de thriller psicológico. A batalha judicial pela guarda dos gêmeos expôs os abusos de Perry de maneira devastadora — Celeste mostrando vídeos da violência no tribunal foi um dos momentos mais difíceis e catárticos da série.
Madeline precisou enfrentar a traição exposta e reconstruir o casamento, Renata viu sua vida de luxo ruir (e nos deu cenas icônicas de fúria), Jane recomeçou emocionalmente, e Bonnie carregou o peso moral da morte de Perry, culminando no epílogo onde as cinco caminham até a delegacia — talvez para confessar tudo.
O Impacto da Morte de Jean-Marc Vallée
Jean-Marc Vallée não foi apenas o diretor da primeira temporada — ele foi o responsável pela identidade visual e emocional da série. Seu estilo fragmentado, quase impressionista, costurava os flashbacks, o mistério e as tensões internas das personagens. Vallée usava música como comentário emocional, explorava close-ups e silêncios que transformavam Big Little Lies em uma experiência sensorial.
Sua morte repentina em 2021 foi um golpe enorme para elenco e equipe. Reese Witherspoon e Nicole Kidman descreveram publicamente a sensação de “perder a bússola criativa”. Foi esse luto que congelou os planos de uma 3ª temporada por anos — não era apenas uma decisão de mercado, mas de respeito ao legado dele.

Andrea Arnold e a Mudança de Tom na 2ª Temporada
Mesmo antes da morte de Vallée, a série já tinha passado por uma mudança sensível. Andrea Arnold dirigiu todos os episódios da segunda temporada, imprimindo um tom mais cru, menos estilizado, mais voltado para a realidade psicológica das personagens. Embora Jean-Marc Vallée tenha mantido algum controle criativo na pós-produção, muitos críticos e fãs notaram a diferença: menos fragmentação poética, mais intimismo e drama direto.
Essa transição dividiu o público — alguns sentiram falta da magia visual de Vallée, outros apreciaram o mergulho psicológico mais seco. Essa mudança será ainda mais relevante na terceira temporada, agora sob a pena de Francesca Sloane. Seu desafio será encontrar um meio-termo entre honrar o lirismo inicial e atualizar a narrativa para um novo momento das personagens.
Para Onde Podemos Ir na Temporada 3
Com a sequência literária de Liane Moriarty prevista para 2026, é provável que a série adote um salto temporal: veremos Madeline, Celeste, Jane, Renata e Bonnie lidando com filhos adolescentes, novos conflitos conjugais e talvez o peso psicológico de uma confissão (ou da manutenção da mentira).
Pode haver espaço para um novo crime, para reaproximações ou rompimentos entre elas, e até para dar a Bonnie uma trama mais robusta, algo que Zoë Kravitz sempre pediu publicamente. A chegada de Francesca Sloane — com o histórico de séries sofisticadas como Atlanta, Fargo e Mr. & Mrs. Smith — sugere que teremos um tom afiado, elegante, mas potencialmente mais ousado.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
