Kristine Froseth nasceu em 21 de setembro de 1995 em Summit, Nova Jersey, mas sua história começa em dois continentes. Filha de pais noruegueses, cresceu entre os Estados Unidos e Oslo, na Noruega, experiência que moldou sua identidade e ampliou sua visão de mundo. Essa vida dividida entre culturas — o pragmatismo americano e o rigor escandinavo — se reflete no seu trabalho: Kristine tem uma sensibilidade rara para interpretar personagens que oscilam entre a liberdade e o dever, o desejo e a expectativa social.

Sua entrada no entretenimento aconteceu por acaso, aos 14 anos, quando foi descoberta durante um desfile em um shopping na Noruega. Também foi recrutada pela IMG Models em um shopping em Nova Jersey. A partir dali, sua carreira como modelo deslanchou, com campanhas para marcas como Prada, Armani, Miu Miu e H&M. Mas Kristine logo sentiu que queria ir além das lentes estáticas da moda — havia nela uma urgência por contar histórias. Começou a aparecer em videoclipes, como “False Alarm” do The Weeknd, e em 2017 estreou no cinema em Rebel in the Rye.
O verdadeiro ponto de virada veio entre 2018 e 2019, quando estrelou o filme Sierra Burgess Is a Loser (Netflix), a minissérie The Truth About the Harry Quebert Affair e, principalmente, a adaptação de Looking for Alaska (Hulu), onde viveu Alaska Young. O papel a consolidou como uma das jovens atrizes mais promissoras da sua geração, capaz de transmitir complexidade emocional e melancolia de forma quase etérea. Em seguida, brilhou em The Society (Netflix), mostrando versatilidade ao dar vida à popular Kelly Aldrich. Vieram ainda papéis em When the Streetlights Go On, American Horror Stories e na série The First Lady, onde interpretou a jovem Betty Ford.


Mas foi com The Buccaneers (Apple TV+) que Kristine atingiu outro patamar. Na série inspirada no romance inacabado de Edith Wharton, ela interpreta Nan St. George, uma jovem americana que atravessa o Atlântico para desafiar as regras da aristocracia britânica do século XIX. Nan é o coração da história, e Froseth entrega uma performance que equilibra vulnerabilidade e ousadia. Sua Nan é uma heroína que não aceita as regras sem questioná-las, que se apaixona sem perder a lucidez, e que carrega nos olhos a promessa de uma vida além das gaiolas sociais. A série estreou em 2023 e rapidamente se tornou um fenômeno, conquistando uma segunda temporada em 2025. Para Kristine, foi o papel que confirmou sua força como protagonista e a tornou um nome reconhecido em escala global.
Fora das telas, Kristine é reservada sobre sua vida pessoal, mas desde 2022 está em um relacionamento com Guy Remmers, colega de elenco em The Buccaneers. Em entrevistas, fala sobre moda com naturalidade: prefere peças confortáveis, inspiradas no humor do momento, e já disse admirar o estilo ousado de Billie Eilish. Seu ar sereno e vulnerável também já foi elogiado por Christina Hendricks, que contracenou com ela na série.

Agora, Kristine está prestes a reencontrar Edith Wharton em um novo projeto. Ela será May Welland na aguardada adaptação da Netflix de The Age of Innocence, série limitada criada por Emma Frost (The White Queen, The White Princess, Jamaica Inn, Shameless) e dirigida por Shannon Murphy (Babyteeth).
A história é um delicioso retrato de amor proibido e desejo na Nova York da Gilded Age. Na trama, May Welland é a noiva de Newland Archer — uma jovem doce, genuína e produto de seu meio. May é uma seguidora das regras, religiosa e dedicada ao status quo, mas não sem uma veia rebelde que a própria narrativa, com sua complexa economia emocional, vai revelar. A série coloca May lado a lado de sua prima Ellen Olenska, interpretada por Camila Morrone, a “enfant terrible” de Nova York que retorna de um casamento fracassado com um nobre polonês. Ellen é uma mulher espirituosa, independente e intensa, cujo amor pelo noivo de May se torna o epicentro do triângulo amoroso mais célebre de Wharton. Ben Radcliffe será Newland Archer, o jovem elegante e progressista que anseia por uma vida mais profunda e apaixonada, e Margo Martindale completa o elenco principal como a avó das duas, Mrs. Manson-Mingott, figura magnética e subversiva no cenário social.


The Age of Innocence é um marco literário: publicado em 1920, deu a Edith Wharton o primeiro Pulitzer de Ficção concedido a uma mulher e consolidou sua reputação como uma das grandes cronistas da alta sociedade americana. A nova versão da Netflix promete ser fiel ao espírito do romance, mas falar a uma nova geração, revisitando bailes e quartos da aristocracia para perguntar — o que é amor, o que é desejo e se devemos seguir a cabeça ou o coração.
Para Kristine Froseth, é mais do que um papel: é um retorno ao universo que a transformou em estrela, mas agora em uma personagem que exige sutileza, força silenciosa e uma leitura mais adulta da obra de Wharton. De Nan St. George a May Welland, Froseth reafirma seu lugar como uma intérprete de personagens que são tanto filhas de seu tempo quanto agentes de transformação. E para nós, espectadores, há algo de fascinante em vê-la mais uma vez dar vida a mulheres que desafiam os limites de sua época — como se a literatura tivesse encontrado nela sua nova musa.
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