2025 Emmy Awards: A consagração de The Pitt e a esnobada de Andor

Não tem como chamar de “noite sem surpresas”, porque algumas aconteceram, mas nenhuma tão grande quanto a ausência de Andor no palco como Melhor Série Drama. Em um ano de televisão extraordinário, é difícil dizer que o Emmy foi injusto — mas eu digo mesmo assim: Andor merecia mais. A série da Lucasfilm não só entregou a melhor temporada do ano, como redefiniu o que drama televisivo pode ser: político, humano, tenso e esteticamente impecável. Mas, no jogo dos Emmys, The Pitt saiu coroada — e, sim, foi uma vitória legítima, mas longe de ser a minha favorita.

Claro, o episódio mais importante da temporada final ganhou o Emmy de melhor roteiro, mas, com o prêmio de Melhor Série de Drama em 2025, The Pitt, fecha uma temporada elogiada pela crítica e pelo público, com direito a Noah Wyle levando seu primeiro Emmy como Melhor Ator — uma daquelas vitórias que fizeram a plateia vibrar. Diego Luna sequer foi indicado, outra “falta de sorte” por ter sido uma no com tantas atuações incríveis. A diferença é que Noah tem mais temporadas à frente, Diego e, nesse caso, também Pedro Pascal por The Last of Us, não. Era uma oportunidade única.

Katherine LaNasa, que já vinha chamando atenção, ficou com Atriz Coadjuvante, e Britt Lower (em Severance) finalmente levou seu tão esperado Emmy de Melhor Atriz em Drama. Foi um equilíbrio bonito de ver, a ponto de dividir a noite entre Severance e The Pitt. Mas, para mim, a grandeza e a relevância de Andor ficaram injustamente fora do centro da festa.

Em Comédia, não houve mistério: The Studio foi a queridinha da vez. Ganhou Melhor Série, Ator (Seth Rogen) e prêmios de roteiro e direção. Foi histórico para uma série tão jovem e confirmou que a Apple TV+ sabe lançar sucessos. Ainda assim, o resultado soou mais previsível do que emocionante. Hacks manteve seu espaço, com Jean Smart ganhando mais um Emmy e Hannah Einbinder entregando o melhor discurso da noite — misto de humor e política, daqueles que param a cerimônia e viram trending topic. Mas também queria Only Murders In the Building sendo reconhecida. Pelo menos The Studio é mesmo comédia.

No campo das minisséries, Adolescence fez barba, cabelo e bigode. Levou Série Limitada, Roteiro, Direção e coroou o jovem Owen Cooper como o mais novo vencedor da história na categoria de Ator Coadjuvante. Foi um dos raros momentos em que o público se levantou, aplaudiu de pé e sentiu que estava vendo história ser feita.

Se vi Andor sendo ignorada, respirei aliviada quando o Emmy de Melhor Atriz Drama em Minissérie cofirmou Kristin Millioti como a melhor atuação. Sua passagem em Pinguim fez toda diferença da série, e seu discurso emocionado será daqueles que passaremos anos lembrando.

E aí vem a parte polêmica: os discursos cronometrados. A ideia dos produtores de colocar um timer de 45 segundos — com doação de US$ 1.000 para cada segundo poupado e desconto para cada segundo extra — rendeu piadas e alguns momentos engraçados. Mas cá entre nós: quem realmente atrasa a cerimônia não são os vencedores, são os apresentadores com piadas longas e repetidas. Cortar discurso de ator chorando por sua primeira vitória não parece o melhor jeito de fazer a noite “mais ágil”.

Quando os créditos subiram, ficou a sensação de que o Emmy 2025 foi competente, correto, mas sem aquele risco que às vezes torna uma noite inesquecível. The Pitt pode ter levado o troféu de melhor drama, The Studio pode ter reinado na comédia e Adolescence pode ter dominado sua categoria, mas quem ficou de fora foi quem mais empurrou os limites do que a TV pode fazer.

E eu insisto: daqui a alguns anos, vamos olhar para trás e lembrar de Andor como o verdadeiro retrato do que 2025 teve de melhor. Talvez os Emmys de hoje tenham premiado o “drama mais confortável”, mas a história vai corrigir esse pódio.


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