Paul Rudd, o Homem que Não Morre no Arconia

Há uma piada recorrente na equipe de Only Murders in the Building: mate Paul Rudd e traga-o de volta. Não é apenas um recurso narrativo — é uma marca registrada de como John Hoffman e sua equipe sabem brincar com a expectativa do público. Rudd entrou na série para interpretar Ben Glenroy, o astro da Broadway que surge no final da segunda temporada apenas para morrer envenenado no palco — e, num daqueles cliffhangers deliciosos, ser ressuscitado a tempo de levar outro fim trágico: empurrado no poço do elevador na temporada seguinte.

Essa morte dupla poderia ter encerrado sua participação, mas OMITB nunca resiste a um bom retorno. Na quarta temporada, Rudd voltou em uma reinvenção cômica: Glen Stubbins, o dublê irlandês de Glenroy, um personagem que durou pouco — e que terminou igualmente mal, vítima de Marshall P. Pope. Era quase uma brincadeira interna: quantas vezes é possível matar Paul Rudd sem perder o timing?

John Hoffman, co-criador da série, nunca escondeu que adora esse jogo. Em entrevistas, sempre desconversou sobre o futuro do ator na trama, mas deixou claro que a porta estava aberta para novas “ressurreições”. E foi exatamente isso que aconteceu na quinta temporada — de um jeito ainda mais surpreendente.

No quarto episódio da nova leva, Charles e Mabel retornam de sua corrida de café para encontrar o Arconia com uma novidade: o porteiro Lester foi substituído por um sistema automatizado, um “Logic-Engineered Secure Tenant Robot”, carinhosamente apelidado de L.E.S.T.R. À primeira vista, parece apenas mais um comentário irônico da série sobre tecnologia e gentrificação. Mas bastava prestar atenção na voz metálica do robô para perceber que havia algo familiar ali.

Foi o próprio Hoffman quem confirmou: sim, a voz de L.E.S.T.R. é de Paul Rudd. Uma escolha que, segundo ele, não estava nos planos originais. A produção havia gravado várias versões de vozes para o personagem robótico ao longo da temporada, mas só no final decidiram fazer a ligação direta com Rudd. “Quando estávamos filmando o Episódio 9, liguei para Paul e disse: ‘Não temos como te dar outra coisa, mas temos uma ideia…’. E o melhor homem do mundo respondeu: ‘Quando eu vou? Quando gravo isso?’”

O resultado é uma participação quase fantasmagórica — Rudd está presente, mas invisível. É um aceno carinhoso ao público que se divertiu com a sua breve, porém memorável, passagem pela série. Hoffman descreve o trabalho do ator com entusiasmo: “Ele entrega leituras que não fazem sentido para um ser humano”, disse, rindo. É justamente essa falta de lógica que torna a dublagem de L.E.S.T.R. tão engraçada: um robô com um toque de humanidade estranhamente cômico.

Mais do que uma curiosidade de bastidores, a escolha de trazer Rudd de volta dessa forma reforça um dos temas centrais de OMITB: nada nunca está completamente morto no Arconia — nem personagens, nem mistérios, nem piadas. Rudd, com seu carisma natural, virou parte desse DNA: ele é o corpo que sempre volta, a voz que nunca se cala.

E se depender de Hoffman, essa não será a última vez. “Dramaticamente, não posso tirar nada da mesa”, disse o showrunner, quase prometendo que, de alguma forma, Paul Rudd continuará a assombrar — ou divertir — os corredores do Arconia.


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