The Morning Show: Uma Nova Tempestade Está Só Começando

Nunca escondi que tenho problemas com as protagonistas de The Morning Show — e isso, claro, já é um problema em si, porque não gosto nem de Alex nem de Bradley. Mas tudo bem. Essa é uma série que parece confusa de propósito: começa atirando para todos os lados, tropeça, parece desorientada, e de repente engrena. É um novelão assumido, sem medo de ser cafona, com vilões sofisticados e maquiavélicos, uma sequência interminável de escândalos, chantagens e enredos que beiram o inacreditável. O elenco é estrelado — rostos de vencedores do Oscar passando por ali como se estivessem de férias — e a série insiste em se levar a sério, jogando na tela todos os dilemas possíveis de uma vez, sem nunca olhar para o relógio.

Dois anos depois da implosão generalizada da temporada passada, reencontramos a UBA, agora renascida como UBN, conduzida por mulheres. E surpresa: os problemas e a arrogância corporativa não têm gênero. Logo de cara, vemos Alex Levy vivendo o sonho de ser executiva — para desgosto de todos. Como Diretora de Talentos e, ao mesmo tempo, apresentadora, ela acumula funções que, em qualquer emissora do mundo real, seriam um escândalo de conflito de interesses. Mas na UBN, isso é só terça-feira.

E já no início, Alex se vê no centro de uma crise diplomática internacional. Durante uma entrevista pré-agendada com uma esgrimista iraniana, ela recebe um bilhete do pai da jovem pedindo asilo político. Sem pensar duas vezes, ela arma um plano improvisado para ajudá-los a escapar — e, mesmo com uma perseguição de carros em plena Manhattan e um acidente no meio do caminho, nada é noticiado. Mais tarde, vem a reviravolta: o pai da atleta é um cientista do programa nuclear do Irã. Passamos o episódio ouvindo o óbvio sendo repetido para Alex: ela não tem a menor alçada para resolver algo desse tamanho — mas, claro, ela não desiste.

Para o alto escalão da UBN, o problema maior não é a apresentadora ter cometido um crime internacional ao vivo, mas sim o risco de perder o contrato de cobertura das Olimpíadas. Com Paul Marks fora de cena (embora sem sabermos exatamente como ele ficou), a emissora passou por demissões em massa, reestruturações e agora vive à sombra da chegada da inteligência artificial — tecnologia que Stella Bak, substituta de Cory, abraça de braços abertos.

Stella, aliás, vem agindo como uma versão mais sofisticada do próprio Cory. Divide poder com Celine (Marion Cotillard impecável), a executiva que parece ter saído de um editorial de moda e que é — para usar a palavra certa — má. Muito má. É ela quem barra a promoção prometida a Mia, que segue no comando do TMS e guardando rancor. Para completar, Stella está tendo um caso com Miles, o marido de Celine. É o tipo de triângulo amoroso que a gente sabe que vai implodir em algum momento.

Enquanto isso, Alex precisa sair do ar — e isso abre espaço para que Stella e Mia arquitetem o retorno de Bradley Jackson. Bradley, que terminou a temporada passada se entregando ao FBI, fez um acordo, entregou informações contra Paul Marks e escapou de ser indiciada. Agora é professora de jornalismo e recusa, a princípio, o convite para voltar. Mas, claro, não demora muito até que mensagens anônimas sobre um escândalo envolvendo uma fábrica química, mortes encobertas e corrupção dentro da própria UBN cheguem ao seu celular. Bradley não resiste.

Quando volta, sua maior surpresa — e decepção — é descobrir que Alex não quer sua presença no ar. O embate entre as duas é inevitável, e mais uma vez elas se colocam em lados opostos. Sim, na quarta temporada ainda temos o prato cheio que é ver Alex e Bradley brigando.

Enquanto isso, Chip colhe os louros de um documentário badalado em Cannes, e Cory Ellison, em Los Angeles, tenta desesperadamente produzir seu primeiro filme. E adivinhe quem liga para ele no meio desse caos? Alex, claro — para pedir ajuda para lidar com Bradley.

Temos, portanto, o início de uma temporada que promete guerra política, embates de ego e riscos cada vez mais altos. E, com a quinta temporada já confirmada, a sensação é de que The Morning Show vai continuar a se superar no drama — e a gente vai assistir, fascinado, até o fim.


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