O dramalhão de The Morning Show está em níveis estratosféricos – e ainda bem que Billy Crudup foi reconhecido com o Emmy, porque Cory é quem mais se diverte e tem uma precisão dramática e cômica que mostra o quanto tudo é ridículo, mas ainda assim viciante.
Depois de uma abertura inverossímil, com a insuportável Alex Levy criando uma crise diplomática internacional, somos jogados no turbilhão de ambições e mal-caratices vindas justamente daquelas que se vendiam como virtuosas e sérias. Essa virada pode ser cansativa, já que faltam “mocinhos” nessa história — é todo mundo um pouco vilão.
Um Episódio que Acelera
A série começa sua quarta temporada a mil por hora. Se a estreia já foi de tirar o fôlego, este segundo episódio pisa ainda mais fundo no acelerador, criando uma sensação deliberada de desorientação — todos os personagens estão encurralados pelas circunstâncias e sem saber para onde correr. Pode parecer que o drama está espalhado demais e que é difícil acompanhar tudo, mas o episódio é envolvente em várias frentes e termina com um cliffhanger cruel, deixando claro que a temporada está ganhando ainda mais impulso.
Sim, tudo isso é meio maluco — mas fãs de longa data já se acostumaram. As críticas mais duras à temporada se concentram em como ela lida com temas políticos delicados e em sua recusa de condenar personagens egoístas ou alinhados à direita. Mas The Morning Show nunca prometeu confirmar a visão política do espectador. É um novelão que usa fatos reais como pano de fundo para tramas absurdas, com a diferença de serem interpretadas por grandes atores, em performances dignas de prêmios.
Bradley Sob Pressão
O episódio dá destaque a Bradley, cuja volta triunfal à TV descarrila assim que ela precisa explicar o caso de Hal — radicalizado durante a pandemia e preso por invadir o Capitólio. Não é exatamente satisfatório que Bradley tenha se safado da cobertura que fez do caso, mas esse é o ponto: vê-la se enrolar e praticamente se autoincriminar enquanto tenta descobrir a identidade de “GaiaWarrior96” é bem mais divertido.
Ela recorre a Chip. Depois de uma conversa entre os dois, ele lembra de ter recebido ordens para barrar uma matéria sobre a empresa química que depois foi inocentada. A fonte com quem Bradley se encontraria não aparece, e a ausência é sugestiva. Mais tarde, Chip percebe algo importante: os e-mails com Bradley usam grafias britânicas, o que o faz desconfiar que a denunciante seja a antiga assistente de Bradley, Claire Conway.

Alex na Berlinda (e em Deepfake)
Alex também é puxada para a trama, ainda que de forma lateral. Ela acha que terá uma reunião com Stella sobre Bradley, mas acaba emboscada pelo departamento jurídico e por Celine, que a questionam sobre o caso dos iranianos — sugerindo que ela teria planejado e facilitado a deserção sem avisar ninguém. Há até imagens de CCTV mostrando Alex conversando com Roya e supostamente dizendo coisas que ela jura não ter dito. Resultado? Alex descobre que foi vítima de um deepfake.
A paranoia de Alex é engraçada e desconfortável ao mesmo tempo. Ela tenta de tudo: fala com Cory, que a alerta sobre o risco de Celine levar o caso para o conselho e sugere que ela “beije o anel” de Leslie Reynolds; tenta convencer Mia a lhe dar espaço no The Morning Show para denunciar o deepfake; e, quando isso não dá certo, vai atrás de Bro — mesmo aguentando o assédio dele — para conseguir um espaço em seu programa, que não tem supervisão editorial. Em um dos momentos mais eficazes, Alex acaba pesquisando “Alex Levy deepfake” no Google e se depara com resultados que preferia nunca ter visto.
No caminho para falar com Leslie, Alex literalmente esbarra no enredo de Bradley, encontrando um protesto ambiental do Extinction Revolt em frente a uma cúpula de energia renovável. Ela entra em uma transmissão ao vivo e entrevista uma manifestante que acusa o evento de ser fachada para acordos com petroleiras. Bradley vê a filmagem e reconhece o símbolo na camiseta da ativista — o mesmo que aparece no vídeo da criança de dentes pretos enviado por GaiaWarrior96.

Alex é inocentada quase tão rápido quanto foi acusada: Celine vai até sua casa para avisar que a segurança descobriu que o áudio foi adulterado e que os iranianos provavelmente fizeram isso como retaliação. Mas a explicação não parece tranquilizar Alex (nem o público).
Cory, Sempre Cory
Cory tem seu próprio arco, tentando conseguir financiamento para seu filme com Stella, que lhe dá um fora. Mais tarde, Stella comenta o assunto com Miles, que convida Cory para um encontro para tentar convencê-lo a não bajular a UBN. Mas Cory percebe que Stella tem visitado Miles com frequência — ele reconhece o isqueiro que ela deixou para trás. Depois de confirmar com os funcionários do prédio, Cory ganha a arma que precisava: kompromat suficiente para chantagear Stella e conseguir um novo acordo com a UBN. Ele nunca foi do time dos bonzinhos.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
