House of Guinness — Recap Ep. 3: O Casamentos e Estratégia

Os irmãos Guinness tiveram alguns meses para respirar desde o caos de maio, mas paz é um luxo que eles não podem se permitir. Em agosto de 1868, o luto já se transformou em algo mais duro, mais afiado — estratégia. Edward não é mais apenas o irmão caçula com uma visão: ele se torna o primeiro-ministro informal da família, puxando alavancas, traçando planos e moldando silenciosamente tanto a cervejaria quanto Dublin à sua própria ideia de futuro.

A trama de Anne nos leva para longe das salas polidas de St. James’s Gate, para o coração cru do passado irlandês. Sua jornada pelas propriedades dos Guinness a leva a Cloonboo, uma vila marcada pelas cicatrizes da Grande Fome. A paisagem é de uma beleza fantasmagórica, mas os moradores são assombrados pela memória da fome, da morte e do abandono. Quando Anne sofre um aborto ali — de um filho que nem sabia estar esperando — Sultan (Hilda Fay) intervém, salvando-a fisicamente e forçando-a a encarar a própria consciência. Esse momento se torna o ponto de virada de Anne. Sua dor e culpa se transformam em resolução: ela vai dedicar-se a ajudar os pobres da Irlanda, mesmo que os irmãos zombem. Sua proposta de investir 10% dos lucros da Guinness em moradia e alimentação é mais que caridade — é uma declaração de que não aceitará que o império seja construído apenas sobre lucro e política.

Em Dublin, o drama pessoal de Arthur encontra uma solução, ainda que não uma resolução. Surge Olivia Charlotte Hedges-White (Danielle Galligan), toda feita de arestas afiadas e espírito afiado. Ela não bajula, não encanta — negocia. O casamento deles será um contrato, não uma história de amor: um mariage blanc que garante a imagem pública de Arthur enquanto protege sua vida privada. A franqueza de Olivia o desarma, sua praticidade combina com a dele, e o arranjo se torna curiosamente atraente. Não é romance, mas é uma aliança — e nesta família, isso pode valer mais.

Enquanto Arthur garante o futuro político, Edward encontra Byron Hedges (Jack Gleeson, sim, o eterno Joffrey de Game of Thrones), o primo carismático que entra nos planos da Guinness como um copo de uísque bem servido: perigoso e irresistível. Byron é sedutor e já está com meio caminho andado para os Estados Unidos, onde promete abrir portas para a cerveja Guinness — desde que a família esteja disposta a negociar com a Irmandade Feniana. Edward aceita o risco. Em suas mãos, benevolência é estratégia: pensões para trabalhadores, planos de saúde, programas sociais — tudo para criar lealdade, votos e poder que garantam a eleição de Arthur e consolidem o domínio da família sobre Dublin.

Ellen, sempre a agitadora, é presa ao liderar um protesto e recebe um inesperado ramo de oliveira: um convite para o chá com Edward. Ela resiste, mas Rafferty — meio ameaça, meio tentação — a empurra para o encontro. O que se segue é uma das melhores cenas do episódio: Edward serve duas Guinness e as usa como metáfora, deixando a cerveja “acalmar” na metade do copo para explicar que a Irlanda também precisa “se acalmar” antes de correr atrás da independência. É ao mesmo tempo condescendente e persuasivo — exatamente o tipo de política que torna Edward tão admirável quanto assustador.

Quando o episódio se encerra, as peças estão todas no tabuleiro: o casamento de Arthur lhe dará a respeitabilidade necessária para entrar no Parlamento, Edward alinhou a família com Byron e, indiretamente, com os Fenians, e Anne encontrou uma missão moral que pode tanto salvar quanto afundar o nome Guinness. A harpa de Brian Boru se torna o novo símbolo da Guinness, para desgosto de Arthur e triunfo silencioso de Edward.

O episódio não termina com fogo, mas com um brinde — Ellen levantando o copo e, talvez, iniciando uma trégua frágil com a família que ela queria derrubar. Mas não se engane: é apenas uma pausa. A tempestade está vindo. Casamento, expansão, política — e uma paz precária com os Fenians — podem manter o império Guinness de pé por enquanto, mas as rachaduras já são visíveis. E, quando se abrirem, o preço será maior do que qualquer um deles pode imaginar.


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