Madonna voltou a surpreender seus fãs e críticos. Poucos dias depois de conceder sua primeira entrevista longa sobre espiritualidade, no podcast On Purpose, de Jay Shetty, a cantora anunciou oficialmente um novo projeto: uma Masterclass sobre o Zohar, livro central da Cabala.
Na entrevista, Madonna havia afirmado que não estava divulgando “nada” — mas já preparava em silêncio uma produção de mais de uma hora, gravada dentro de sua própria casa e dirigida por seu colaborador de longa data, Steven Klein. No fim, pouco importa a contradição: para fãs e seguidores da Cabala, o que vale é que ela está finalmente compartilhando seu conhecimento.
Ao conversar com Shetty, Madonna reconheceu: “Eu não estaria aqui se não tivesse uma vida espiritual”. Relembrou o trauma de ter perdido a mãe ainda criança — “sempre associei a maternidade à morte. Tive medo de perder minha carreira, minha identidade, mas foi a espiritualidade que me deu direção” — e falou de como sua imagem de força muitas vezes encobriu vulnerabilidades: “Não queria me apegar a nada que pudesse me ferir. Eu era como uma guerreira sobrevivendo. Mas precisei aprender a amar, a perdoar, a me entregar.”

Essas reflexões ecoam diretamente nos temas do curso. Em uma das aulas, por exemplo, ela aborda o perdão como lição essencial e fala sobre como descobriu a força do amor incondicional. Na mesma entrevista, Madonna citou episódios dolorosos: a briga de anos com o irmão Christopher, que a “traiu” ao lançar uma biografia não autorizada; os pensamentos suicidas durante a disputa pela custódia do filho Rocco; e como sua fé foi escudo diante de críticas à sua aparência e personalidade.
A Masterclass do Zohar
O curso, batizado de The Mystical Studies of the Zohar, faz parte da plataforma Kabbalah Master Classes, criada pelo Kabbalah Centre. Ele tem como proposta tornar acessíveis os ensinamentos espirituais do Zohar por meio de aulas curtas, divididas em módulos, que podem ser assistidas sob demanda.
Madonna não aparece apenas como aluna. Ela é protagonista: compartilha reflexões íntimas, histórias pessoais e aprendizados de vida ao lado do parceiro Akeem e do professor Eitan Yardeni, com quem estuda há quase três décadas. Yardeni, rabino e mestre reconhecido internacionalmente, é conhecido por traduzir a Cabala em ferramentas práticas para o cotidiano, independentemente da fé ou origem cultural dos alunos.
Segundo a própria divulgação, a ideia é “iluminar a jornada única da alma, decodificar lições ocultas e revelar o impacto que cada pessoa deve ter no mundo”.
Estrutura e temas das aulas
A Masterclass está organizada em oito lições principais, cada uma dedicada a um aspecto da jornada espiritual segundo o Zohar.
- Reincarnation – Introdução à ideia de reencarnação e como ela molda a missão da alma.
- Freedom – O equilíbrio entre esforço e entrega, e como alcançar verdadeira liberdade.
- Desire – A natureza do desejo humano e sua transformação em ferramenta de crescimento.
- The Art of Manifestation – Como manifestar sonhos e intenções com paciência e alinhamento espiritual.
- Chasing After What Doesn’t Belong to You – O risco de perseguir ilusões e a importância de reconhecer limites.
- False Gods – Apegos e falsos deuses que distraem do propósito verdadeiro.
- Forgiveness – O poder do perdão como prática de cura e transformação.
- Love – A lição central do amor incondicional como base de toda evolução espiritual.
Além das lições, Madonna também compartilha suas próprias realizações emocionais, incluindo como aprendeu a lidar com mágoas, perdas e desafios, transformando dor em caminhos de crescimento.
O curso não se limita a palestras. Entre os recursos, estão práticas espirituais do Zohar, meditações e sim, histórias pessoais de Madonna, que narram como a espiritualidade se tornou chave para sua sobrevivência, sua carreira e sua vida familiar.
Um dos diferenciais é o modelo de inscrição: o curso faz parte da plataforma “pay what you can” (pague o que puder). Pode começar com 9 dólares (cerca de 48 reais hoje) ou, se assim escolher, a quantia que escolher. Isso significa que cada pessoa contribui com o valor que tiver condições, garantindo acesso não apenas às aulas de Madonna, mas a todo o catálogo da Kabbalah Master Classes. A contribuição sugerida é de US$ 29,99 por mês (cerca de 160 reais), mas não é obrigatória. O objetivo, segundo o Centro de Cabala, é tornar o conteúdo acessível a todos.
O simbolismo para Madonna
Madonna estuda Cabala há 29 anos, sob a orientação de Yardeni e do Rav Berg. O lançamento da Masterclass é apresentado como um passo natural de sua jornada — e também como um gesto público de abertura, já que até aqui sua prática espiritual era conhecida, mas pouco explorada em primeira pessoa.
A artista já havia mencionado, na entrevista com Jay Shetty, que sem sua vida espiritual “não estaria aqui”. O curso, portanto, funciona como uma extensão daquilo que ela revelou de forma vulnerável: a espiritualidade não é um hobby, mas um pilar essencial de sua existência.

Direção artística
Não por acaso, a Masterclass tem também a assinatura visual de Steven Klein, fotógrafo e diretor que trabalhou com Madonna em clipes, turnês e ensaios memoráveis. Sua direção confere ao curso uma atmosfera estética sofisticada, cinematográfica e intimista — reforçando o tom de experiência, mais do que de simples aula.
Madonna como estudante e professora
A divulgação oficial reforça que Madonna assume, ao mesmo tempo, o papel de aluna e guia. Ela compartilha lições aprendidas em quase três décadas de estudo, mas não se coloca como mestre, e sim como alguém que segue em processo de aprendizado. Essa postura reforça a ideia de proximidade: se até Madonna se reconhece estudante, qualquer um pode iniciar sua própria jornada.
Muito além da música
Ao longo de sua carreira, Madonna sempre buscou provocar e inovar. Agora, ela se apresenta como facilitadora de transformação espiritual. Longe dos palcos, mas ainda sob os holofotes, a artista transforma sua vida íntima em inspiração pública — um movimento que confirma sua capacidade inesgotável de reinvenção.
Para a estrela, essa Masterclass não é apenas mais um produto cultural, mas a continuidade de uma busca pessoal que agora se torna coletiva.
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