The Morning Show – Temporada 4, Episódio 3: Tipping Point (recap completo)

Desde que The Morning Show assumiu seu perfil folhetinesco, de novelão tradicional mesmo, cada episódio é mais intenso do que o anterior. Em uma história sem mocinhos e personagens instáveis se quisermos descrevê-los suavemente, é preciso memória e informação para acompanhar. Sim, porque a cada temporada a série incorpora questões reais discutidas pela mídia, mesclada com viradas inesperadas de roteiro.

Daí, nesse recap já abro com o principal spoiler: o beijo entre Corey e Bradley, algo que ele anseia por quatro temporadas e ninguém antecipa que se tornará algo como “final feliz”. Bradley é difícil nos melhores momentos, destrutiva em todos. Para quem perdeu sua carreira por causa dela, ele deveria saber melhor, mas como diz a canção I Fall To Pieces, que poderia ter embalado o momento: “Eu me desintegro Toda vez que te vejo novamente; Eu me desintegro, Como posso ser apenas seu amigo?” Ah Corey! (mas usaram outra canção com semelhante sentido: If The World Falls To Pieces. Fico com a minha escolha)

Mia Jordan e a queda inevitável

Se há algo que não tem valor nos corredores da UBN é uma promessa. Ninguém mantém sua palavras, todos têm uma agenda pessoal. E no meio disso tudo, mais uma vez, a grande vítima é Mia Jordan. Depois de anos sendo a sucessora natural para o cargo de Chefe de Jornalismo, ela entra em sua entrevista confiante, munida de energia e até com o grito interno de vitória — “Head of News, motherfuckers!”. Mas em UBN, mérito nunca é suficiente.

Com Stella comprometida por seu caso com Miles, e Celine movendo suas peças como agente do caos, Mia é triturada pelo jogo político. A entrevista, que deveria ser uma formalidade, vira um campo minado. Celine pressiona, exige uma visão “incendiária” e “sexy” para o jornalismo — palavras que soam mais adequadas a um desfile da Victoria’s Secret do que a um telejornal. Mia responde com firmeza, lembra que hoje reportar fatos duros já é incendiário, e devolve a provocação: “Isso é sexy o bastante para você?”. Mas não adianta.

Celine quer Ben, o repórter de esportes, no cargo. Ben, que supostamente “reinventou as Olimpíadas” — ainda que só tenhamos visto dele uma entrevista desastrosa com um atleta. E Stella, encurralada pelo medo de Cory expor seu caso, cede. A demissão é brutal. Mia, ferida e furiosa, não aceita desculpas nem palavras de amizade. Ela se demite na hora. E assim, mais uma vez, o talento é sacrificado em nome da política suja.

Alex Levy entre protestos, petróleo e… Paul Marks

Enquanto isso, Alex enfrenta um dilema à sua maneira. Depois da entrevista improvisada com o grupo ambiental Extinction Revolt, Zeke Pemberton, magnata do setor de petróleo e anunciante de peso, ameaça cortar contratos milionários com a UBN. Celine ordena que Alex vá até o encontro climático se desculpar.

É lá que Alex reencontra Paul Marks. Dois anos depois de um término devastador, a tensão entre Jennifer Aniston e Jon Hamm transborda da tela. Paul, agora com uma nova namorada dedicada a causas humanitárias, ainda olha para Alex como se fosse impossível não desejar mais. E quando ele a ajuda a contornar a crise sem pedir nada em troca, fica evidente: o que existe entre eles não acabou. Para Alex, que tenta se convencer de que sente apenas raiva ou ressentimento, é quase insuportável admitir. Mas para o público, o magnetismo é inegável. E sim, ela está se sentindo cada dia mais sozinha e isolada. Mesclar jornalismo e negócios não está funcionando para ela.

O beijo que levou quatro temporadas

E então, chegamos ao momento mais comentado do episódio — talvez da temporada. Bradley Jackson e Cory Ellison.

Cory, depois de chantagear Stella, decide procurar Bradley para confirmar duas coisas: se ela guardou seu segredo no caso do 6 de janeiro e se ela aceitaria sua volta à UBN. Bradley aparece em sua porta depois de anos sem se verem, e o reencontro é puro desconforto misturado com alívio. Cory está radiante, nervoso, mas também contido. Ele oferece vinho, doces italianos, piadas sobre a Cientologia — tudo no tom caótico e sedutor que só ele consegue sustentar.

A conversa se aprofunda. Falam sobre carreira, perdas, solidão. Cory admite sua intenção de voltar. Bradley garante que nunca o entregou ao FBI. É um acerto de contas silencioso. E então, a aproximação. Bradley cruza a sala devagar, cada passo carregado de tensão. Cory, sempre o falastrão, silencia. Ele não ousa se mover — como explicou Billy Crudup, era essencial que fosse ela a tomar a iniciativa, depois de tanta história mal resolvida.

Quando finalmente o beija, é a catarse. Anos de desejo reprimido se materializam em segundos. Cory se entrega, envolve o pescoço dela, e o que começou hesitante vira paixão plena. Na cena seguinte, já os vemos na cama, de mãos dadas, enquanto “If the World Falls to Pieces” embala o momento. Por uma noite, o mundo desabando lá fora não importa. “Agora, não temos mais nada a perder, As chamas parecem lindas se você esquecer o que elas podem fazer”, a letra menciona. Ah Corey…

Enquanto o romance rouba a cena, outras narrativas avançam:

Antes de reencontrar Corey, Bradley está desligada no ar (criando problemas para Stella e Mia, que a trouxeram de volta) porque ela e Chip encontram Claire, que entrega documentos provando que a antiga chefe de jornalismo, Bethanne Hines, recebeu milhões para enterrar a matéria sobre Wolf River. Chip confirma que há muito mais a investigar.

Considerando que uma entrevista de Alex de um crítico à Wolf River está rendendo a dor de cabeça que a forçou se humilhar publicamente, claramente não há nada além de muita confusão vindo por aí. Tanto que Zeke tenta pressionar Alex a acusar falsamente o ativista ambiental de um atentado. Será inevitável que sua investigação cruze o caminho de Bradley e Chip. E não vejo ainda o trio se entendendo, diante de tanta dor no passado recente entre eles.

Outro envolvido no meio é ninguém menos do que Miles, marido de Celine. O artista plástico tem sido a ponte informal da UBN com o anunciante e o estranho é entender como Stella caiu nessa furada. Quando Stella negocia com Celine para trazer Corey de volta (diante da chantagem dele de revelar o caso extra-conjugal dela com o marido da chefe), a executiva imediatamente entende que há algo pegando. Como na conversa que ela mesma tem com Corey dá a entender que Miles também dormiu com a esposa de Zeke, o que adiciona mais uma camada de podridão à rede de relações, também deixa sugerido que ninguém a engana como Stella pensa.

O ponto de virada

The Morning Show sempre foi uma série sobre poder — quem tem, quem perde, quem paga o preço. Em Tipping Point, vemos como cada personagem tenta equilibrar pratos, mas quase todos saem machucados. Mia perde seu posto. Alex se vê outra vez em órbita de Paul. Bradley e Cory atravessam a linha que parecia intransponível.

O título não é à toa: é um ponto de virada. Mas, em UBN, nada é estável. Se hoje há desejo e cumplicidade, amanhã pode haver ruína. E é isso que mantém a série viva: a promessa de que, sob o verniz da televisão, tudo pode explodir.


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