Estamos esperando para voltar a Westeros há quase três anos. Em tese, já teríamos assistido A Knight of the Seven Kingdoms em 2024 e estaríamos agora nos preparando para chorar as perdas inevitáveis que virão na terceira temporada de House of the Dragon em 2025. Mas, entre greves e atrasos, o calendário mudou — e as duas séries chegarão apenas em 2026. A boa notícia é que uma delas, ao menos, já desembarca em janeiro.
Se a longa espera — a longa noite — está realmente perto do fim, o grande sinal vem de Nova York. Com a Comic Con prestes a começar, a expectativa é que a HBO finalmente revele as primeiras imagens de A Knight of the Seven Kingdoms, e o fato de a Entertainment Weekly ter publicado uma matéria exclusiva sobre a produção indica que algo está, de fato, a caminho.


O novo tom de Westeros
“Quatro páginas para Sor Duncan? Ele deve ter sido um grande homem.”
Foi o que o rei Joffrey Baratheon comentou em Game of Thrones, ao folhear o Book of Brothers, o registro dos cavaleiros da Guarda Real. “Assim dizem”, respondeu Jaime Lannister.
Essas páginas, até agora, eram apenas uma promessa dentro do cânone de Westeros. Mas a HBO resolveu abri-las. A Knight of the Seven Kingdoms é justamente isso: a história de Dunk, o Alto — o cavaleiro errante que se tornou lenda — e de Egg, o menino que o acompanhou em suas aventuras.
Diferente de Game of Thrones e House of the Dragon, o novo derivado começa sem a icônica abertura orquestral e sem a sequência animada de mapas. Apenas um letreiro simples, com tipografia medieval, entre uma cena e outra. Um gesto simbólico, quase um manifesto: este não é um épico sobre reis e dragões, mas um retrato de humanidade.
Um mundo sem magia
A trama se passa cerca de 90 anos antes dos eventos de Game of Thrones e meio século após a guerra civil dos Targaryen mostrada em House of the Dragon. É um tempo em que os dragões desapareceram e a magia se tornou lembrança. “Ninguém mais pensa em magia”, resume o showrunner Ira Parker. “É como a Grã-Bretanha do século 14 — fria, dura, mas com uma ponta de esperança.”


O protagonista, Ser Duncan the Tall (interpretado pelo irlandês Peter Claffey), é um ex-menino de rua de Porto Real que serviu como escudeiro de um cavaleiro errante, Ser Arlan de Pennytree (Danny Webb). Quando o mestre morre, Dunk assume sua armadura e decide seguir o caminho sozinho, autoproclamando-se cavaleiro. Em sua jornada, encontra Egg (Dexter Sol Ansell), um garoto de cabeça raspada e olhar curioso que insiste em ser seu escudeiro.
De Tales of Dunk and Egg à tela
A primeira temporada adapta The Hedge Knight, de 1998, a primeira das três novelas escritas por George R. R. Martin — seguidas por The Sworn Sword (2003) e The Mystery Knight (2010). Com apenas seis episódios, a série aposta em uma escala mais íntima: uma história sobre cavaleiros, torneios e ideais, contada da perspectiva do povo comum.
Ryan Condal, cocriador de House of the Dragon, descreve A Knight of the Seven Kingdoms como “uma história de lobo solitário e filhote”, um contraponto ao jogo de poder das grandes casas. “As novelas de Dunk e Egg sempre me pareceram um antídoto à crueldade da nobreza”, explicou à Entertainment Weekly. “É a história dos que sofrem o jogo dos tronos, não dos que o jogam.”
Parker reforça: “Prometi a George que não mostraríamos reis nem rainhas. Estamos com os ferreiros, as taberneiras, os artistas, os andarilhos — essa é a base de Westeros.”


O torneio de Ashford e o eco dos Targaryen
O torneio de Ashford Meadow, onde Dunk tenta provar seu valor, reúne figuras que dão textura a esse mundo: o ferreiro Steely Pate (Youssef Kerkour), a artista dornesa Tanselle “Too-Tall” (Tanzyn Crawford), o barulhento Ser Lyonel Baratheon (Daniel Ings) e, claro, os Targaryen.
O príncipe Baelor “Breakspear” (Bertie Carvel), seu irmão Maekar (Sam Spruell) e o cruel Aerion “Brightflame” (Finn Bennett) aparecem tentando reafirmar o prestígio de uma dinastia em declínio. “Cinquenta anos sem dragões colocam tudo em perspectiva”, observa Parker. “As pessoas começam a se perguntar: por que ainda deixamos os Targaryen no poder?”
Essa sensação de fim de era — de uma realeza que perdeu o brilho — atravessa a narrativa como uma sombra. A Knight of the Seven Kingdoms é, ao mesmo tempo, uma aventura cavaleiresca e uma meditação sobre o crepúsculo da magia.


Um coração simples em um mundo grandioso
Nos bastidores, A Knight of the Seven Kingdoms reúne nomes conhecidos: George R. R. Martin e Ira Parker assinam o roteiro e a criação, com produção executiva de Ryan Condal, Vince Gerardis e Owen Harris (Black Mirror), que dirige metade dos episódios. Sarah Adina Smith (Lessons in Chemistry) assina os demais.
Martin, que vinha mais discreto em relação a House of the Dragon, elogiou publicamente o novo derivado. Em seu blog, escreveu que “amou” todos os seis episódios — algo raro vindo dele.
Parker admite que a decisão de dispensar a abertura musical foi a mais difícil que tomou, mas também a mais simbólica. “Esta não é uma saga sobre reinos e monstros. É a história de um homem simples e de um garoto que muda o mundo sem perceber”, resume. “Temos um personagem e muito coração.”
E é exatamente isso que faz de A Knight of the Seven Kingdoms uma das estreias mais aguardadas do universo Game of Thrones: um retorno às origens da lenda, não pelo sangue dos dragões, mas pela dignidade dos que andam sobre a terra.
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