O que ainda pode acontecer em Task

Com o arco de Robbie encerrado de forma trágica e definitiva, Task entra em sua reta final com a tensão deslocada para quem sobreviveu àquela emboscada na floresta. O sexto episódio funcionou como uma catarse — emocional e moral — para a série, e agora a pergunta não é mais “se” haverá perdas, mas “quem” conseguirá atravessar o último capítulo de pé.

O universo de Task é construído sobre a culpa, a lealdade e o peso de escolhas que não têm volta. Cada personagem carrega algo que o episódio final precisará resolver — e, se a coerência narrativa for mantida, nem todos encontrarão redenção.

Perry e Jayson: o fim do império

Sem Robbie, a estrutura dos Dark Hearts cambaleia. Perry e Jayson permanecem como peças centrais de um sistema condenado, mas a série já sugeriu que não há saída pacífica para quem viveu do sangue e da manipulação.

Jayson é o mais instável, o mais perigoso — e, por isso mesmo, o mais vulnerável. Depois de matar Robbie, ele se tornou o símbolo do caos dentro da própria organização. A expectativa é que seu fim seja violento, talvez pelas mãos de Tom, talvez como resultado da própria selvageria que sempre o guiou.

Perry, por outro lado, pode tentar sobreviver de forma mais estratégica. Sua tendência é a de quem faz acordos, que se vende e se adapta, o que abre espaço para uma prisão ou uma rendição parcial — uma forma de sobrevivência que não livra da culpa, mas garante continuidade. Ainda assim, seria coerente que ambos pagassem o preço integral de suas escolhas: Jayson com a vida, Perry com a liberdade.

Grasso: o traidor descoberto

Grasso é o ponto cego que Tom ainda precisa iluminar. Já sabemos que ele foi o informante interno, que autorizou a fuga de Perry e Jayson e que, indiretamente, carrega a culpa pela morte de Lizzie. O episódio final precisa revelar o desfecho dessa traição, e dificilmente será leve.

Há duas rotas possíveis: ou ele é exposto publicamente e destruído — profissional e moralmente — ou o peso da culpa o consome de vez, levando a uma confissão desesperada ou a uma tentativa de se redimir tarde demais. Também existe a possibilidade de que tente um acordo, entregando os chefes dos Dark Hearts para escapar de punição total.

Mas em uma série que trata lealdade como moeda de sobrevivência, é difícil imaginar que Grasso termine em paz. O mais provável é que sua queda sirva de espelho para o próprio Tom — ambos homens de deveres corroídos pela moral.

Tom: o custo da verdade

Tom nunca foi um herói no sentido clássico. Ele é o homem que continua agindo mesmo quando a fé já não existe — no sistema, em si mesmo, ou no bem que deveria defender. Com Robbie morto em seus braços, ele carrega uma culpa que não vai desaparecer com a vitória institucional.

O final mais coerente para Tom seria aquele em que ele vence no papel, mas perde no íntimo. Talvez prenda os responsáveis, talvez desmonte a estrutura criminosa, talvez até ajude a expor Grasso. Mas o preço virá na forma de solidão, de cansaço e de mais uma camada de perdas pessoais.

Há também a possibilidade de renúncia — de que ele decida abandonar a força-tarefa, cansado de carregar o peso moral de tantas mortes. Task sempre tratou o heroísmo como uma forma de esgotamento, e Tom, exausto, pode optar por um recomeço fora do campo de batalha.

Maeve: o legado de Robbie

Maeve foi empurrada para o olho do furacão sem escolha, mas sobreviveu. Agora, sem Robbie e livre das acusações que quase a destruíram, ela tem em mãos o legado que ele tentou deixar: segurança e dinheiro o suficiente para proteger as crianças.

É provável que o episódio final a mostre tentando reconstruir, talvez fugindo, talvez recomeçando em outro lugar. Ainda assim, ela será para sempre a guardiã de um nome impossível de esquecer. Maeve pode não ter paz, mas terá propósito — o de criar os filhos de Robbie longe do inferno que os cercava.

Aleah: a integridade posta à prova

Aleah, que começou como coadjuvante disciplinada, ganhou força à medida que as linhas morais da equipe se dissolviam. Se a série seguir o caminho mais realista, ela se tornará a voz da lei quando todos os outros tiverem se corrompido.

Pode ser ferida, pode perder tudo, mas seu papel será o de garantir que a verdade venha à tona — seja expondo Grasso, seja ajudando Tom a encerrar o ciclo. Uma sobrevivente ética num cenário onde a lealdade é um campo minado.

As filhas e Sam: a reconstrução possível

O núcleo familiar de Tom sempre foi o coração silencioso da série. Agora, com Sam prestes a ser oficialmente acolhido, o último episódio deve testar os limites dessa nova família.

As filhas de Tom ainda lutam para aceitar o menino, e a chegada dele reabre feridas antigas, de abandono e ciúme. Mas a ideia de reconstrução sempre foi o contraponto de Task: enquanto o mundo desmorona lá fora, Tom tenta reerguer dentro de casa algo que ainda possa ser chamado de amor.

Se há esperança em Task, ela está aí — nas pequenas reconciliações, nos gestos silenciosos, na tentativa de recomeçar mesmo depois de tudo.

Um final sem heróis

Nada em Task sugere um encerramento feliz. A série parece caminhar para um desfecho em que justiça e tragédia se confundem, em que cada personagem paga um preço equivalente àquilo que escolheu proteger.

Robbie já cumpriu seu destino. O que resta agora é ver quem sobreviverá às consequências.


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