Slow Horses: o final da 5ª temporada confirma o passado sombrio de Jackson Lamb

Um grande e tenso final de temporada marca o encerramento de mais um capítulo magistral de Slow Horses. O MI5 está dividido e vulnerável enquanto tenta antecipar a próxima jogada dos terroristas líbios, com o diretor Richard Whelan mais uma vez atrapalhando do que ajudando. Manipulado e despreparado, ele se torna um dos alvos centrais da operação de desestabilização que ameaça Londres. Diana Taverner, com sua habitual elegância e frieza, perde progressivamente a paciência — e o respeito — pelo chefe que insiste em não ouvir os profissionais certos.

Terror, política e inteligência no fio da navalha

Os terroristas exigem 100 milhões de libras e um plano de fuga, mas, internamente, o grupo se fragmenta. Tara quer escapar com o dinheiro, enquanto os outros conspiram para causar mais mortes e atingir o prefeito durante uma cerimônia pública. A tensão aumenta conforme o MI5 tenta reagir, e Jackson Lamb — mais ativo que o habitual — percebe o padrão por trás da confusão. Ao lado de Standish e com a ajuda de sua equipe disfuncional, ele transforma o caos em estratégia.

Lamb envia River, Shirley e Louisa para proteger o prefeito, numa corrida contra o tempo para evitar o massacre. River, no entanto, continua fugindo das ligações do avô, David Cartwright, até que Lamb o lembra de quem foi o lendário espião que o criou. Arrogante, o jovem ainda reluta em enxergar as lições que carrega — e esse é seu maior ponto fraco.

Um herói relutante e uma armadilha final

Com Standish, Lamb impede que os agentes de Diana executem Tara, e a equipe em Abbotsville elimina dois terroristas durante o ataque, salvando o prefeito e dezenas de civis. Mas a paz é ilusória. Ao visitar o avô, River ouve o alerta definitivo: em operações de desestabilização, o golpe final vem quando todos acreditam que acabou. Ao perceber que quatro terroristas foram citados e apenas três mortos, River se antecipa — há ainda um à solta.

O alvo? Richard Whelan. Anos antes, ele desaconselhou o investimento britânico na Líbia, precipitando o colapso do país e a vingança que agora retorna em forma de sangue. O diretor é atacado durante sua corrida matinal, e River chega a tempo de salvá-lo, em uma sequência de pura tensão. Grato, Whelan promete reintegrar River à “Park”, mas seus planos de vingança contra Slough House não param aí.

Chantagem, redenção e um homem marcado

Ao visitar Lamb pessoalmente, Whelan decreta o fechamento da Slough House — exceto por River. Mas o veterano espião já previa o movimento. Com uma gravação comprometedora em mãos, em que Whelan ameaça Gimball (agora morto, por ação de Coe), Lamb vira o jogo com a ironia de sempre. Slough House sobrevive, Ho retorna, e Whelan se torna o bode expiatório oficial da incompetência institucional.

River, porém, não tem tanta sorte. Diana o mantém longe do MI5 central, mantendo-o preso à unidade que ele tanto despreza — embora, no fundo, seja o único lugar onde ele ainda tem propósito.

A revelação que muda tudo

O momento mais devastador vem no silêncio: ao falar com Diana, Lamb aparece descalço — e suas solas estão queimadas. A história de tortura e perda que ele relatara antes não era de outro agente, mas a dele. Ele foi brutalmente torturado, perdeu a mulher que amava e o filho que jamais nasceu.

Essa revelação transforma tudo: o sarcasmo, a frieza, o alcoolismo. Lamb não é apenas o anti-herói que lidera desajustados, mas um homem que sobreviveu ao inferno e escolheu continuar, mesmo que do jeito mais cínico possível. E com isso, o cartaz da temporada (Lamb, de meias, com os pés em cima da mesa) faz todo sentido.

O peso da verdade

Com direção afiada, roteiro engenhoso e atuações impecáveis — especialmente de Gary Oldman e Kristin Scott Thomas —, Slow Horses entrega uma temporada de altíssimo nível. Inteligente, política e profundamente humana, a série reafirma por que é uma das produções mais sofisticadas da atualidade.

A quinta temporada termina com um equilíbrio raro entre ação e introspecção, lembrando que os maiores espiões não são aqueles que escondem segredos, mas os que aprendem a conviver com eles.

Slow Horses continua sendo um dos dramas mais inteligentes, densos e emocionalmente ricos da televisão moderna. Entre segredos e cigarros, Gary Oldman transforma o caos em arte — e Lamb, em um dos personagens mais complexos já criados para a TV. A próxima temporada, já pronta, estreia em 2026.


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