O Halloween ainda ecoa nas listas de streaming, mas o que se vê no Top 10 global da semana é uma mistura fascinante de estilos e estratégias. Enquanto a Netflix segue apostando em volume e diversidade, HBO Max e Apple TV+ reforçam sua imagem de curadoria e consistência, e Disney+ e Prime Video se apoiam no poder das marcas e da nostalgia. O resultado é um panorama que equilibra o medo e o afeto, a violência e o conforto, com os grandes títulos dividindo espaço entre monstros, heróis improváveis e dramas humanos.

Netflix: o império da quantidade e da curiosidade
Na plataforma mais popular do planeta, A House of Dynamite domina o ranking, provando que thrillers de ação e mistério continuam rendendo maratonas fiéis. O sucesso de Aileen: Queen of the Serial Killers mostra que o fascínio por crimes reais e figuras sombrias permanece intacto, enquanto Ballad of a Small Player mantém o interesse por dramas literários e sofisticados.
Entre as séries, The Asset consolida-se como o novo fenômeno da Netflix: espionagem moderna com ritmo de blockbuster, capaz de rivalizar com produções da Apple e HBO. The Witcher tenta resistir à queda de interesse após a saída de Henry Cavill, mas ainda figura entre os mais vistos. É um retrato fiel da fase atual da Netflix — instável, mas ainda imensamente influente.
HBO Max: o domínio do terror e da tensão psicológica
A HBO Max manteve sua força com Weapons, que continua no topo dos filmes mais assistidos. É um título que mistura suspense e crítica social, bem dentro do DNA da marca.
No embalo do Halloween, o terror reina absoluto: It, It: Chapter Two e The Substance ocupam posições consecutivas, confirmando que o público ainda busca o medo com assinatura estética.
Nas séries, IT: Welcome to Derry é o grande evento — uma expansão do universo criado por Stephen King que funciona tanto como prequel quanto como série de formação. Ao lado dela, Task e The Wonderfully Weird World of Gumball representam o equilíbrio entre o adulto e o infantil, reforçando o catálogo variado que mantém a HBO Max entre as plataformas mais consistentes em termos criativos.


Disney+: o poder da nostalgia e do conforto
O domínio do Halloween também é visível no Disney+, que basicamente transformou seu Top 10 em uma celebração das fantasias e dos clássicos. The Nightmare Before Christmas e Hocus Pocus continuam sendo os títulos mais vistos, acompanhados de uma seleção de filmes familiares como Os Incríveis, Ratatouille, Coco e Esqueceram de Mim.
Entre as séries, o destaque é High Potential, nova aposta da Disney em drama policial com leveza, que vem crescendo de audiência. O sucesso de Chad Powers e Disney Twisted-Wonderland: The Animation indica que a marca está, aos poucos, tentando expandir seus limites — mas sem abrir mão do DNA “safe and cozy” que a define.

Prime Video: juventude e intensidade
A Amazon vive uma fase particularmente voltada para o público jovem e emocionalmente intenso. Our Fault e Culpa Mía continuam entre os filmes mais vistos, comprovando o sucesso da trilogia espanhola baseada nos romances de Mercedes Ron.
No topo das séries, Hazbin Hotel confirma o poder do formato de animação adulta com estética ousada e temas sombrios, enquanto The Summer I Turned Pretty e Maxton Hall mantêm viva a presença dos dramas românticos adolescentes. Harlan Coben’s Lazarus, por sua vez, reforça a aposta em thrillers sofisticados e interligados — uma assinatura já clássica do Prime Video.

Paramount+: ação, crime e cult
O Paramount+ reforça seu perfil de catálogo masculino e direto: Top Gun: Maverick, Jack Reacher e World War Z seguem em alta, acompanhados por títulos de horror como Terrifier e Terrifier 2. O público da plataforma parece buscar o entretenimento de impacto — histórias de guerra, vingança e adrenalina.
Nas séries, os pilares seguem firmes: South Park, Tulsa King e Yellowstone mantêm o Paramount+ entre as plataformas mais previsíveis, porém sólidas, em sua identidade narrativa.
Apple TV+: prestígio e consistência
A Apple TV+ consolida-se como a casa dos dramas de qualidade. Slow Horses e The Morning Show dominam a lista e mostram a força das histórias centradas em personagens complexos e performances de alto nível.
Down Cemetery Road, recém-estreada com Emma Thompson, entra com força no Top 5, enquanto The Last Frontier e Loot completam um catálogo de prestígio.
Nos filmes, The Lost Bus e The Gorge mostram que o selo Apple começa a ganhar força também no cinema original, equilibrando a delicadeza de All of You e o glamour de Gracie Abrams: The Secret of Us Tour.
A Apple confirma que menos é mais — sua seleção é enxuta, mas cada lançamento vem com peso de evento.


O retrato da semana
O Top 10 mundial reflete um público que busca tanto conforto quanto catarse. O medo e o riso, o amor e o suspense, o passado e o presente convivem lado a lado. É uma era de abundância, mas também de curadoria emocional: as pessoas querem se entreter, mas querem sentir. E, nessa mistura entre monstros e espiões, o streaming prova que ainda sabe como manter o controle da narrativa.
Top 10 Miscelana da Semana
- Slow Horses (Apple TV+) – espionagem inteligente, escrita afiada e atuações impecáveis; o retorno mais elegante da temporada. E a revelaçã mais pessoal de Jackson Lamb que poderíamos ter.
- Down Cemetery Road (Apple TV+) – Emma Thompson em plena forma, em uma das melhores estreias do ano
- Chad Powers (Disney+) – fim de temporada bem costurado, uma aula de roteiro com uma história simples, mas que com inteligência diverte e nos emociona.
- Only Murders In the Building (Disney +) – Temporada não foi a mais interessante e a conclusão foi tão previsível quanto apressada, mas, ainda assim, uma das minhas séries favoritas. Rumo a Londres!
- Murdaugh: Murder In The Family (Disney+) – recontar uma história tão explorada não é tarefa fácil, mas a série traz humanidade onde menos se espera.
- A House of Dynamite (Netflix) – entretenimento puro, explosivo e eficiente.
- The Morning Show (Apple TV+) – em temporada tensa e politicamente afiada, segue como um dos pilares do streaming de prestígio.
- Lazarus (Prime Video) – Intensa, com uma virada típica de Harlan Coben, série entrega o que promete.
- The Witcher 4 (Netflix) – Quando o valor de produção em uma série de fantasia não é o suficiente, a piada está em quem não aposta na história. Tenho compromisso de ir até o fim, mesmo sendo mais fraca.
- Billy The Kid (MGM+) – Talvez seja porque Western não é um gênero popular, mas é uma pena pois é uma das melhores séries biograficas do momento.
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